VÍDEO DE ALTA DEFINIÇÃO |
Carlos Cardoso - Tiago Vasconcelos |
Aplicações HD para o Consumidor |
5.1 Aplicações não televisivas do vídeo HD
O futuro da HD aparenta ser brilhante, mas não só devido às transmissões televisivas. Existem muitas outras opções e entretenimento para o consumidor que expandem o mercado da HD e a tornam comercialmente mais atractiva. Algumas destas aplicações incluem: Produção de filmes; Cinema digital – produção, distribuição e exibição; Blu-ray e outros suportes de gravação HD para a gravação e distribuição de conteúdos; Distribuição pela Internet; Consolas de videojogo com altas resoluções vídeo; Criação de filmes caseiros; Aplicações médicas; Aplicações militares e de vigilância. Algumas das aplicações acima terão eventualmente influência nas transmissões televisivas em HD. [2]
A indústria cinematográfica tem sido há muitos anos suportada no formato de 35mm, cujos parâmetros têm evoluído consistentemente, apresentado por isso um desafio ao vídeo de alta definição. Analisando as câmaras e as películas 35mm actuais, considera-se que são equivalentes a um formato digital 4096 x 2160 ou semelhante. Correntemente não há câmaras HD com este tipo de resoluções disponíveis no mercado, mas com a pressão da indústria cinematográfica e os desenvolvimentos na tecnologia de aquisição digital de imagem, é apenas uma questão de tempo. Alguns argumentam que aquela resolução é difícil de obter com a película 35mm em situações práticas, por isso a gravação digital em 1920 x 1080 x 24p é frequentemente analisada em custo-benefício. Nos últimos anos, vários sucessos de bilheteira foram filmados inteiramente em HD.
A distribuição de projectores digitais de cinema continua a aumentar e a implementação do cinema digital começa a estabelecer-se cada vez mais na Europa. Projectores com resoluções de 1920 x 1080 já são comuns e até já há protótipos de projectores com resoluções bem mais elevadas. A Europa está cada vez mais – e Portugal é um bom exemplo disso – a familiarizar-se com os termos e equipamentos HD ainda antes de surgirem muitas transmissões televisivas e média que aproveitem a tecnologia. Gravadores Blu-ray são já comuns (se bem que ainda dispendiosos), mas bem mais comuns que os conteúdos a gravar.
Já existem câmaras de filmar para o público em geral que gravam em 720p e 1080p com preços não muito exagerados em relação às irmãs que só gravam em SD. Softwares de autoria e gravação já foram actualizados para trabalharem com vídeo HD. Com a introdução de ecrãs de ainda maior resolução será possível ultrapassar os formatos actuais e mostrar imagens obtidas por câmaras digitais (por exemplo uma imagem de 5 megapixéis 2560 x 1920). [2]
5.2 Quanto se ganha com o vídeo de alta definição?
Obviamente o vídeo SD fica aquém da qualidade oferecida pelo vídeo HD. Para uma ideia geral, a imagem seguinte compara uma imagem de uma transmissão SD com compressão MPEG-2 com uma de uma transmissão HD com uma compressão algo melhor. São imagens tiradas de uma sequência com movimentos.
Comparar a qualidade de imagem de dois sistemas é complexo porque há diferentes elementos que afectam a qualidade de imagem. Os principais serão provavelmente: - O nível de artefactos na imagem, - A resolução da imagem - A visibilidade das linhas. Destes, apenas a visibilidade das linhas (o menos importante) não depende a imagem. Assim, para calcular a visibilidade de linhas duma imagem entrelaçada é preciso multiplicar o número de linhas activas por aproximadamente 0.6. Comparar o nível de artefactos entre uma imagem 625i e uma 720p, por exemplo, será mais difícil. O ruído numa imagem entrelaçada é mais “estruturado” e, por isso, o mesmo nível de ruído será mais irritante numa imagem entrelaçada do que numa imagem progressiva. Comparar o potencial da resolução da imagem é outra vez complicado devido à dificuldade em contar as linhas individuais na imagem de formato entrelaçado. Como aproximação, pode-se usar um factor de entrelaçamento, que se considera de 0.7 para um sistema de 50 Hz. Por isso para um sistema 625i, a resolução é 0.7 x 576 = 403 linhas. Consequentemente, a proporção na resolução estática, da 720p para a 625i, é 720/403. Ainda assim é bastante difícil quantificar a melhoria da HD em relação à SD, pelo que se procedem a estudos de opinião para obter feedback. [3]
A figura seguinte mostra como a SD e HD foram comparadas por uma larga amostra de população na Suécia.
Neste caso, muito bons DVDs em SD foram comparados em ecrãs de alta resolução, lado a lado com vídeo HD em suporte digital. Os resultados mostraram que os resultados da SD foram, na maioria, “aceitáveis”, enquanto a qualidade da HD foi julgada como “excelente”. Se as duas são vistas lado a lado, a HD está por volta de duas ordens de grandeza acima da SD em qualidade. Isto sugere que a definição relativa de qualidade depende do contexto. Quando um espectador tem oportunidade de comparar as duas definições directamente, a sua noção de qualidade da SD baixa drasticamente. Por isso, à medida que se forem vulgarizando os Blu-rays e forem distribuídos mais filmes e média em HD, mais pressão existirá sobre as estações de televisão para emitirem também em HD. [3]
5.3 A evolução na escolha do tamanho de ecrã dos televisores
Os fabricantes de televisores e as estações de televisão têm feito vários estudos sobre o tamanho de televisores que as pessoas pensam comprar. Como exemplo representativo, a imagem seguinte reflecte um estudo realizado em Estocolmo.
Os resultados foram semelhantes aos realizados em outros países e confirmam que a maioria dos europeus ainda escolherá um tamanho de ecrã entre as 30 e as 40 polegadas para um novo televisor. Portanto, este é o conjunto de tamanhos que tem de ser mais explorado e, em última análise, “saturado” em detalhe. [3]
5.4 Blu-Ray
O Blu-ray é um meio óptico de armazenamento criado pela Sony para suceder ao DVD. As suas principais utilizações são como suporte de vídeo de alta definição e armazenamento de dados (50Gb por disco). O disco tem o mesmo formato e dimensões que o CD e o DVD. [1]
O nome Blu-Ray deriva do laser azul que é usado para ler o disco.
Durante a “Guerra dos formatos” de disco para vídeo HD, a Sony lutou contra a Toshiba e o seu HD-DVD. Esta última cedeu em 2008 e o HD-DVD foi abandonado.
Todos os leitores Blu-ray são obrigados a suportar vídeo em MPEG-2, H.264/MPEG-4 AVC, e SMPTE VC-1. MPEG-2 é usado nos anteriores DVDs, o que proporciona retrocompatibilidade. MPEG-4 AVC foi desenvolvido pelo Moving Picture Experts Group e pelo Video Coding Experts Group. VC-1 é um codec fundamentalmente desenvolvido pela Microsoft. Os filmes em Blu-ray são obrigados a usar um destes codecs, podendo usar mais do que um.
Discos criados em vídeo MPEG-2 normalmente limitam os produtores a duas horas de vídeo HD num disco de camada única (25 GB). Os codecs mais avançados (VC-1 e MPEG-4 AVC) tipicamente atingem o dobro do tempo de capacidade de vídeo MPEG-2, com qualidade comparável.
5.5 HDMI
HDMI (High-Definition Multimedia Interface) é um interface compacto de áudio e vídeo para a transmissão (por fio) de dados digitais não comprimidos. Representa uma alternativa digital a todas as anteriores interligações analógicas entre dispositivos audiovisuais. Pode-se conectar estes dispositivos e set-top boxes, leitores e gravadores de Blu-ray, computadores, consolas de videojogo, etc. Devido à sua enorme interoperabilidade, distribuição, bem como uma grande capacidade de largura de banda, é um meio de interligação por excelência de dispositivos que trabalhem com sinais de vídeo HD. A sua retrocompatibilidade com o DVI (Digital Video Interface) permite a ligação de dispositivos audiovisuais HD a computadores, expandindo ainda mais o campo de possibilidades do vídeo HD. [1] |