IPTV

A tecnologia IPTV (Internet Protocol Televison) consiste num sistema de transmissão de TV digital sobre o protocolo IP (Internet Protocol), através de ligações de banda larga. Esta tecnologia começou a desenvolver-se na segunda metade da década de 90 do século XX e a sua comercialização aconteceu um pouco por todo o mundo, incluindo Portugal, a partir de meados da década de 2000.

Apesar de no passado esta tecnologia ter estado bastante limitada devido à reduzida largura de banda das ligações residenciais de Internet, nos últimos anos tem-se assistido ao progressivo aumento da largura de banda e segundo projecções espera-se que até 2010 mais 400 milhões de acessos residenciais de Internet em todo o mundo, sejam de banda larga, o que possibilitará a este tipo de tecnologia crescer como uma boa alternativa à recepção de TV digital, por exemplo via cabo (DVB-C) ou via terrestre (DVB-T) entre outras. Actualmente os operadores oferecem aos seus clientes residenciais juntamente com o serviço de IPTV outros serviços de tecnologias emergentes como o Vídeo on Demand (VoD), para além dos tradicionais serviços de Internet de banda larga e telefónico.

 

Arquitectura

 

Devido à tecnologia IPTV usar o protocolo standard da Internet (IP) e ao facto da emissão de canais IPTV implicar um envio de informação menor comparando com o caso da televisão analógica ou com os outros tipos de emissão de TV digital e por ultimo devido ao facto das ligações residenciais em par de cobre já se encontrarem pagas pelos serviços de acesso telefónico e de Internet de banda larga (xDSL), a emissão de TV digital por IPTV acarreta custos baixos quer para os operadores quer para os utilizadores. A recepção do sinal é feita através das ligações de Internet de banda larga residenciais com recurso a set-top-boxes que possibilitam streams de vídeo com eficiência superior a ligações por cabo coaxial.

A arquitectura desta tecnologia é descrita em seguida e na figura 7 encontra-se um esquema ilustrativo.

 

 

 

Figura 7- Arquitectura genérica de um sistema IPTV

 

· Origem dos conteúdos / Codificação / Servidores: A origem dos conteúdos é definida como a recepção de sinais de vídeo provenientes de produtores como as cadeias de televisão entre outros. Os conteúdos podem posteriormente ser codificados e armazenados de forma a poderem ser utilizados em serviços como o VoD. Os servidores são a funcionalidade desta cadeia que permite após receber os sinais de vídeo processados em diferentes formatos (processo de codificação), encapsular estes últimos e transmitir a informação para a rede com qualidade de serviço apropriada. Findo este passo o conteúdo passa a estar pronto para que possa ser distribuído pelos clientes.

 

· Rede de distribuição: A rede deverá ser robusta o suficiente, terá que ter capacidade de distribuição e débito alto sem grandes flutuações, de modo a providenciar ao cliente uma boa qualidade de serviço. Para alem disto a rede de distribuição deve ter a capacidade de suportar multicast, pois é desejável que na ligação cliente/servidor o fluxo do stream de dados IPTV seja síncrono e sem atrasos. A rede de distribuição compreende para alem da rede óptica de distribuição também as DSLAMs (digital subscriber line access multiplexers) existentes em estações centrais de distribuição de sinal.

 

· Rede local/Equipamento: O cliente obtém o sinal de IPTV através de ligações de alta velocidade de tecnologia xDSL como o ADSL2+ ou o VDSL, este ultimo tipo de tecnologias pode ser providenciado pelas linhas telefónicas residências, com capacidade para tal, ou pela tecnologia denominada em inglês por fiber-to-the-x (FTTx) sendo que o fiber-to-the-neighborhood (FTTN) é o mais utilizado, ou seja, a ligação de fibra óptica serve uma dada área residencial. Outra solução que envolve custos mais elevados é a fiber-to-the-home (FTTH), sendo que aqui a fibra óptica é levada até à casa de cada cliente. Os equipamentos mais importantes ao dispor do cliente são os routers (encaminadores) que possibilitam a distribuição do sinal por diversos aparelhos como computadores e televisores e ainda as set-top-boxes que processam e descodificam os streams de vídeo alem de permitirem a mudança entre os diversos canais. Por fim o playback de IPTV requer um computador com capacidade para tal ou uma TV ligada à uma set-top-box.

 

Protocolo

 

O sinal de vídeo IPTV é normalmente comprimido utilizando um codec MPEG-2, em alternativa também é utilizado o codec MPEG-4 ainda que de forma não tão comum como o primeiro pois trata-se de uma tecnologia recente. O MPEG-4 foi introduzido em 1998 enquanto que o MPEG-2 foi introduzido em 1988. É esperado, no entanto, que a médio prazo com o amadurecimento da tecnologia H.264 (MPEG-4) que esta substitua o MPEG-2, no que à codificação de fonte de TV digital em geral diz respeito. Após a operação de codificação o stream MPEG é transportado e distribuído via IP multicast, que consiste no envio da mesma informação simultaneamente para diversos computadores/routers, este tipo de envio de informação é utilizado para transmissão em directo de TV. Na situação em que o vídeo é armazenado no servidor e que pode ser posteriormente acedido em qualquer altura pelo utilizador, serviço de Vídeo on Demand (VoD), é utilizado para distribuir o stream MPEG o chamado IP unicast.

Nos sistemas standard baseados em IPTV os protocolos de comunicação utilizados são: para a transmissão de televisão em directo o IGMP (Internet Group Management Protocol) na sua versão 2, que possibilita a conexão a vários canais de TV e a mudança entre eles; e para oVoD o RTSP (Real Time Streaming Protocol).

O serviço IPTV é utilizado na rede telefónica, como referido em 3.1, no entanto existe a possibilidade de este serviço vir a ser também utilizado em ligações de cabo coaxial que actualmente proporcionam acesso à Internet de banda larga.

A IPTV pode ainda proporcionar um serviço denominado Network-based Personal Video Recording (NPVR), que consiste em o utilizador/cliente ver quando quiser e o que quiser sem ter que posteriormente gravar conteúdos. Neste tipo de serviço os servidores armazenam localmente determinado tipo de programas televisivos, para que os clientes não estejam restringidos apenas a emissão em directo destes. Desta forma o cliente não terá de ter custos adicionais e nem grandes preocupações com possíveis manutenções inerentes as set-top-boxes com disco rígido ou com qualquer outro tipo de armazenamento de dados.

 

O caso português

 

Actualmente em Portugal o único ISP a providenciar IPTV é o Clix. O pacote de serviços chamado SmarTV disponibiliza televisão digital no sistema IPTV, rádio e Vídeo on Demand (VoD) para alem de Internet e telefone. Segundo afirma este ISP a cobertura nacional compreende Lisboa e Porto, onde este serviço foi instalado com sucesso, e espera-se que ate ao fim de 2007 os grandes centros populacionais estejam cobertos. O Clix utiliza a tecnologia de comunicação de dados ADSL2+ para providenciar o SmarTV.

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