Conclusões e Previsões Futuras
Tal como em todos os restantes ramos das Telecomunicações bem como da Engenharia Electrotécnica em geral, a constante evolução tecnológica dos materiais e técnicas de fabrico têm vindo a ditar a possibilidade física de construir equipamentos cada vez mais rápidos, versáteis e diminutos.
Este factor tecnológico é, aliado ao espírito inventivo humano, o grande propulsor do desenvolvimento.
No campo da televisão via satélite têm-se assistido ao longo das últimas décadas a inovações tremendas quer ao nível técnico, quer ao nível de conteúdos e tipos de serviços disponibilizados. Senão vejamos:
· No início da década de 60 os satélites de comunicações típicos tinham tempos de vida de cerca de ano e meio, pesos da ordem das dezenas de kg, potências de dezenas de Watts e capacidade para cerca de 200 canais telefónicos ou 2 canais de Tv.
· No virar do milénio os satélites lançados estão já com tempos de vida previstos para 10-15 anos, pesando duas toneladas, com potências instaladas da casa dos 10kW e capacidade para milhares de canais telefónicos e centenas de canais de televisão.
· Só no período de 1980 a 2000 foram lançados com sucesso cerca de 2490 satélites, estando actualmente em funcionamento aproximadamente 600.
· O sistema de comunicações por satélite evoluiu desde as chamadas telefónicas básicas no inicio, começando a prestar serviços de observação meteorológica (1959) e de difusão de Tv (1962), passando para a recepção individual de televisão (satélite ATS 6 – 1974) e estando actualmente a desenvolver serviços de localização (GPS), comunicações telefónicas móveis pessoais, observação terrestre e espionagem militar.
A previsão mais natural é a de que este tipo de evolução tenderá a continuar.
Em termos tecnológicos teremos cada vez satélites mais pesados, mais potentes e com processamento de sinal mais rápido (maiores larguras de banda), já que cada vez mais será comercialmente e tecnologicamente viável a produção de circuitos com integração de alta densidade (assim a Lei de Moore se continue a verificar).
Sendo um dos componentes fundamentais da norma DVB-S o processo de codificação/compressão de sinal, e estando esta área num crescente de evolução, é também natural a evolução ao nível de conteúdos e serviços. A norma actualmente em uso, MPEG-2, foi criada com o propósito de obter forte compressão do sinal e possibilitar o tratamento de um maior número de canais, dentro de uma banda limitada. Na tentativa de aumentar a compressão foi na década de 90 desenvolvida a norma MPEG-4. No entanto, ao utilizar uma estratégia de compressão por análise semântica dos objectos que constituem a imagem, abriu-se caminho à interactividade do utilizador com os conteúdos visionados. Actualmente está disponível a norma MPEG-4 AVC, que possibilita a mesma interactividade conseguindo ganhos de compressão significativos face à anterior.
As previsões ao nível de serviços apontam para uma estagnação do desenvolvimento de normas codificadoras, dado que as actuais apresentam elevados padrões de funcionalidade.
É no entanto previsível um elevado desenvolvimento dos conteúdos disponíveis para estas novas técnicas durante as próximas décadas, dada a maior receptividade das gerações actuais para os conteúdos interactivos, serviços estes que permitirão num futuro não muito distante a verificação do utópico desejo, “anytime, anywhere” .