Holografia é uma técnica de projecção fotográfica que regista padrões de interferência de luz e que permite representar um objecto através de uma imagem a 3 dimensões. A palavra “holografia” tem origem no grego e deriva da junção de outras duas palavras: holos (inteiro,todo) + graphos (sinal, escrita). [1][2]
Holograma utilizado nos famosos
filmes "Star Wars"
Holograma
Ao contrário da fotografia, que apenas representa o brilho e contraste de uma imagem, a holografia além destas duas componentes também representa dimensão espacial e, por isso, pode-se dizer que a holografia projecta uma imagem tridimensional. Dá-se o nome de hologramas a estas imagens tridimensionais que representam um determinado objecto. Holograma é uma estrutura a 3 dimensões que varia em intensidade, densidade e perfil; comporta-se como se fosse um objecto real diferenciando-se apenas no facto de não ser palpável. Qualquer parte de um holograma contém informação relativa a toda a imagem que está a representar, no entanto esta projecção é diferente consoante o ponto de vista de quem observa. Este método de apresentação de padrões da luz envolve processos físicos como: uso de laser, interferência, difracção e gravação da intensidade da luz; os quais iremos explicar nas secção adiante. [1][2]
Nos dias de hoje a holografia tem aplicações em diversas áreas, nomeadamente: arte, segurança, armazenamento de dados, etc; iremos explorar com pormenor este armazenamento holográfico de dados.
"Holograma utilizado num
espectáculo de luzes"
"(...)O que me perturba é que o todo
possa caber na parte,
que
o tridimensional caiba no
dimensional, e não o esgote.(...)"
António Gedeão,
in 'Poemas Póstumos'
O armazenamento holográfico consiste na aplicação das técnicas de holografia para permitir que dados informáticos (ou seja, bits) sejam registados e guardados num determinado dispositivo construído especificamente para esse efeito. É um sistema tridimensional que, ao contrário dos comuns dispositivos ópticos que só usam a superfície do dispositivo, utiliza todo o volume do disco ou memória em causa. Estes dados são guardados em forma de hologramas (imagens tridimensionais) e são capazes de gravar várias imagens na mesma área, utilizando ângulos diferentes.[7][8]
Primeiro holograma alguma vez
realizado
Onde e Quando apareceu a Holografia?
O aparecimento do termo holografia data de 1947, quando o investigador do Imperial College of London, o britânico de origem húngara Dennis Gabor, escreveu a teoria da holografia, sendo que esta teoria surgiu enquanto Gabor desenvolvia o aumento de resolução de um microscópio de electrões. Mais tarde, em 1971, Dennis Gabor recebeu o prémio nobel da física precisamente pela formulação da teoria da holografia. No entanto, na altura em questão, a tecnologia de transmissão de luz necessária – uma fonte de luz coerente e monocromática – ainda não estava desenvolvida e por isso mesmo esta teoria só foi posta em prática em 1962. Emmett Leith e Juris Upatnieks da Universidade de Michigan foram os responsáveis pelo aparecimento do primeiro holograma, reconhecendo que a holografia podia ser usada como meio de visualização 3D.[2][9][10]
Dennis gabor explicando a sua
teoria
Utilizando a tecnologia de laser, já desenvolvida entretanto, e a técnica off-axis, que os mesmos desenvolveram, estes dois cientistas puseram em prática a teoria desenvolvida por Gabor.
O resultado da aplicação da teoria da holografia foi a primeira transmissão laser de um holograma de um objecto 3D (imagem consistia num comboio de brincar e um pássaro como se demonstra na figura à esquerda).
No entanto este holograma necessitava da utilização de luz laser para ser visualizado, e não era visível à luz de uma comum lâmpada. Esta última barreira foi ultrapassada ainda no ano de 1962 quando Yuri Denisyuk, da União Soviética, combinou a holografia com o trabalho de fotografia de cor natural desenvolvido por Laureat Lippmann. Yuri Denisyuk conseguiu produzir pela primeira vez um holograma de reflexão de luz branca que permitiu que se visualizasse um holograma com recurso apenas à luz normal de uma lâmpada.[2][9][10]
Outro importante avanço que permitiu a produção em massa de hologramas ocorreu em 1968 através do trabalho de Stephen Benton. Trabalho esse que consistiu na invenção da transmissão holográfica de luz branca, esta invenção deu brilho e profundidade às imagens o que chamou a atenção de vários artistas que passaram a usar esta técnica no seu trabalho de arte.[2][9][10]
Desde então a tecnologia de holografia e de lasers evoluiu bastante, algumas destas técnicas foram aperfeiçoadas mas continuam a ser bastante utilizadas.
Onde apareceu o armazenamento holográfico?
Pieter J. Van Heerden, da Polaroid, em 1963, foi o primeiro investigador a propor a tecnologia tridimensional para armazenamento de dados. Apesar da sua ideia, Van Heerden não a conseguiu pôr em prática.[11][12]
As primeiras tentativas de armazenar hologramas foram feitas no início dos anos 70 quando Juan Amadei, William Phillips e David Staebler dos Laboratórios RCA, registaram 500 hologramas de ondas planas num cristal de niobato de lítio dopado com ferro. Também dos laboratórios RCA, Robert Bartolini com a ajuda dos seus colegas conseguiu guardar e registar 550 hologramas de imagens de alta resolução num material polímero sensível à luz.
"
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra
o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão."
Carlos Drummon de Andrade,
in 'Memória'
Uns anos mais tarde, um grupo de trabalho liderado por Jean Pierre Huignard realizou uma memória com 256 espaços capazes de armazenar 10 hologramas cada um.[11][12][13]
Apesar de todos estes desenvolvimentos, nenhuma destas técnicas conseguiu ser efectivamente usada no fabrico de memórias holográficas e os dispositivos de armazenamento óptico acabaram por tomar conta do mercado, fazendo esquecer por largos anos o armazenamento holográfico.
Cerca de vinte anos mais tarde, em 1991, um conjunto de empresas e universidades americanas, lideradas pela JBM e pela Universidade de Stanford, juntaram-se par desenvolver um sistema de armazenamento holográfico de alta capacidade. Com toda a pesquisa e investigação feita foi possível demonstrar que o armazenamento holográfico era capaz de suportar quantidades de dados bastante mais elevadas que os sistemas de memória da altura, no entanto não foi possível a obtenção de um produto viável para lançar no mercado.[11][12][13]
Representação do armazenamento
holográfico
Com os diversos avanços tecnológicos que fora feitos entretanto, em meados de 2000 surge através dos Laboratórios Bell a InPhase Technologies. Uma empresa com o objectivo de comercializar equipamentos de armazenamento holográfico e dados. Em Maio de 2008, a empresa lançou para vários clientes uma capacidade de armazenamento de 300 Gb e uma taxa de transferência no modo de leitura/escrita na ordem dos 20 Mb/s. No entanto, algumas precipitações e uma má resposta do mercado fizeram com que esta empresa não conseguisse obter o retorno esperado e acabou por abrir bancarrota em Outubro de 2011. [8][11][12][13]
Apesar de todos estes contra-tempos, o armazenamento holográfico continua a ser visto como uma tecnologia de grande potencial e algumas empresas continua a trabalhar para encontrar uma solução viável para lançar no mercado.
Técnicas inerentes à Holografia
O processo físico da holografia permite que um campo de luz seja registado e mais tarde, quando o campo original não estiver presente, seja reconstruído para diversos fins. Este processo inicia-se com a emissão de um feixe laser. Um emissor de feixe laser é um dispositivo que emite um sinal de luz com 3 principais características:
• É monocromático, ou seja, propaga-se usando só um comprimento de onda;
• É coerente, luz coerente é aquela que é formada por ondas com a mesma fase;
• É colimado, isto significa que as suas ondas propagam-se paralelamente umas às outras.[14]
Este feixe laser é transmitido em direcção a um espelho parcialmente reflector que divide esse mesmo feixe laser em dois outros, que vamos chamar de feixe de referência e feixe do objecto. O feixe de referência é reencaminhado através de um caminho de espelhos de forma a incidir directamente no meio de gravação (filme fotográfico).Este filme fotográfico é uma estrutura fotossensível muito fina que regista as ondas de luz que nele incidem.O feixe do objecto é direccionado de forma a incidir no objecto, esta incidência faz com que este difracte e disperse as ondas de luz em várias direcções, nomeadamente na direcção do filme fotográfico. Difracção é o fenómeno que ocorre quando uma onda electromagnética intersecta um obstáculo (objecto é o caso que interessa na holografia), de acordo com a teoria da difracção, quando uma onda de luz intersecta um objecto cada ponto do objecto funciona como uma fonte emissora de luz. Assim, pode-se considerar que o meio de gravação é iluminado por um conjunto de fontes pontuais que se encontram a várias distâncias.[2][6][14][15]
Processo de reprodução de um holograma
A incidência de ambos os feixes no filme fotográfico faz com que cada fonte pontual do feixe do objecto interfira com o feixe de referência. Interferência de duas ondas é a soma das contribuições de cada uma das ondas no(s) ponto(s) em causa. Este fenómeno é o que permite obter a fase das ondas de luz, propriedade que permite que cada ponto de vista do holograma tenha uma visão diferente sobre a imagem (ao contrário do que acontece na fotografia). Desta interferência resulta a criação de um padrão de interferência de luz que é impresso no filme fotográfico. Este padrão pode ser visto como uma versão codificada do objecto original, versão essa que precisa de um descodificador – a fonte de luz original – para o seu conteúdo ser perceptível. Ou seja, para o holograma ser visível à luz branca tem de se recriar todo o processo utilizando o filme fotográfico no lugar do objecto.[2][6][14][15]
Se o holograma for feito num local com demasiada luz exterior esta luz irá interferir com os feixes laser, assim sendo os hologramas costumam ser construídos em ambientes totalmente escuros ou com muito pouca luz exterior.
Processos envolvidos no armazenamento holográfico
"Era a memória ardente a
inclinar-se
à giesta do tempo por frescura
mas o que em seu espelho se figura
vê que está só e a mesma dor foi
dar-se
noite e dia e silente de amargura
uma saudade em febre o viu
queimar-se
até vir por um "sim" a consolar-se
e do perdão mudo hino lhe assegura
levando imagens e sinais de vez
O olhar liberto penetrou no assento
do alto luto onde da palidez
dos invernos se erguia outro rebento
de cálices que embalam as sementes
dando ao nome louvado
descendentes."
Walter Benjamin, in "Sonetos"
As técnicas inerentes ao armazenamento holográfico são baseadas nos princípios físicos que regem todo o raciocínio criado por Dennis Gabor, de forma a poder tornar possível a holografia.
No entanto, do armazenamento holográfico pode-se destacar dois processos que têm alguns pormenores específicos desta aplicação da lógica holográfica: escrita e leitura de dados. Como qualquer tipo de armazenamento óptico, este tipo de armazenamento envolve o registo de bits (escrita) e o acesso (leitura) a estes. Ir-se-á explicar todo o processo que é a base do armazenamento holográfico e que, por isso, lhe confere características próprias.
Escrita de dados:
Quando se começou a falar na possibilidade de armazenar dados utilizando hologramas, o grande desafio era fazer o transporte de bits (1’s e 0’s) em feixes de luz laser. Uma solução prática e inteligente foi encontrada. [1][7][8][12]
A solução passa por transformar os conjuntos de bits em imagens constituídas por quadrados claros, representados os 0’s, e escuros, representando os 1’s.
O início deste processo acontece ainda antes de chegarmos aos dispositivos holográficos, quando a informação digital que se pretende gravar é codificada em código binário. Após esta codificação entramos dentro da lógica da holografia. Como foi explicado anteriormente, é transmitido um laser que é dividido em dois: feixe de referência e feixe de objecto, este último ir-se-á denominá-lo de feixe de informação pois no caso do armazenamento tem-se páginas de informação em vez de um objecto físico.[13][16]
Para se passar a informação binária para o feixe de informação utiliza-se um SLM (spatial light modulator). Um SLM é um dispositivo composto por um ecrã de cristal líquido que controla avariação espacial de um feixe de luz e, no caso do armazenamento holográfico, transforma as páginas de dados binários em páginas compostas por áreas quadrangulares opacas e translúcidas.[12]
Assim, quando o feixe de referência passa pelo SLM porções de luz são bloqueadas pelas áreas opacas da página e porções de luz são transmitidas através das áreas translúcidas. Após esta passagem passa-se a ter um feixe de luz com informação relativa aos dados que querem ser registados, feixeque é denominado de feixe de informação.
Alterando a posição, o comprimento de onda ou o ângulo de incidência do feixe de referência é possível armazenar vários hologramas no mesmo volume do material de armazenamento.[12][13]
"Tudo que sou, no imaginado
silêncio hostil que me rodeia,
é o epitáfio de um pecado
que foi gravado sobre a areia."
David Mourão-Ferreira,
in "Tempestade de Verão"
O número de hologramas que podem ser impressos num determinado cristal depende das características desses mesmos hologramas. Quantos mais hologramas forem divididos pelo mesmo volume, mais fracos serão esses hologramas. Mais especificamente, a percentagem de luz difractada por cada holograma é inversamente proporcional ao quadrado do número de hologramas sobrepostos. É este efeito que determina o número máximo que podem ser armazenados pois a queda da eficiência de difracção faz com que a reconstrução dos hologramas não seja fiável em relação ao holograma original. Ou seja, quando menor for a eficiência de difracção mais alta será a probabilidade de um bit ser mal codificado (elevado BER). [12][13]
Processo de escrita de dados
Leitura de dados:
A lógica utilizada para ler dados de um holograma é muito semelhante à lógica utilizada para tornar um holograma visível à luz branca, neste último caso o que se faz é trocar o objecto pelo padrão de interferência anteriormente criado. Para reconstruir a página holográfica faz-se incidir o feixe de referência no cristal fotossensível usando exactamente o mesmo ângulo utilizado para gravar esses mesmos dados. Após a passagem do feixe referência no padrão de interferência do cristal, este é difractado de tal forma que recria a informação da página de dados original. A página reconstruída é projectada em direcção a detectores electroópticos que lêem o padrão de interferência e, assim, lêem os dados todos de uma vez, ao contrário do que acontece no outro tipo de armazenamentos ópticos. Estes mesmos dados podem ser manipulados, armazenados ou acedidos por um computador.[12][16]
Cada página de dados é armazenada numa zona diferente do cristal consoante o ângulo com que o feixe de referência atinge o cristal durante o processo de gravação, assim uma diferença de um milésimo de grau no ângulo de leitura faz com que a informação lida não seja a que informação pedida pelo utilizador. É facilmente perceptível que esta é uma das desvantagens do armazenamento holográfico, pois é preciso um grande nível de precisão na leitura dos dados holográficos.[13]
Processo de leitura de dados
A memória holográfica, conforme mencionado anteriormente, é conhecida há algum tempo, aproximadamente há 40 anos, mas diversas características deste tipo de armazenamento fizeram com que a sua implementação em produtos comerciais fosse, até agora, inviável. A memória holográfica requer um conjunto óptico complexo para criar hologramas, contrastando com o armazenamento óptico comum.[15][16][20]
O HolographicVersatileDisc (HVD) é o disco óptico que utiliza técnicas de armazenamento holográfico, visto como o sucessor do Blu-Ray, que foi desenvolvido por um grupo de empresas liderado pela Optware. [18][20]
Até esta secção só se falou no método mais conhecido de memória holográfica, o método two-axis, onde os feixes viajam em dois diferentes eixos. A Optware desenvolveu um modo de fazer com que dois raios viajassem no mesmo eixo e incidissem com o mesmo ângulo no material fotossensível do disco. Isso é feito utilizando o método colinear. Este método alinha coaxialmente os dois feixes, fazendo-os viajar ao longo do mesmo eixo. Ainda segundo esta empresa, este método reduz significativamente a complexidade do sistema óptico, diminuindo-a de modo a que este tipo de discos seja comercialmente mais adequado para o uso de consumidores comuns.[15][16][20]
"Há na memória um rio
onde navegam
Os barcos da infância, em arcadas
De ramos inquietos que despregam
Sobre as águas as folhas recurvadas.
Há um bater de remos compassado
No silêncio da lisa madrugada,
Ondas brancas se
afastam para o lado
Com o rumor da seda amarrotada.
Há um nascer do sol no sítio exacto,
À hora que mais conta duma vida,
Um acordar dos olhos e do tacto,
Um ansiar de sede inextinguida.
Há um retrato de água
e de quebranto
Que do fundo rompeu
desta memória,
E tudo quanto é rio abre no canto
Que conta do retrato
a velha história."
José Saramago
in "Retrato do poeta quando jovem".
No HVD, além do laser azul ou verde (feixe de referência) de comprimento de onda perto dos 532nm, o HVD utiliza um laser vermelho (feixe de informação), de comprimento de onda de 650nm, que não altera o material fotossensível, neste caso o polímero utilizado para armazenar os dados no disco. O raio emitido por este laser é chamado de “servo beam”, ou feixe de referência como foi visto nas secções anteriores, e permite a inclusão de informações abaixo da camada destinada aos hologramas. Essas informações são armazenadas de modo semelhante, em termos de escrita de dados, nos CD’s, DVD’s ou Blu-Ray’s. As informações referidas denominam-se de “servo data” ou informações de endereçamento. No que toca à leitura de dados, nas bandas existentes na estrutura do disco são armazenadas informações referentes à localização do holograma, indicando qual o ângulo de incidência que deve ser utilizado para recuperar as informações armazenadas.[16][20]
A estrutura de um HVD, para além do que já foi referido, é composta por:
• Uma camada de protecção (camada mais próxima do laser);
• Uma camada do polímero fotossensível (camada para armazenamento de dados em hologramas);
• Uma camada que contém um espelho dicróico, espelho este que faz com que o feixe de informação (para dados holográficos) seja reflectido e que permite que o feixe de referência possa atravessá-lo. Este espelho praticamente elimina o ruído de difracção no meio de gravação;
• Por fim, existe uma segunda camada com um índice de ficheiros que contêm informações trabalhadas pelo feixe de referência e por uma camada reflectora que pode ser feita de alumínio, reflectindo de volta este raio.
Em termos de peso, o disco pode pesar até 80g, quase o triplo do peso do CD-ROM comum. As informações de endereçamento escritas e lidas pelo feixe de referência são armazenadas em bandas com espaçamento de 1,6µm, o mesmo espaçamento utilizado no CD-ROM.
A título de curiosidade, num HVD normatizado pela ECMA-378 deve haver cerca de 20172 bandas, sendo que cada banda contém 302400 bits de canal.[18][20]
Estrutura de um disco HVD
Nesta secção abordaremos as diferenças existentes entre o HVD e outras técnicas de armazenamento, entre elas, o CD, o DVD e o Blu-Ray.
O primeiro critério para comparar os formatos é a capacidade de armazenamento que estas tecnologias podem armazenar com apenas uma única camada (Single Layer):
Capacidades de diferentes discos ópticos
Em seguida, estão os resultados obtidos para taxa de transferência de dados para os diferentes formatos:
"Nossa memória sempre foi a memória
dos monstros nosso enigmático testamento
de altas labaredas sempre foi
o caminho
devastado pelo sangue pela circuncisa memória
dos mortos pelo perfil
dos astros — nossa colorida volúpia
sempre foi dos monstros
a mais crua linguagem húmida fuga
desolada
através do tempo através do medo
de não sermos belos de não sabermos
esculpir na cinza o sopro
de tanta luz tão prostituída"
Casimiro de Brito, in "Negação da Morte"
Taxa de transferência de vários discos ópticos
O terceiro critério é o atraso rotacional, em milissegundos:
Atraso rotacional de diferentes discos ópticos
E, por último, o tempo de acesso:
Tempo de acesso de diferentes discos ópticos
Tendo em conta os resultados obtidos, o HVD chegou ao mercado com uma capacidade de 100 GB, quatro vezes mais que o Blu-Ray, podendo nos dias de hoje chegar aos 300GB tendo em conta a nossa pesquisa. Modelos teóricos sugerem que o HVD pode mesmo chegar aos 3.9TB de dados, capacidade esta que esta para além dos limites de Blu-Ray nos próximos anos. Tendo em conta estes prognósticos podemos afirmar que o HVD tornou-se um “pesadelo” para o Blu-Ray. Apesar desta grande vantagem do HVD, o custo associado pode ter um papel decisivo na escolha entre os dois, visto que o preço associado ao HVD é um pouco incomportável para utilizadores, sendo as empresas o grande público-alvo desta tecnologia. Podemos então admitir que enquanto o preço se mantiver assim a capacidade de 50GB (Double Layer) do Blu-Ray seja uma vantagem temporária.[20]
Considerando as taxas de transferências de dados do Blu-Ray e do HVD é possível identificar uma melhoria notável. O HVD pode transferir quase 6 vezes mais dados que o Blu-Ray num segundo. Este é factor extremamente vantajoso do HVD uma vez que mesmo que o Blu-Ray apareça no mercado com maiores capacidades, as taxas de transferência devem manter-se e este aspecto será levado em conta.[20]
O atraso rotacional do HVD surgiu como desvantagem em relação ao Blu-Ray. Pelo facto do HVD operar a uma velocidade bem inferior á do Blu-Ray, o atraso rotacional foi cerca de 5 vezes maior que aquele apresentado pelo Blu-Ray. Os benefícios reais são pequenos no entanto, já que estamos a falar de ms de diferença e já que o atraso será tratado isoladamente. É interessante de notar, no entanto, que o HVD trata-se da primeira tecnologia de armazenamento holográfico. O Blu-Ray é resultado de décadas de desenvolvimento de tecnologias de armazenamento óptico, que iniciou-se no CD-ROM que apresenta o atraso rotacional similar ao HVD.[20]
O tempo de acesso é outra vantagem do HVD relativamente às outras tecnologias. O tempo de acesso é extremamente inferior ao Blu-Ray e isso deve-se ás diferenças de tecnologia e na estrutura do disco.[20]
Actualmente esta tecnologia ainda se encontra em desenvolvimento de modo a baixar custos, que ainda são demasiado elevados para o público geral, para se tornar competitiva face ao actual líder de mercado, o Blu-Ray.
A empresa InPhase Technologies, sediada nos Estados Unidos, anunciou por diversas ocasiões, entre os anos de 2005 e 2007, o lançamento do primeiro disco HVD comercial. Em 2012 esta empresa acabou por falir, sem nunca ter conseguido lançar no mercado o disco anunciado.[13]
A empresa japonesa Optware, também ligada ao desenvolvimento do HVD, tentou seguir um caminho diferente, desenvolvendo um HVC (Holographic Versatile Card), que apresenta a grande vantagem face ao HVD de não ter partes móveis. A outra grande vantagem desta tecnologia seria o seu baixo custo. O lançamento desta tecnologia foi anunciado para 2007, mas até hoje ainda não se encontra disponível no mercado.[21]
As duas empresas que ainda se encontram activamente envolvidas em desenvolver a sua solução de memória holográfica são a General Electrics a Akonia Holographics, ambas sediadas nos Estados Unidos. Ambas as empresas têm protótipos de HVD’s mas nenhuma ainda lançou uma solução para o mercado.[22][23][24]
Logótipo da General Eletrics
Logótipo da Akonia Holographics
De momento ainda parece longínqua a perspectiva de lançamento de uma tecnologia de armazenamento holográfico para o mercado. No entanto, esta tecnologia pode revolucionar várias áreas do mercado, como a área dos vídeo jogos e do armazenamento de filmes. A elevada capacidade dos HVD’s em relação aos discos Blu-Ray pode permitir o armazenamento de filmes e vídeo jogos com qualidade ainda mais elevada.