Sistemas de Telecomunicações

 

2004/2005

 

 

RDIS

Rede Digital com Integração de Serviços

 

 

Trabalho de Pesquisa

 

João Távora, 47999

 

1.          Índice

 

1.    Índice. 2

1.    Introdução. 3

1.1.    Evolução e perspectiva histórica. 3

1.2.    Objectivo deste trabalho. 4

2.    Configuração e arquitectura. 5

2.1.    Modelo de arquitectura. 5

2.2.    Configuração de referência. 6

2.3.    Interface de acesso do utilizador e ritmos de acesso. 8

2.4.    Modelos de protocolos da RDIS. 8

2.5.    Primitivas de comunicação entre camadas 9

3.    Protocolo de nível 1 - Camada física. 10

3.1.    Interface S entre TE e NT - Configuração básica (S0) 10

3.1.1.    Interacções Funcionais 11

3.1.2.    Códigos de linha e estrutura da trama física. 11

3.1.3.    Controlo de acesso ao canal D. 13

3.2.    Interface U entre NT e LT. 13

3.2.1.    Obtenção do full-duplex. 13

3.2.2.    Códigos de linha na interface U. 14

4.    Protocolo de nível 2 - Camada de ligação. 16

4.1.    LAPD (Link Access Protocol on D-Channel) 16

4.2.    Funções e estrutura da trama LAPD de nível 2. 17

5.    Protocolo de nível 3 - Camada rede. 19

5.1.    Estrutura das mensagens de sinalização de RDIS. 19

5.2.    Controlo de chamadas 20

6.    Conclusões 21

6.1.    RDIS de banda larga e ADSL. 21

6.2.    Conclusões 22

7.    Bibliografia. 23

 


1.Introdução

1.1.                  Evolução e perspectiva histórica

A história do RDIS começa na história da rede telefónica. Ela liga hoje em dia a maior quantidade de assinantes através de uma infraestrutura física de telecomunicações. A rede telefónica inicial consistia num sistema puramente analógico que ligava utilizadores de um telefone através de uma interligação mecânica de fios. Este sistema era muito ineficiente e susceptível a falhas e ruído. Além disso não facilitava as ligações de longa distância. A partir dos anos 60, a rede telefónica começou gradualmente a converter as ligações internas para um sistema de comutação digital baseado em pacotes de informação. Hoje em dia, quase toda a feita dentro da rede telefónica é digital. Ainda assim, a ligação final desde a central local até ao equipamento do utilizador é ainda em maioria analógica, e permanece praticamente inalterada desde a sua invenção por Alexander Graham Bell.

A noção de integração de serviços não é nova no RDIS. De facto, a rede original da companhia americana AT&T transportava no mesmo meio telefone, telegrafia e imagens para uso de jornais (uma forma primitiva do fax). No entanto, é com o aparecimento dos computadores que surge a necessidade de transportar informação em formato digital. Os modems são aparelhos que modulam informação digital num sinal analógico e estão ainda muito difundidos nos dias de hoje. Para o utilizador caseiro (home user) esta foi durante muitos anos a solução de acesso à Internet e a redes de dados públicas, acarretando a conhecida desvantagem de impossibilitar o uso do telefone aquando do acesso a estes serviços. Estes factores, aliados ao rápido crescimento da Internet e ao aparecimento de outros serviços com redes próprias (serviço de telex, televisão por cabo e dados com linha dedicada), sugerem uma integração de todos estes serviços numa única rede, denominada Rede Digital com Integração de Serviços.

Em 1984, O ITU - International Telecommunication Union – um órgão responsável pelo estabelecimento de normas de comunicação de telecomunicações, emite a primeira recomendação sobre a estrutura e funcionamento da RDIS.

O objectivo principal do RDIS é a integração de serviços de telecomunicações existentes numa única interface com especificações e protocolos próprios, possibilitando o acesso a recursos de vários tipos (voz, dados, texto, imagem) através de um serviço digital de ritmo elevado que funciona através da linha telefónica.  Entre o assinante da linha telefónica e a rede pública digital existe, no entanto,  um fosso analógico, que não tem que ser transposto através de estratégias de modulação. Neste aspecto as recomendações do ITU prevêem uma primeira fase de RDIS de banda estreita, onde serão abrangidos serviços com um ritmo máximo de 2Mbit/s. Mais tarde, introduz-se o RDIS de banda-larga, baseado na digitalização da linha do assinante, eliminando por completo o fosso analógico e permitindo taxas de transferências muito mais altas.

1.2.                  Objectivo deste trabalho

Este trabalho aborda o RDIS através da descrição simplificada da arquitectura e pilha de protocolos no qual se baseiam as recomendações do ITU, tomando especial atenção à à estratégia de comunicação empregada a nível físico, um elemento importante da  disciplina de Sistemas de Telecomunicações. A partir daqui, descrevem-se características de sinalização,  controlo de chamadas e comutação. À frente é efectuada uma comparação resumida entre o RDIS de banda estreita, RDIS de banda larga e a tecnologia ADSL, hoje em dia a mais difundida das tecnologias de acesso à Internet e a recursos digitais.

Não se prestou atenção excessiva à formidável quantidade de abreviações e nomenclatura utilizadas por cada uma das recomendações, bem como aos pormenores de funcionamento de cada um dos serviços, sendo estes de número muito elevado. Optou-se também por deixar de lado o esquema de transmissão da interface S1 (Primária), por esta ser bastante menos difundida e se considerar que não acrescenta nenhum conceito novo.

No capítulo 2, é apresentada a configuração de uma rede RDIS e explicado sucintamente o modelo de protocolos OSI sobre o qual é baseada a construção desta rede. Um leitor familiarizado com a arquitectura da Internet reconhecerá muitos dos conceitos aqui apresentados.

Nos capítulos 3, 4 e 5 são apresentados os aspectos considerados mais relevantes dos protocolos que operam nos níveis físico, de ligação e rede, respectivamente. A inclusão ,ainda que breve, de capítulos 4 e 5 sobre os níveis superiores da rede destina-se a  traçar um caminho de compreensão entre o envio de um valor de tensão pela interface S a nível físico e o envio de uma mensagem de alto nível a nível da rede.

No elemento principal da bibliografia existe ainda um capítulo sobre adaptação de protocolos existentes, que foi deixado de lado visto incluir poucos conceitos novos e muitos pormenores tecnológicos.  De facto, existem recomendações do ITU que permitem a adaptação de interfaces X.21, X.25 e série V e outros por parte dos Terminal Adapters (TA's).

Hoje em dia reside na Internet e no protocolo IP a principal tendência para integração de redes de serviços. Ainda assim, o presente trabalho serve para compreender de raíz os conceitos subjacentes ao projecto e construção de uma tal possível rede com integração de serviços.


 

2.Configuração e arquitectura

2.1.                  Modelo de arquitectura

 

Figura 21 Modelo de arquitectura simplificado. Na figura observa-se a existência de uma interface normalizada de acesso à rede RDIS e aos seus recursos de transmissão, comutação e sinalização e ainda outras redes especializadas.

A rede RDIS como é representada na figura 2-1 é uma conjunto de recursos que são oferecidos ao utilizador final. Em particular, explicam-se o significado dos três recursos principais apresentados na figura.

 

*      Comutação de circuitos – Nos serviços de telefonia, telex e alguns serviços de dados, é vantajoso e habitual reservar recursos ao longo de toda a linha de comunicação.  Um caminho dedicado é obtido e dedicado a uma só ligação entre dois pontos na rede durante toda a ligação e não podem ser usados os recursos físicos por mais ninguém durante esse tempo.

 

*      Comutação de pacotes – É possível aceder-se a redes que funcionam por comutação de pacotes, um esquema de transmissão que permite a partilha de recursos físicos por várias entidades de comunicação, que enviam pedaços de informação para um serviço de encaminhamento. Este tratará de re-enviar o pacote em direcção ao destino, até que este seja atingido. Não é necessário um estabelecimento prévio de uma ligação física completa entre as duas entidades comunicantes, é antes estabelecido um circuito virtual. A rede X.25, a Internet  e o protocolo IP são exemplos de redes comutadas em pacotes, e são acessíveis neste modo através da RDIS.

 

*      Sinalização de canal comum – Permite usar as primitivas específicas do RDIS para o envio e recepção de mensagens de sinalização, de uma forma transparente e coerente em ambos os lados. Exemplos desta facilidade desta sinalização são as indicações de estado da chamada (chamada pendente, em espera, etc). Estas facilidades dependem de recursos de sinalização estabelecidos desde os primeiras camadas da linha.


 

2.2.                  Configuração de referência

Na seguinte figura está representada a configuração de referência mostrando a rede do assinante (utilizador) ligado a uma central local. Cada bloco representa um grupo funcional, isto é, um sistema que executa um conjunto determinado de funções de protocolo. Os pontos de referência ou interfaces ligam estes blocos entre si e estão frequentemente associados a suportes físicos diferentes

Figura 22 Configuração de referência – Grupos funcionais e interfaces normalizadas. No modelo RDIS de banda estreita e interface básica, a interface S é suportada por um cabo UTP (Unshielded Twisted Pair) de 4 fios, sendo a interface U a linha normal telefónica (cabo UTP de 2 fios) . A interface R não é definida univocamente, existindo tantas quantos os adaptadores de terminal TA.

*      Um TE1 é um equipamento terminal com interface normalizada RDIS (ponto S), o que significa que pode comunicar directamente com o bloco NT2 (explicado adiante). Sendo terminal, a função principal é interactuar com o utilizador. Além disso pode também servir como conexão a outros equipamentos. Processa todos os níveis de protocolo desde a camada física até a de aplicação.

*      Um TE2 é também um equipamento terminal, mas sem interface normalizada RDIS (pode ser um telefone normal ou um modem analógico, por exemplo).

*      Um TA (Terminal Adapter)  adaptador de rede adapta um terminal TE2 à interface RDIS. A especificação não é rígida, podendo este desempenhar um número variado de funções de adaptação de equipamento terminal, pode ser muito simples ou muito complexo. Pode adaptar uma porta série, um telefone analógico, como pode adaptar vários destes e pode até funcionar como um router RDIS e traduzir todo o tráfico de uma rede local (TCP/IP,IPX) para a interface RDIS.

*      Um NT2 (Network Terminator 2) processa essencialmente protocolos de baixo nível baixo (1-3) e incluiu funções de comutação, multiplexagem (concentração de terminais) e manutenção. Usando uma característica do RDIS chamada passive bus, que executa multiplexagem no tempo o NT2 pode ainda concentrar até 8 TE1 ou TA’s (interfaces S) através de uma única interface T. O NT2 é facultativo, podendo um TA ser ligado directamente ao NT1 (explicado adiante). Nesse caso as interfaces S e T coincidem.

*      Um NT1 (Network Terminator 1) processa apenas funções de nível físico (camada mais baixa), essencialmente codificação e descodificação de linha, mas também funções auxiliares a este nível como multiplexagem de nível físico, temporizações, manutenção física da linha, etc...

 

*      Os blocos LT e ET representam a central RDIS pública. O bloco LT (Line Terminator) executa apenas funções de adaptação física, sendo análogo ao NT1 do lado do assinante. O bloco ET (Exchance Termination) processa protocolos até nível 3 e oferece ao utilizador os serviços básicos da rede RDIS: comutação de circuitos, comutação de pacotes e sinalização.

 

 

 

Figura 23 Duas possibilidades de configuração RDIS. a) representa uma possível configuração simples para um utilizador caseiro, ligando um telefone e um computador. b) representa uma possível configuração mais avançada com TE1 especializados e um router RDIS TA que faz a interface entre uma rede local e o NT2

 

Dizer “tenho RDIS em casa” quer normalmente dizer que se possui dois aparelhos, um TA ligado a um NT1 estando este último ligado à ficha telefónica que conduz a uma central digital. Este TA pode ser simples ou complexo mas tem  normalmente duas entradas, um telefones e outro aparelhos (fax ou computadores). Devido à existência de dois canais B na interface RDIS básica é então possível fazer uma chamada com o telefone e uma com o computador ao mesmo tempo, através da mesma Interface RDIS.

Dizer “temos RDIS na empresa” pode querer dizer possuir um ou mais NT2 que deixam partilhar o acesso aos dois canais B na interface RDIS básica por um máximo de 8 TA's diferentes num espaço limitado, por exemplo uma ou duas salas. Esta configuração pode ser replicada várias vezes e os NT2 podem tomar inclusive as funções de rede local privada. Pode também ser usada uma interface de acesso primário com um número superior de canais B. É assim possível realizar várias chamadas de voz e aceder a recursos da rede local ou externa simultâneamente..

2.3.                  Interface de acesso do utilizador e ritmos de acesso.

Actualmente a interface digital S de voz e dados do assinante pode ser de dois tipos: básico e primário

*      Básico (S0) - constituída por dois canais B (Bearer) de 64Kbit/s cada e um canal D (Data) de 16Kbit/s. Perfaz assim um total de 144Kbit/s e é frequentemente designada por 2B+D

*      Primária (S1) - constituída por 23-30 canais B de 64Kbit’s cada e um canal D de 64Kbit/s. O esquema de transmissão.desta interface não é coberto neste trabalho.

Aos canais B estão associados funções de transporte de voz e dados, podendo na interface básica usar-se os dois canais B para fazer duas chamadas de voz simultâneas ou combinar os dois canais para formar uma ligação de dados de 128 Kbit/s. Ao canal D estão associadas funções de sinalização na rede, mas ele pode também transportar informação do utilizador quando operado em modo de comutação de pacotes.

2.4.                  Modelos de protocolos da RDIS

O modelo de protocolos da RDIS é baseado no modelo OSI de sete camadas.

*      As camadas superiores (transporte, sessão, apresentação e aplicação) são implementadas por equipamentos  TE1/TA, detidos pelo utilizador final. 

*      A camada de rede (nível 3) é responsável por transportar transparente mente informação entre utilizadores finais, implementando funções de encaminhamento e retransmissão e podendo ainda interactuar com outras sub-redes de modo transparente para as camadas superiores.

*      A camada de ligação (nível 2) permite ultrapassar as limitações do meio físico, implementando funções de detecção e recuperação de erros, conseguindo assim um circuito virtualmente sem erros.

*      A camada física (nível 1) define as características eléctricas e mecânicas do circuito ou interface utilizados, transmitindo simplesmente um fluxo de dados através de  um certo meio físico de transmissão.

Figura 24 – Camadas do modelo OSI

Os grupos funcionais  NT2 e ET implementam os níveis 1 a 3, enquanto que os grupos funcionais NT1 e LT só implementam o nível físico. As recomendações RDIS definem apenas o funcionamento destas três camadas inferiores e são essas que se estudam mais detalhadamente neste trabalho.

Na interface S/T estão presentes as três camadas de cada um dos lados da comunicação.

Na figura seguinte observam-se, para a interface S0, as entidades que controlam e gerem os diferentes canais disponíveis, estruturadas nas camadas do modelo OSI

 

Podem ainda definir-se vários planos de comunicação, efectuado um corte transversal à separação em camadas. Uma entidade de comunicação caracteriza-se pela sua posição nas duas coordenadas: camada e plano. Resumem-se os  planos de comunicação existentes em RDIS:

 

 

*      Plano de controlo (CControl Plane)  - Diz respeito à sinalização no canal D e cobre o conjunto de protocolo de controlo de chamadas e serviços suplementares. Estão definidos nas recomendações do ITU as três primeiras camadas deste plano.

 

*      Plano do utilizador (UUser Plane) - Diz respeito aos dados do utilizador e cobre as camadas 1 a 7.

 

*      Plano de gestão (MManagement) - Este plano de gestão não é estruturado em camadas e controla as funções de gestão, tratamento de erros entre outros.

 

Os protocolos que controlam os canais B nas camadas 2 e 3 não são especificados porque são de utilização genérica dos utilizadores. O protocolo na camada física não distingue os diferentes canais. No nível dois existe um protocolo normalizado chamado LAPD que controla a utilização do canal D e permite a multiplexagem deste canal em várias entidades de nível 3.

 

2.5.                  Primitivas de comunicação entre camadas

 

Figura 25 Primitivas de comunicação entre camadas. Ainda que não sempre com o mesmo nome, toda a comunicação entre duas quaisquer camadas se baseia em mensagens com estes significados

 

De acordo com o modelo de referência OSI, há 4 tipos de primitivas de comunicação entre camadas do modelo,as quais têm o seguinte significado neste caso concreto:

 

*      REQUEST - primitiva gerada quando a camada superior ou a entidade de gestão pede um serviço à camada inferior.

*      INDICATION - primitiva gerada pela camada inferior que fornece o serviço para informar a camada superior ou a entidade de gestão do fornecimento desse serviço.

*      RESPONSE - primitiva gerada pela entidade de gestão para acusar a recepção de uma primitiva INDICATION.

*      CONFIRM - primitiva gerada pela camada inferior que fornece o serviço indicando que este foi completado.

 

Ainda que não seja feita uma referência explícita a este modelo, ele constitui uma base sólida para compreender o funcionamento de uma pilha de protocolos e as mensagens de sinalização e controlo que fluem através de diferentes níveis de abstracção.

 

3.Protocolo de nível 1 - Camada física

3.1.                  Interface S entre TE e NT - Configuração básica (S0)

A interface de acesso básica foi desenhada  a pensar essencialmente em colocar um (ou mais) terminais em bus, sem electrónica na tomada, alimentados através da própria interface. Apresentam-se as três configurações possíveis para a interface S0 na figura seguinte.

Figura 31 Possibilidades de configuração física . a) ponto-a-ponto ; b) multiponto em bus  ; c) multiponto em bus com concentração de terminais

De notar que há restrições nos comprimentos máximos dos cabos tendo em conta as e impedâncias e atenuações existentes. Na configuração ponto a ponto, é a primeira que dita o comprimento máximo de 1 Km. Na configuração bus passivo há que contar com o desfasamento de transmissão dos terminais que advém dos tempos de propagação ao longo do bus.. De modo simplificado, para o ritmo binário 192Kbits/s (período ~= 5us) o round trip delay no bus não pode exceder os 2us, o que corresponde a um cabo de 200m de comprimento para uma impedância de 150Ohm por metro. O número de terminais é limitado a 8 de modo a limitar a desadaptação de impedância. Na configuração híbrida, que reúne vantagens das duas anteriores,  concentram-se terminais em redor de umas das extremidades do bus permitindo um comprimento máximo de 500m e ainda a utilização em bus passivo.

3.1.1.      Interacções Funcionais

No nível físico da interface S0 existem interacções funcionais  de dois tipos entre os TE e NT

*       Ligações funcionais de transporte de dados

Os canais B1 e B2, de 64Kbit/s e bidireccionais,  são estabelecidos em modo circuito o que significa que a cada um é atribuído um só terminal de comunicação. Podem também ser unidos para formar um canal de comunicação mais largo. O canal D é um canal de 16Kbit/s bidireccional e é gerido em modo de comutação de pacotes, sendo partilhado por todos os terminais da configuração multiponto

*      Ligações funcionais de gestão da interface

A gestão da interface acresce 48Kbit/s ao fluxo binário de nível físico. Aqui existe um canal E de 16Kbit/s que transporta o eco do canal D, para resolução de conflitos de acesso a este último.  Existem também funções de sincronização a nível de bit e da trama, o transporte do relógio de bit (embebido no sinal) e de trama (4Kbit/s) e funções de activação/desactivação de grupos funcionais, para diminuição do consumo de energia. Por fim existe a função de alimentação eléctrica, que permite que os TE’s sejam alimentados pelos NT’s.

3.1.2.      Códigos de linha e estrutura da trama física

A capacidade de transmissão da linha da interface de acesso básico é, no total de 192 Kbit/s, distribuídos da seguinte forma

B1

64 Kbit/s

B2

64 Kbit/s

D

16 Kbit/s

 

 

Soma 2B+D

144 Kbit/s

 

 

Controlo e sincronização

48 Kbit/s

 

 

Total

192 Kbit/s

 

O código de linha utilizado nesta interface é do tipo AMI (Amplitude Mark Inversion) com sinais de polaridade alternadamente positiva e negativa para codificar o valor lógico “0”, e ausência de tensão para codificar o valor “1”.  A alternância entre polaridades inversas para codificação do “0” garantem a estabilização DC da linha. Para alinhamento de trama são usadas violações da regra acima, e para repor a paridade de zeros na linha são usados bits de equilíbrio especiais.

 

Tanto as tramas físicas no sentido TE->NT e no sentido NT->TE têm 48 bits e duram 250ns o que corresponde a 4000 tramas/segundo. Existe um atraso de 2 bits da trama TE->NT em relação à NT->TE.

 

Os 48 bits de cada trama dividem-se em 32 bits de canal B (16 de B1 e 16 de B2), 4 bits de canal D e 12 bits de controlo. A utilização deste últimos 12 bits difere consoante o sentido da comunicação

 

 

Figura 32 Trama física entre os blocos funcionais NT e TE

 

*      TE->NT

 

1 bit F que indica o início da trama e 1 bit Fa auxiliar de sincronização

10 bits de equilíbrio L, um a seguir a F e Fa e um após cada grupo de bits de um canal

 

*      NT->TE

 

1 bit F que indica o início da trama e 2 bit Fa e N auxiliares de sincronização

2 bits de equilíbrio L, um a seguir a F e um no final da trama

4 bits E que ecoam o canal D no sentido TE->NT e o controlam em modo multiponto

1 bit M que indica modo multitrama

1 bit A de activação/desactivação do terminal

1 bit S reservado


 

3.1.3.      Controlo de acesso ao canal D

 

Para resolver conflitos de acesso ao canal partilhado D, usa-se um mecanismo CSMA-CR (Carrier Sense Multiple Access – Contention Resolution). Baseia-se em características e pressupostos rígidos de comunicação, principalmente a capacidade de cada terminal poder monitorar o canal D através do eco nos bits E do sentido   NT->TE.

 

Antes de emitir uma trama de nível 2 cada terminal deve verificar se o canal D está livre. O mecanismo de prioridade de acesso ao canal D, cujo objectivo fundamental é assegurar uma equitativa oportunidade de acesso ao canal D pelos vários terminais, é baseado na alteração dinâmica do número de uns lógicos consecutivos que o terminal deve detectar para decidir que o canal está livre.

 

3.2.                  Interface U entre NT e LT

 

A interface U, situada entre o NT1 e a central pública, não foi normalizada, e depende fortemente do tipo de tecnologia de transmissão utilizada. No entanto deve providenciar um conjunto de ligações funcionais análogo à interface S. De modo a poder reutilizar toda a infraestrutura analógica existente, foi considerado importante o desenvolvimento de uma tecnologia de transmissão full-duplex de alto débito sobre 2 cabos twisted-metal-pair. Tendo em conta a distância entre o utilizador e a central digital (pode ir até aos 8 quilómetros), as atenuações altas, a heterogeneidade das condições de transmissão, interferência entre linhas (crosstalk) e outros problemas de dimensionamento inadequado, este é um objectivo difícil.

 

3.2.1.      Obtenção do full-duplex

 

Para conseguir uma ligação full-duplex (transmissão simultânea bidireccional) no meio no meio analógico foram desenvolvidas muitas técnicas, das quais seleccionam duas básicas.

 

*      TCM (Time Compressed Multiplexing)

 

Esta técnica, também conhecida por ping-pong, consiste em partilhar no tempo uma ligação half-duplex, enviando pequenas tramas em sentidos alternados, e esperando tempos suficientemente grandes de modo a que se processe a recepção do lado contrário e que se atenuem suficientemente os ecos do último envio.

 

Esta técnica permite enviar informação a ritmos da ordem dos 350-400 Kbit/s, para comprimentos de linha relativamente curtos, da ordem dos 2-3 Km.

 

 

 

Figura 33 Time Compressed Multiplexing (ping-pong) através de dois comutadores (blocos de controlo) em exclusão mútua, enviam-se tramas em cada um dos sentidos, alternadamente.

 

*      Cancelamento de Eco

 

Esta técnica baseia-se na transmissão simultânea bidireccional nos dois fios twisted-metal-pair. Devido a inúmeros factores de atenuação, interferência, sobreposição e interferêcia inter-simbólica, é necessário usar um sistema que separa o sinal transmitido localmente do sinal recebido e ainda processe o sinal recebido (através de um filtro digital adaptado às características da linha em cada instante) para recuperar o sinal transmitido remotamente.

 

Esta técnica permite ter comprimentos de linha até aos 8 Km, e ritmos de linha da ordem dos 200Kbit/s. A implementação do sistema de cancelamento de eco é consideravelmente mais complexo que o sistema TCM, no entanto, face ao maior comprimento de linha máximo, é hoje em dia preferido a este último.

Figura 34 – Esquema de cancelamento de eco – Para extrair o sinal emitido remotamente, o sinal Dr, constituido por várias componentes sobrepostas ao sinal emitido remotamente (ecos do sinal De emitido localmente e varios tipos de ruido e interferencia) é diminuido de uma quantidade obtida pelo filtro digital adaptativo. O filtro digital monitora permanentemente as condições de eco na linha.

 

3.2.2.      Códigos de linha na interface U

 

Na interface S0 usa-se um código do tipo pseudo-ternário AMI. Devido à forte atenuação sentida nas linhas desta interface, opta-se por códigos por códigos que optimizem a utilização da largura de banda existente nestas linhas. Estes códigos são designados códigos de bloco, porque concentram vários símbolos binários num símbolo (normalmente ternário ou quaternário). Os códigos de bloco mais utilizados nesta interface são

 

*      4B3T Código ternário: 4 bits convertidos em 3 sinais ternários, com uma compressão de 25%

*      2B1Q Código quaternário: 2 bits convertidos em 1 sinal quaternário, com uma compressão de 50%

 

Figura 35 – Comparação dos códigos de linha NRZ, AMI, 4B3T e 2B1Q. Para a mesma palavra de código (01001110), os códigos 4B3T e 2B1Q têm uma variação mais “lenta” e usam portanto menos largura de banda.

 

A redução no ritmo baud (símbolos enviados por segundo) na codificação da interface S0 para U, implica uma equivalente redução na largura de banda do sinal. O aumento proporcional da probabilidade de interferência intersimbólica é combatido pela escolha de palavras de código convenientes, já que alguns códigos (como o 4B3T) permite uma subutilização do espaço de codificação. Esta escolha permite também uma maior imunidade ao ruído, menor interferência intersimbólica e uma detecção de erros mais facilitada no caso de transmissão de sequências não permitidas.


 

4.Protocolo de nível 2 - Camada de ligação

 

Como já referido, os protocolos que controlam os canais B nas camadas 2 e 3 não são especificados porque são de utilização genérica dos utilizadores. A camada de ligação de dados é então essencialmente responsável pela gestão do nível 2 do sistema de sinalização utilizado em RDIS. O protocolo que faz isto chama-se LAPD (Link Access Protocol on D-Channel)

4.1.                  LAPD (Link Access Protocol on D-Channel)

 

O protocolo LAPD implementa funções de nível mais alto, a saber:

 

*      multiplexagem de várias entidades de ligação de dados sobre o mesmo canal D

*      delimitação (framing), transparência e sincronização de informação

*      garantia de sequenciamento das tramas transmitidas e recebidas através da sua numeração

*      detecção de erros de transmissão, de formatação e de funcionamento sobre uma ligação de dados

*      recuperação de erros de transmissão através da repetição de tramas recebidas com erro

*      notificação da entidade de gestão dos erros que não podem ser corrigidos

*      controlo de fluxo da informação entre emissor e receptor.

 

Opera em dois modos

 

*      modo confirmado (connection-oriented): a informação é encapsulada em tramas cuja recepção é confirmada pelo entidade que as recebe. É usada uma estratégia de janela deslizante e numeração de tramas que permite o envio de várias tramas mantendo o controlo de fluxo. É possível detectar e recuperar de erros de transmissão e formatação.

*      modo não-confirmado (connectionless): a informação é encapsulada em tramas não-numeradas e transmitida directamente, não havendo qualquer confirmação de recepção ou controlo de fluxo.

 

Para estabelecer uma ligação em modo confirmado, é preciso executar primeiro uma inicialização (handshaking) entre os dois processos comunicantes. Este procedimento (SABME - Set Asynchronous Balanced Mode Extended) decorre em modo não-confirmado, com tramas não numeradas. A inicialização garante que uma sequência correcta de números são usados em ambos os extremos.

 

O protocolo LAPD multiplexa no canal D vários tipos de informação provenientes de entidades de nível superior (sinalização, dados, gestão, telemetria...).  No sentido contrário efectua a operação recíproca de desmultiplexagem.

 

 

4.2.                  Funções e estrutura da trama LAPD de nível 2

A estrutura básica desta trama e a sua análise permitem fazer explicar  o funcionamento das ligações funcionais proporcionadas pelo LAPD. Existem na trama em questão os seguintes campos:

Figura 41 Trama LAPD

*      Flags de abertura e fecho

Estas campos têm um valor constante e delimitam o início e o fim da trama LAPD (já que esta é de comprimento variável). Para evitar que estes valores reservados se repitam dentro dos outros campos da trama é utilizada uma técnica de bit stuffing em que essas sequência potencialmente coincidentes são acrescidas de um bit que resolve o conflito e pode ser retirado na descodificação.

*      Campo de controlo

O campo de controlo pode assumir diferentes formatos, caso a comunicação seja em modo confirmado ou não confirmado. As tramas numeradas (I) associam-se ao primeiro e as não-numeradas (U) ao segundo. Existem ainda tramas S de supervisão. Nas tramas numeradas são gerados e enviados números de sequência que asseguram o fluxo controlado e ordenado de informação, gerando retrasmissões em caso de perdas, atrasos ou erros. As tramas S de supervisão  auxiliam esta tarefa.

As tramas U servem para enviar informação em modo não-sincronizado, por exemplos mensagens de estabelecimento de modo confirmado, de desconexão e outras mensagens especiais.

*      Campo de endereço

Este campo contêm a informação necessária para distinguir quem é o destinatário da trama (no caso de trama multiplexados no canal D), se uma trama é um comando ou uma resposta a um comando e ainda qual o tipo de informação transportada na trama.

A atribuição dos endereços aos terminais numa rede do assinante processa-se na troca entre TE’s o NT de mensagens UI especiais de gestão dos endereços TEI (Terminal Equipment Identification)


 

*      Campo de Informação (comprimento variável)

Este campo existe apenas nas tramas I, destinadas a transferir informação de camadas superiores usando as tramas numeradas sequencialmente. O comprimento máximo é de 260 octetos.

*      Sequência de teste da trama

O campo FCS (Frame Check Sequence) é utilizado para detecção de erros da trama. Em caso de erro de trama, é pedida ao emissor a repetição da trama, utilizando para tal as mensagens de supervisão (tramas S).

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 42 Diagrama de mensagens LAPD. Neste exemplo, é primeiro estabelecida uma ligação em modo confirmado. O TE envia um comando SABME ao qual o NT responde com um Unnumbered Acknowledge (UA). A partir daí o TE começa a enviar tramas numeradas. O primeiro número da numeração indica qual a trama que o TE envia e o segundo qual a confirmação pela qual espera. Com a chegada da confirmação I 0,3 por parte do NT, o TE envia uma próxima trama I 3,1. A resposta RR 4 por parte do NT significa que acusa a recepção da trama 3, mas não tem informação para enviar em resposta. É desfeita a ligação pela mensagem Disconnect (DISC) do TE , ao qual o NT responde com um Unnumbered Acknowledge (UA). Estas duas últimas mensagens são enviadas em modo não confirmado e são tramas não numeradas.


 

5.Protocolo de nível 3 - Camada rede

 

No nível 3 tal como no nível 2, não estão definidos os protocolos de controlo dos canais B, pois estão no plano do utilizador e são definidos por este. As recomendações do ITU dizem respeito ao controlo do canal D.

5.1.                  Estrutura das mensagens de sinalização de RDIS

A entidade de nível 3 do plano de controlo do canal D corresponde à camada de rede no modelo OSI. Toma as funções de controlo de chamadas e sinalização:

*      estabelecer chamadas e desligar chamadas

*      negociação de canais B

*      suspender chamadas

*      reactivar chamadas

*      pedir um recurso

 

, utilizando os serviços disponibilizados pela camada 2, a saber

 

*      estabelecimento das conexões da camada de ligação de dados

*      transmissão de dados com protecção de erros

*      indicação de erros não recuperáveis da camada de ligação de dados

*      desligamento das conexões da camada de ligação de dados

*      indicação de falhas da camada de ligação de dados

*      recuperação de certas condições de erro

*      indicação de estado da camada de ligação de dados.

 

Estes serviços são utilizados para gerar versões análogas na camada 3. isto quer dizer que existe também uma função de estabelecimento e desligamento de conexões nesta camada, só que as conexões chamam-se agora chamadas. Implementam-se de modo semelhante funções de transporte, sequenciamento, controlo de fluxo, recuperação de erros e multiplexagem, mas agora a nível da mensagem, a unidade de informação associada a esta camada (o da camada 2 é a trama). Além destes a camada 3 introduz um serviço de relaying, que determina a rota adequada entre entidades de nível 3 na rede e  oferece uma escolha entre comutação de circuitos ou pacotes.

 

As mensagens de sinalização são compostas por um cabeçalho (código do protocolo, referência da chamada e código da mensagem) e por vários elementos de informação de comprimento variável.


 

5.2.                  Controlo de chamadas

 

Existem quatro tipos de mensagens para controlo de chamadas:

 

*      mensagens de estabelecimento de chamadas

*      mensagens da fase de transferência de informação

*      mensagens de desligamento de chamadas

*      mensagens diversas

Os sub-tipos destas mensagens podem variar caso a chamada funcione em comutação de circuitos ou pacotes, ou se se referir a um tipo especial de conexão (sinalização ou global). Na figura seguinte dá-se um exemplo de troca de mensagens de nível 3 entre duas redes RDIS independentes.

Figura 51- Fase de estabelecimento de ligação a nível 3 entre dois terminais de redes de assinante separadas.  As mensagen SETUP e SETUP_ACK estabelecem a ligação entre o TE A e a seu NT. Este passo recorre às primitivas de nível 2 já enunciadas. Depois do envio de algumas mensagens do tipo INFO, atravessa a rede o pedido de chamada, que desencadeia um SETUP na rede de assinante do TE B. A mensagem CALL PROCEEDING avisa o TE A deste facto. O Terminal B envia mensagens ALERTING e CONNECT, e depois das respectivas confirmações, pode começar-se o envio de informação de nível 3.

 

Deve compreender-se que este esquema genérico de estabelecimento e desligamento de chamada estabelece as condições e o modo (pacotes ou circuitos) nas quais as entidades comunicam, sendo a comunicação e outras condições e formatos adicionais especificados no protocolo que reside no plano do utilizador. O objectivo do plano 3 é proporcionar uma base estável e transparente que “esconda” a estratégia de comunicação. Toda a complexidade do formato das mensagens e em torno dos elementos de informação encontra justificação no objectivo de generalizar, simplificar e integrar a interface oferecida ao utilizador/programador.


 

6.Conclusões

6.1.                  RDIS de banda larga e ADSL

 

Como referido anteriormente, a segunda fase da evolução da RDIS é a RDIS de banda larga. Esta atravessa uma fase de investigação e desenvolvimento a nível mundial, estando simultaneamente em normalização no ITU-T, o qual já aprovou um conjunto de recomendações preliminares nesta área. A característica fundamental desta rede é a integração de todos os serviços, incluindo os de débito elevado, como vídeo interactivo em tempo real e distribuição de televisão de alta definição. Esta fase requer, no entanto suportes físicos de transmissão e tecnologias de transmissão diferentes e muito mais avançadas que as disponíveis.

 

A tecnologia ADSL está, aquando da escrita deste trabalho, em franca expansão, sendo a solução de telecomunicações caseira para acesso à Internet mais procurada no momento . A ADSL (Asynchronous Digital Subscriber Line) é uma tecnologia que aumenta a capacidade de transmissão do canal analógico tradicional separando-o em vários subcanais na frequência. Este esquema, discrete multi-tone modulation , DMT, permite

que cada tom (canal) transporte uma parte da informação a enviar. Esta é repartida pelos vários canais, que têm uma taxa de símbolos (baud) muito mais baixa que a bit-rate normal. É possível tratar então mais facilmente dos problemas enumerados em 3.2, como a interferência de banda-estreita, pois estes afectam tipicamente um subconjunto dos canais ao mesmo tempo. Mais precisamente, o termo “assíncrono” refere-se ao ritmo de transmissão ser diferente quer se trate de uma transmissão upstream (utilizador-central) ou downstream (central utilizador). O fenómeno de interferência entre linhas de utilizador (crosstalk) intensifica-se perto da central de transmissão e para frequências mais altas. Logo, as transmissões upstream são efectuadas em faixas de frequência mais baixas de modo a poder minimiza-lo. As transmissões downstream podem ser efectuadas em faixas de frequências mais altas (e mais numerosas) de modo a que o sinal ainda seja suficientemente forte quando chega ao consumidor. A ADSL beneficia assim do facto da taxa de transmissão se adaptar dinamicamente às condições da linha. Permite taxas de transmissão mais altas quando a distância entre a central e o utilizador é menor.

 

Hoje em dia encontram-se no mercado português produtos ADSL no mercado, a preço acessível para o utilizador caseiro, que oferecem uma taxa de transmissão downstream de 8Mbit/s, quase duas ordens de grandeza superior ao ritmos típicos da RDIS na interface U.  A ADSL impõe-se progressivamente como um tecnologia de suporte a serviços de banda larga sem a implicação da modificação completa da infraestrutura do assinante.

 

Figura 61 Utilização da banda da linha do assinante na tecnologia ADSL. Ao criar canais diferentes e mais numerosos na frequência, o ADSL aproveita as heterogeneidades desta para proporcionar uma transmissão mais eficiente.

6.2.                  Conclusões

A tecnologia RDIS é um bom exemplo de um conceito inovador travado pela lentidão dos órgão reguladores, excessiva preocupação com a normalização e negligência de tecnologia existente. A RDIS oferece um serviço robusto de telefonia, mas para um utilizador comum e nas aplicações multimédia e de transporte de dados não apresenta uma taxa de transferêcia bruta muito superior à utilização de um modem analógico de 32-56Kbps. Além disso, os custos mais elevados nunca geraram uma adesão em massa.

No Japão, a tecnologia ISDN teve um sucesso relativamente grande, com companhias como a NTT a registarem um número superior de assinaturas RDIS que assinaturas telefónicas convencionais. Um dos produtos com mais saida é um kit Karaoke por RDIS. Ainda no Japão e outras partes da Ásia, existem redes integradas privadas à base de cabos Ethernet que ligam muitos assinantes e providenciam serviços de telefonia e televisão, entre outros. Na europa, particularmente em França e na Alemanha, assistiu-se a uma expansão mais rápida da tecnologia RDIS.

Hoje em dia, a tecnologia RDIS vê o seu espaço de acção cada vez mais reduzido. A promessa da integração de serviços é hoje satisfeita quase completamente pelo protocolo IP. Para o utilizador caseiro (home user) assinante de uma linha analógica normal, as facilidades de acesso à Internet e ao telefone simultaneamente são garantidas por tecnologias como a Internet/TV por Cabo ou ADSL. Esta última permite aceder à internet (e portanto a recursos IP) a ritmos cada vez mais elevados, através da mesma interface twisted-pair de sempre, deixando o canal de voz tradicional intacto.  Para utilizadores que necessitem de aplicações de transporte de conteúdos de voz e video de elevado débito é cada vez maior o apelo dos serviços VoIP (Voice over IP) que necessitam apenas de uma ligação à Internet. Enquanto o RDIS reserva o seu espaço no mundo da telefonia e onde os serviços de banda larga não estão disponíveis, a Internet e o IP são a verdadeira rede com integração de serviços.


 

7.Bibliografia

*      MÁRIO SERAFIM NUNES, “Redes Digitais com Integração de Serviços (RDIS)”, Adaptado de “Redes Digitais com Integração de Serviços” , Mário Serafim Nunes, Augusto Júlio Casaca – disponível em http://digitais.ist.utl.pt/ec-ris/textos-aulas/1a%20parte%20RDIS.pdf

 

*      LEVI EHUD, HADAD ELI, EPSTEIN AMIR “The X.25 protocol” http://www2.rad.com/networks/1996/x25/x25.htm

 

*      MEL BECKAM, An Introduction to ISDN”, http://www.jet.net/isdn/isdnintro.html

 

*      MICHAEL C. BOUY,  NEXTEP Broadband, “Introduction to ADSL”  http://www.nextep.com.au/upload/Introduction_to_ADSL.pdf

 

*      SYNAPSE NETWORKS, “ISDN Fact Sheet” http://www.isdnshop.com/isdn-facts.html

 

*      TOTAL ACCESS NETWORKS, “ISDN History” http://isdn.totalaccess.net/history.html

 

*      RUSTY NEJDL,  “LAPD Protocol (N-ISDN)” http://networking.ringofsaturn.com/Telecommunications/isdn.php

 

*      PAUL FINDON, “ISDN in Japan http://www.infopage.net/myspace/internet/isdn-j/isdnjapan.html