O vídeo e a televisão têm vindo, ao longo dos anos, a reinventar-se a si próprios, estando em constante evolução para tornar a experiência dos utilizadores cada vez melhor.
A última grande novidade neste sector são o vídeo e a televisão de ultra alta definição, mais comummente conhecida como UHD (ultra high definition).
Os primeiros passos dados nesta tecnologia começaram em 2001, com a IBM a lançar o primeiro monitor UHD.
Porém os grandes passos no seu desenvolvimento foram dados pelos Science & Technology Research Laboratories da NHK,
a rede pública de rádio e televisão do Japão, que já tinha dado grandes contribuições para a história da televisão e da transmissão,
como no caso do HD (high definition) ou na transmissão directa por satélite (BS). O UHD é também conhecido como Super Hi-Vision (SHV)
pois foi essa a denominação dada pela NHK.
O primeiro protótipo da UHD-TV foi feito em 2003 e, três anos depois, conseguiram uma retransmissão ao vivo de um programa em UHD, numa distância
superior a 260 quilómetros. A primeira norma internacional sobre UHD-TV foi a ST 2036, lançada pela
SMPTE – Society of Motion Picture and Television Engineers, em 2007.
Outro grande marco foi a transmissão de um programa em UHD do Reino Unido para o Japão, a partir da Internet, em 2010.
A partir dessa altura, outras grandes empresas também começaram a explorar esta tecnologia.
Em 2012 surge o standard da ITU – International Telecommunication Union, a recomendação BT.2020.
Conforme os critérios definidos, um vídeo, para se classificar como de ultra alta definição tem de ter uma resolução de 3840x2160, com rácio de 16:9.
A UHD contém duas resoluções principais, o 4K (4096x2160 ou 2160p) e o 8K (7680x4320 ou 4320p), que respeitam o rácio referido.
As frame rates permitidas são de 24, 25, 26, 60 e 120 fps, permitindo uma profundidade 12-bit por cor.
A partir dessa altura até à data actual, a adopção da UHD tem sido grande, com o desenvolvimento de câmaras, ecrãs, televisões, entre outras aplicações.
Estão também a ser dados passos para tornar a transmissão de conteúdos UHD uma realidade.
Para o desenvolvimento de novos codecs foi necessário criar novas normas e recomendações internacionais, para regulamentar e especificar as
características que diferenciam o UHD do HD.
Há normas e recomendações que regulam a TV UHD vindas de dois organismos diferentes, a ITU e a SMPTE.
As da ITU são as ITU-R BT.1201-1, ITU-R BT.1769, ITU-R BT.2020-1 e ITU-R BT.2246, enquanto as da SMPTE são
as ST 2036-1 (2014), ST 2016-2 (2014) e ST 352 (2011). Existem outras como a ISO 11664-2:2007, que especifica dois illuminants
para serem usados na colorimetria.
No caso da ITU-R BT-2020.1, uma recomendação que define várias características, como o espaço de cores, a resolução dos ecrãs e profundidade
de cor. Seguindo o diagrama de espaço de cores da norma CIE 1931, que estabelece relações entre os comprimentos de onda das cores do espectro
visível e a percepção das cores pelo olho humano, a Rec.2020 está no CIE Standard Illuminant D65 (D65), podendo reproduzir
novas cores que não se podiam ver com a recomendação da HDTV, a Rec.709. No que toca à resolução, existem duas possíveis, de 3840x2160
e 7680x4320, numa proporção de 16:9, usando pixéis quadrados. Na representação digital pode ter-se uma profundidade de cor de 10 ou 12 bits
por amostra. A nível de frame rate, ie, ritmos de tramas, estas podem ser apenas com scan progressivo e podem ser de
120p, 119.88p, 100p, 60p, 59.94p, 50p, 30p, 29.97p, 25p, 24p ou 23.976p. No que toca à crominância podem ter-se três formatos diferentes,
4:4:4, 4:2:2 e 4:2:0. Também aconselha a que as principais aplicações sejam televisões de casa, com ecrãs de mais de 1.5 metros na
diagonal, para se aumentar a sensação de realidade e de envolvência, ou para tablets de alta resolução, acrescentando que a experiência
de 8K é superior à de 4K. Acrescenta ainda que o UHD vai permitir maiores escalas ao nível dinâmico e da cor, assim como maior
resolução temporal e espacial e ecrãs de maiores dimensões.
Para se considerar que um ecrã é de ultra alta definição, tem de respeitar algumas características, dadas pela
CEA – Consumer Electronics Association. As principais prendem-se com a resolução que segue o standard UHD, uma profundidade de cor de
pelo menos oito bits e pelo menos uma entrada HDMI que suporte 24p, 30p e 36p tramas por segundo. Devem também ser capazes de upscaling
de vídeo em HD para UHD e seguir a recomendação BT.709 para a colorimetria. A nível da performance, deve ser capaz de descodificar conteúdos
comprimidos pelo codecs HEVC, podendo descodificar conteúdos de outros codecs. Deve ainda receber e reproduzir áudio multicanal, recebendo vídeo UHD
através de recepção-IP por Wi-Fi ou Ethernet, ou outros serviços.
Um codec pode ser quer um aparelho físico, quer um programa que permite fazer a codificação e/ou a descodificação de um ou vários sinais
digitais, seguindo um dado formato de compressão ou standard.
Existem codecs para áudio e para vídeo. No caso dos últimos, o formato habitual de compressão é especificado por normas internacionais,
mas a implementação da especificidade do formato de codificação e descodificação de vídeos fica ao critério dos fabricantes. As principais
aplicações para codecs de vídeo são videoconferências, stream e edição de vídeo, conteúdos online, sistemas de DVD’s, CD’s e
boxes de serviços de televisão, assim com a transmissão por satélite ou digital terrestre.
Para o UHDV existem diferentes recomendações internacionais, como referido na subsecção 2.1, existindo actualmente dois codecs de vídeo que
conseguem codificar e descodificar conteúdos em ultra alta definição, o HEVC/H.265 e o VP9
HEVC
O HEVC – High Efficiency Video Coding, é também conhecido como H.265, foi aprovado como uma norma internacional a 13/04/2013,
tendo sido criado em conjunto pela MPEG – ISO/IEC Moving Picture Experts Group, e pela ITU. É visto como uma evolução do H.264, criado
para responder às necessidades actuais de uma compressão maior para vídeo e imagens, assim como interoperabilidade entre sistemas. Foca-se em
dois problemas principais, o aumento da resolução do vídeo e o uso de arquitecturas que permitem processamento em paralelo.
A versão mais actual deste standard foi aprovada a 29/10/2014.
Este codec pretende aliar diversas metas, como uma maior eficiência de codificação, fácil integração em diferentes sistemas e uso de processamento paralelo.
A imagem a ser codificada é em macroblocos, que no caso do HEVC são Este codec alia duas técnicas de processamento paralelo, o uso de tiles e o WPP (Wavefront Parallel Processing) que utiliza o conceito de slices. No primeiro caso, podem ser descodificadas independentemente, permitindo aceder aleatoriamente à imagem. No caso das slices, uma sequência de CTU, foram criadas para ressincronização após a ocorrência de erros, visto que não pode haver predição entre as margens de cada “fatia”. Estas estão limitadas no número de bits e têm uma compressão melhor do que os tiles. Ao haver cruzamento entre os dois tipos, onde um tile pode conter várias slices, pode aceder-se à informação mais rapidamente, com atrasos mais baixos devido à baixa latência.Coding Tree Units (CTU), cujo tamanho aumentou, podendo agora ser de 64x64 até uma
dimensão menor de 4x4, que ao serem maiores, contribuem para a redução do tempo de codificação, aumentando a eficiência. Estas CTU vão ser divididas em
unidades de codificação (CU), onde cada uma contém uma unidade de predição e uma unidade de transformada, PU e TU respectivamente. Um CU é um elemento que
pode ser dividido em TU, tendo quatro tamanhos possíveis que dependem da matriz da Transformada Discreta de Fourier (DFT), ou em CU, que armazena dados de
predição, podendo ter diferentes tamanhos.
Este codec alia duas técnicas de processamento paralelo, o uso de tiles e o WPP (Wavefront Parallel Processing)
que utiliza o conceito de slices. No primeiro caso, podem ser descodificadas independentemente, permitindo aceder
aleatoriamente à imagem. No caso das slices, uma sequência de CTU, foram criadas para ressincronização após a ocorrência de erros,
visto que não pode haver predição entre as margens de cada “fatia”. Estas estão limitadas no número de bits e têm uma
compressão melhor do que os tiles. Ao haver cruzamento entre os dois tipos, onde um tile pode conter várias slices,
pode aceder-se à informação mais rapidamente, com atrasos mais baixos devido à baixa latência.
Na predição de modo intra, as amostras usam dados de blocos de predição vizinhos que foram descodificados anteriormente, utilizando
vários métodos dependendo do tipo de slice. Existem 35 modos intra, 33 dos quais são direccionais. No que toca à predição de
modo inter, existe compensação de movimento onde o H.265 utiliza um método de weighted prediction, existindo também predição
dos vectores de movimento, onde este codec usa um filtro 8-tap, permitindo dois modos diferentes, o merge e o
advanced motion vector prediction.
No que toca à quantização, esta foi herdada do H.264, usando uma quantização de reconstrução uniforme (URQ). O HEVC utiliza uma aproximação inteira à
transformada discreta do cosseno (DCT) e à transformada discreta do seno (DST), que é apenas usada para blocos intra 4x4.
Na codificação entrópica o H.265 apresenta uma evolução pois utiliza o CABAC (context adaptative binary arithmetic coding) que tem três passos,
tornar binários os elementos de sintaxe, modelação conforme o contexto e codificação binária aritmética.
O novo codec, na fase final, tem ainda duas fases que são opcionais, uma filtragem em deblocking loop(DBF) e um sample adaptative
offset (SAO).
No H.265 existem três perfis principais, que vão permitindo formatos diferentes (4:2:0, 4:2:2 e 4:4:4), assim como profundidades de cor desde os
8-bit aos 12-bit por cor. Com a actualização, passaram a existir mais 24 perfis diferentes.
Criado pela Google e lançado no final de 2012, veio substituir o VP8, reduzindo o bit rate para metade em comparação com o H.624, e que tem como
principal objectivo reduzir entre 10 a 20% as bit rates actuais, de forma a competir com o HEVC. Este codec é open source e royalty free,
ou seja, não é necessário pagar pela sua utilização. Actualmente o YouTube usa o codec para todos os seus vídeos de UHD e é suportado em diferentes
browsers de Internet – Chromium, Chrome, Firefox e Opera, no media player VLC, no Libav e no FFMpeg. O standard do codec
suporta várias normas internacionais, como a Rec. 2020-1, a SMPTE-240 ou a sRGB. Abaixo mostra-se um vídeo 4K do YouTube que
usa o VP9 (carregar em Settings e seleccionar 4K).
No que toca às técnicas de implementação, este codec divide a imagem em blocos de diferentes tamanhos, tal como o HEVC, com formas rectangulares ou
quadradas, ocorrendo o processo de forma recursiva e da direita para a esquerda, de cima para baixo. O VP9 incorpora o conceito de tiles, que permite a
codificação independente ao longo de margens verticais, permitindo que dois tiles que pertençam à mesma coluna possam ser descodificados em paralelo.
Porém isto não acontece se pertencerem à mesma linha.
A nível de codificação e predição de tramas intra este codec utiliza a partição por blocos de transformação, tendo dez modos de predição intra,
oito dos quais angulares. Utiliza para tal uma técnica de enhanced intra , com dois passos. No primeiro codificam-se os melhores blocos com
modos inter, no segundo codificam-se os modos intra nos super-blocos que tenham mais margens.
Para a predição de modos inter, usa um vector com compensação de movimento de 8 pixéis, que pode ter quatro modos distintos. Para melhorar a performance,
cada bloco pode escolher um de três filtros de compensação de movimento adaptativos, que podem ser sharp, low pass ou regular.
Existe ainda a opção de compound prediction, que utiliza dois vectores de movimento num bloco.
O VP9 utiliza transformadas discretas de cosseno (DCT) de dimensões superiores ao habitual, com blocos que podem ser de 32x32, 16x16, 8x8 ou 4x4 pixéis.
Utiliza também um outro tipo de transformadas, a transformada discreta de seno assimétrica (ADST), usadas em combinações de modos intra e
inter específicos. O uso da ADST permite uma redução no bit-rate entre 6 a 15% para modos intra.
Na codificação entrópica, o VP9 utiliza o codificador booleano do VP8, que usa métodos aritméticos de 8-bit. A tabela de
probabilidades neste caso é apenas actualizada no cabeçalho, no início de cada trama.
Este codec apresenta ainda um filtro de loop que é aplicado à imagem no final da descodificação, tendo sido pensado para minimizar o
efeito de bloco dos super-blocos na imagem final. A filtragem é feita verticalmente e só depois horizontalmente. Adicionalmente conta ainda com
um detector de nível, que adequa o tamanho e a filtragem consoante as mudanças na imagem.
Tem quatro perfis principais. Os dois primeiros, profile 0 e profile 1, permitem uma profundidade de cor de 8-bit e os formatos
4:2:0, 4:2:2 e 4:4:4. Os outros dois, profile 2 e profile 3, foram desenvolvidos posteriormente, permitindo uma profundidade de bit
que pode ser entre 10 e 12-bit e todos os formatos.
Quer o HEVC, quer o VP9 são a nova geração de codecs para o UHD, conseguindo ambos uma redução de 50% do bit-rate face ao antecessor, o H.264.
Existem vários testes feitos, porém todos os resultados são unânimes a preferir o H.265 ao invés do VP9, quer a nível de PSNR, quer a nível de redução
do bit-rate, conforme se pode ver nas figuras abaixo.
Olhando para a figura 6 confirmam-se os dados esperados, que os dois codecs da UHD são superiores ao H.264.
Analisando as figuras 7 e 8, compreende-se que o HEVC no main profile tem uma performance muito superior aos codecs que já
existiam, cumprindo o requisito de reduzir para metade o bit-rate.
Comparando agora o VP9 e o H.264, a qualidade de imagem é muito superior, conforme se verifica na figura 9.
A adopção quer do VP9, quer do H.265 tem sido muito grande, porém as últimas tendências mostram que todos os grandes gigantes estão a
apostar fortemente no HEVC como o próximo grande codec do futuro.
O HDMI 2.0 é a tecnologia que vem substituir o HDMI 1.4, foi desenvolvida tendo em conta o vídeo UHD e foi definida como standard em 2013.
Ao contrário das TV’s de UHD o HDMI 2.0 não incide sobre a resolução de ecrã mas sim sobre a largura de banda do canal de vídeo.
Os sistemas HDMI 2.0 conseguem ter transferências até 18Gbps enquanto que o HDMI 1.4 só permitia 10.2 Gbps. São estas elevadas larguras de banda que
permitem visualizar vídeo 4k a 50 e 60 fps, embora HDMI 1.4 permitisse assistir a vídeo 4K este só suportava 24 fps.
Com este aumento de largura de banda é também possível assistir a vídeo 4K com profundidades de cor de 10-bit e 12-bit o que permite um número total de
cores possível de 68.7 mil milhões , quando com HDMI 1.4 só era possível profundidades de 8-bit o que resultava num número total de cores de 16,7 milhões.
A capacidade de transmitir dois sinais de vídeo de 1080p com áudio para o mesmo ecrã é também outra vantagem devido a largura de banda elevada, isto
proporciona por exemplo numa televisão 3D a visualização paralela de 2 canais de televisão diferentes através dos óculos 3D, e também permite a
transmissão de 32 canais de áudio ao invés de 8.
Para além das vantagens já referidas é também possível com o HDMI 2.0 controlar 15 aparelhos só com um comando, isto é devido ao
CEC (Consumer Electronics Control) que com HDMI 2.0 permite a um aparelho enviar sinais de controlo a outro via HDMI.
O formato de áudio que acompanha o vídeo de UHD é o 22.2 áudio multicanal. Este formato é capaz de produzir sons muito mais próximos do som
natural que o formato 5.1 que é neste momento usado em transmissões digitais.
A empresa NHK está a desenvolver esta tecnologia e espera-se que esteja disponível para transmissões a partir do ano 2032.
Como a tecnologia UHD só está agora a chegar aos utilizadores, oferta neste sector das aplicações ainda não é muito alargada,
estando só agora a florescer e a tornar-se mais comum.
As principais aplicações são ao nível das TV’s, com os fabricantes mundiais a apostar em televisões 4K, que conseguem descodificar
conteúdos HEVC. Mas também se está a verificar uma explosão grande a nível de ecrãs para os computadores, que são capazes de
grandes resoluções para jogadores ou profissionais que trabalhem com edição de vídeo ou fotografia. A oferta neste sector começou a
partir de 2001, porém só a partir de 2013 é que os preços baixaram, podendo-se agora adquirir estes produtos por cerca de 400€.
Também se presencia agora o aparecimento dos primeiros portáteis com ecrãs UHD.
O primeiro conteúdo a ser filmado numa câmara 4K, a RED Epic camera (figura 11), era o filme TimeScapes, em 2012.
As câmaras 4K, quer sejam de filmar, quer sejam fotográficas, já são abundantes no mercado, havendo uma oferta variada, a vários
preços. Um dos modelos mais conhecidos será a GoPro HERO4 Black, pois traz aos utilizadores todas as vantagens de uma câmara 4K a
um preço muito competitivo, relativamente às outras. Abaixo pode ver-se um vídeo em 4K filmado por uma GoPro HERO4
(carregando em Setting e seleccionando essa resolução).
A nível dos smartphones, ainda não há qualquer telemóvel com um ecrã 4K, estando apenas previstos para os próximos anos.
Porém já existem vários telefones com câmaras capazes de gravar vídeos a 4K. Podem-se ainda encontrar projectores 4K no mercado,
embora os preços destes sejam mais elevados. Outras aplicações do UHDV são ecrãs touch-screen, que sejam usados em aplicações
médicas, mapeamento geográfico de grande detalhe, entre muitas outras.
Actualmente os conteúdos, tal como as aplicações, estão em desenvolvimento, chegando cada vez mais novas ofertas aos utilizadores.
Estas são principalmente on-line, onde sites como o YouTube ou o Vimeo já disponibilizam alguns vídeos com a resolução 4K.
Há também empresas, como a Panasonic que têm canais on-line com documentários e curtas-metragens em UHD.
Em 2014, a Netflix foi o primeiro serviço no mundo a transmitir uma série em 4K, tendo aumentado a sua oferta para outras séries,
alguns filmes e documentários, mas para usufruir destes serviços é preciso ter uma ligação de Internet com velocidade mínima de
25 Mbps e uma televisão 4K que tenha um descodificador HEVC incorporado.
Existem também leitores da Sony (figura 13) e da Samsung de filmes, séries e documentários UHD, que têm três opções de aquisição de conteúdos,
ou estes vêm já na memória do leitor, ou podem-se comprar ou alugar a partir de serviços on-line. Uma das principais desvantagens é
que é necessário ter-se uma televisão da mesma marca do leitor para se conseguir ver os conteúdos. Outra desvantagem do leitor da
Sony é que este requer uma ligação à Internet por cabo Ethernet. A marca Red disponibiliza também um leitor de vídeo 4K que utiliza um serviço de download para aceder aos conteúdos.
Uma das opções também poderá ser fazer o download de vídeos em 4K e depois reproduzi-lo numa televisão, computador ou monitor que
suporte essa resolução.
A experiência para o utilizador é uma das principais preocupações no desenvolvimento de uma nova tecnologia, como é o caso do vídeo
UHD. Uma das principais vantagens no vídeo de ultra alta definição será o aumento da sensação de realidade devido ao maior detalhe,
à cor e ao brilho que a imagem passa a ter, o que faz com que o utilizador se sinta completamente envolvido e parte do conteúdo que
está a visualizar, conforme se pode ver na figura 14.
Aliada a uma maior resolução e a uma alta densidade de pixéis, a informação torna-se mais minuciosa. Isto traz outras vantagens
como a diminuição de alguns problemas de visão associados ao uso de ecrãs de computadores dado que os ecrãs estão a ficar maiores
e isto ajuda a aliviar a tensão ocular.
Como em quase tudo, existem também algumas desvantagens associadas ao vídeo UHD. A primeira prende-se com o tamanho dos ecrãs,
que no caso das televisões deverá ser entre as 55 e as 65 polegadas diagonais, e no caso dos monitores para computadores será a
partir das 24 polegadas diagonais. A segunda grande desvantagem é a limitação do olho humano de distinguir detalhes a uma grande
distância, ou seja, só a uma curta distância do ecrã é que se consegue ter percepção da melhoria da imagem. Consultando a
figura 15, pode ver-se que, para uma televisão de 65 polegadas de diâmetro, a dimensão aconselhada pela recomendação BT.2020.1,
só a partir de aproximadamente 2.6 metros da televisão é que compensa apostar na tecnologia de UHD (para uma pessoa com
uma visão 20/20).
Outra prende-se com a necessidade de uma rede e de uma largura de banda de ligação suficientemente grande para garantir o acesso a conteúdos
UHD.
Durante o ano 2014, a CEA desenvolveu estudos a visão dos consumidores sobre a UHDTV – CEA’s Consumer Perspective on Ultra HDTV e
Consumer Perceptions of Ultra HDTV Technology at Retail, concluindo que cerca de 73% das pessoas que viram conteúdos numa UHDTV
numa loja querem adquirir uma num futuro próximo. Os estudos indicam que os utilizadores mais cépticos sobre as vantagens do UHD sobre o
HD mudam de opinião ao ver a tecnologia de perto, ou seja, na sua maioria sentem-se mais envolvidas do que aquilo que esperavam, o que
torna esta experiência um ponto principal para a adopção em massa desta tecnologia.
Estes inquéritos demonstraram também que a principal preocupação será o preço, sendo seguida pela disponibilização de conteúdos,
com 43% dos inquiridos a mostrarem preocupações com a disponibilidade de programas para UHDTV – figura 16.
Contudo, tal como já foi referido anteriormente, todo este mercado está em expansão, verificando-se uma redução nos preços e um aumento a nível
de aplicações e conteúdos em UHD. No que toca à largura de banda da ligação, também se espera que continue a seguir a tendência de crescimento,
conforme se tem vindo a verificar.
Num inquérito feito a profissionais, na sua maioria crêem que o modelo de negócio a adoptar para a UHD seja o Video On Demand,
seguido por canais de televisão, com uma grande percentagem a acreditar que a televisão tradicional transmitida por satélite vai ter
o papel principal na distribuição de infraestruturas. Porém, apesar de acreditarem que dentro de cinco ou sete anos a UHDTV será banal
nas casas dos utilizadores, existem poucos profissionais da área que estão a pensar em disponibilizar conteúdos em 4K UHD. A maior
preocupação reflectida neste inquérito é, sem dúvida, não se ter o retorno do investimento inicial e um agravamento dos custos de
transmissão e produção dos conteúdos (figura 17).
Noutro inquérito, que conta também com a opinião de pessoas cuja profissão não é nesta área, mostra que existem crenças diferentes,
pois quem não é profissional acha que os canais tradicionais e a modalidade direct-to-home vão ser as que vão fazer mais sucesso no
mercado. Mas ambos são unânimes quanto aos conteúdos que vão ter mais penetração, sendo estes os filmes e o desporto, conforme
se vê na figura 18.
Actualmente, como o UHD é ainda uma novidade, os custos associados são muito elevados. Por exemplo, para criar um canal 4K, um canal
de televisão tem de pagar entre 10 a 15 milhões de dólares, só para fazer o upgrade da rede e da infraestrutura que já possui,
sem contabilizar com todos os clientes que terão necessidade de boxes novas, já equipadas com os codecs necessários à UHDTV e com
uma maior capacidade de armazenamento.
Outro principal problema associado com o UHD é a necessidade de uma grande largura de banda, o que representa um custo elevado para
quem disponibiliza conteúdos.
No que toca ao uso do VP9, como já foi referido este codec é royalties free, ou seja não se paga por usar o standard.
Porém, se o HEVC for a escolha, é necessário somar a todos os gastos já referidos os custos da sua utilização. A gestão das patentes
está a ser feita pela MPEG-LA, à semelhança do H.624. O custo de uma licença de um codificador/descodificador H.265 é de 0.20
dólares por unidade para volumes superiores a cem mil unidades anuais, atingindo um tecto máximo de 25 milhões de dólares em
royalties, que serão divididas entre a lista de empresas que detêm patentes do HEVC.
Com o aumento da exigência de qualidade de vídeo e imagem a tendência é para as resoluções de ecrãs aumentarem, embora as televisões
4K estejam agora a aparecer no mercado já se pensa no futuro, o 8K, que chega a ter 4 vezes mais resolução. Como já referido
anteriormente uma das vantagens de maiores resoluções é os pixéis serem indistinguíveis individualmente à medida que se
aproxima da TV e no caso do 8K o olho humano teria que estar a 50 cm de uma televisão de 52 polegadas para os distinguir,
isto resulta na necessidade de grandes dimensões de ecrãs para a diferença de resolução ter impacto no utilizador.
Ainda existem poucas câmaras capazes de filmar em 8K, sendo a NHK, a companhia que começou a desenvolver esta tecnologia desde
1995, uma das únicas a desenvolver câmaras com sensores de imagem 8K. É estimado também que até hoje esta companhia tenha
investido mil milhões de dólares nesta tecnologia. Marcas como a SONY e a Red estão a trabalhar nesta resolução para começar
a trazer 8K para as suas câmaras. No que toca a ecrãs de televisão ainda não existem no mercado sendo a primeira televisão do
mundo com tecnologia 8K apresentada pela Sharp na CES (Consumer Electronics Show) em 2013.
No sentido de começar a adoptar esta tecnologia já foram feitos alguns testes de transmissão com tecnologia 8K um deles os
Jogos Olímpicos de 2012, em Londres.
Uma das tecnologias que se encontra desde o ano passado no mercado e que se pode assistir à sua adopção no mercado de
smartphones e que é muitas vezes chamada a tecnologia do futuro no que trata a ecrãs, é o OLED
(Organic Light-Emitting Diode). Ao contrário dos ecrãs LCD e Plasmas que usam cristais líquidos ou gases ionizados
respectivamente, os OLED usam compostos orgânicos para produzir luz quando carregados por uma corrente eléctrica, isto permite
que os pixéis produzam a sua própria luz, obtendo um grande impacto nas cores. Possuem também maiores ângulos de visão, uma
resposta superior e uma maior eficiência de energia.
Embora tenham várias vantagens existem ainda algumas desvantagens que atrasam a adopção desta tecnologia nomeadamente a sua duração
de vida. Ecrãs OLED mostram uma degradação maior na luminância, que pode levar a problemas no equilíbrio das cores. São
também susceptíveis a retenção temporária de imagens e em casos extremos levam a “imagens queimadas no ecrã”, um problema sobre o
qual os plasmas têm mostrado evolução.
Pelas suas vantagens em relação aos outros ecrãs é esperado que uma vez ultrapassadas as dificuldades que se apresentam hoje os
ecrãs 4K possam vir a utilizar tecnologia OLED, tendo já algumas marcas de televisores demonstrado ecrãs com estas duas tecnologias.
Espera-se que as TV's de UHD tenham uma grande penetração a nível mundial, conforme se vê na figura 21.
Prevê-se um aumento dos conteúdos em UHD e que a UHDTV seja uma realidade próxima visto que a DVB aprovou o formato para transmissão
DVB-UHDTV Phase 1.
Para o próximo ano aguardam-se também novidades, pois a Blu-Ray anunciou que iria disponibilizar conteúdos em 4K.
O UHD, conforme se pode inferir de todas as informações, é visto como o próximo grande passo a nível do entretenimento mundial, após
uma aposta em 3D que não vingou no mercado.
Com as grandes marcas a apostar no 4K e nas resoluções futuras, assim como no HEVC como codec principal desta tecnologia, espera-se que a
UHD venha para ficar, aumentando assim a qualidade da experiência de todos os seus utilizadores.