O contacto visual, consistindo no olhar mútuo (olhos nos olhos), é uma das formas de comunicação não-verbal à qual o ser humano é mais sensível, através da qual são transmitidos e recebidos uma multiplicidade de sinais, de forma por vezes inconsciente, como por exemplo o grau de compreensão ou nível de atenção.
Havendo bastante variação na sua interpretação entre diferentes culturas.
Foram documentados diversos efeitos quantificáveis associados ao estabelecimento de contacto visual, tais como, alterações da pressão arterial, alteração do número de batimentos cardíacos e aumento da actividade de certas regiões do cérebro.
Pelo que numa videoconferência o grau com que a ilusão de contacto visual é obtida tem um grande impacto no nível de telepresença experienciado pelos utilizadores. Sendo desejável que a imagem do interlocutor remoto se assemelhe à fig.2, quando este olha directamente para um utilizador, e não à fig.3.
Figura 2- Contacto visual [1].
Figura 3- Ausência de contacto visual [1].
Criar a ilusão de contacto visual em videoconferência é um problema não trivial.
Começando pelo caso mais simples onde só existem dois utilizadores em conferência (videotelefonia). Note-se que para haver contacto olhos-nos-olhos é necessário captar vídeo através de uma câmera que se encontre ao nível dos olhos, para ambos os participantes, ou seja é necessário colocar uma câmera no meio do ecrã.
Uma solução, consiste em projectar a imagem do interlocutor remoto numa tela semi-transparente, por de trás da qual se encontra uma câmera, uma variante desta solução encontra-se ilustrada na fig. 4.
Uma segunda solução consiste na colocação de várias câmeras, dispostas de forma a capturar imagens de diferentes pontos vista para depois proceder à estimação de uma imagem intermédia [2], como se pode ver na fig. 5.
Figura 4- Sistema “DVE Eye Contact Silhouette”.
Figura 5- (a) e (b) Imagens recolhidas com câmeras de ambos os lados do ecrã. (c) Imagem sintetizada [2].
Com alguma perda da ilusão de contacto visual, mas com redução significativa de complexidade, opta-se muita vez por colocar uma câmera por cima do ecrã, ou de um dos lados do ecrã, tão próxima quanto possível do nível a que os olhos do interlocutor remoto deverão aparecer. Obtendo-se deste modo um efeito aproximado. Com alguma prática por parte dos utilizadores estes apercebem-se da direcção real do olhar do interlocutor remoto, sabendo quando é que o interlocutor está a olhar directamente para eles, não criando no utilizador qualquer sensação de desconforto, a experiência será menos real do que a que seria obtida caso a sensação de contacto visual fosse completa.
Quando se trata de videoconferência, ou seja, quanto estão envolvidos mais de dois utilizadores, cada participante consegue fazer contacto visual apenas com alguns dos restantes intervenientes, sendo que o restante é apenas aproximado.