Receptores de Sinal
Funcionalidades e objectivos
Todos os sistemas de televisão por satélite terminam num receptor. Existem diversos tipos deste equipamento, com funcionalidades e aplicações diversas, mas a principal distinção a fazer é entre sistemas analógicos e digitais. Pela distinção efectuada é óbvio compreender que receptores analógicos são capazes de efectuar somente desmodulação analógica, e receptores puramente digitais apenas conseguem desmodular transmissões digitais. Existem no entanto receptores simultaneamente analógicos e digitais, capazes de lidar com os dois tipos de sinais. Deve ser feita também uma distinção entre receptores e receptores/desencriptadores (IRD - integrated receiver/descrambler). Os primeiros simplesmente desmodulam o sinal recebido, ao passo que os sistemas receptor/ desencriptador incluem capacidade para recuperar sinais encriptados, quer os analógicos, quer os digitais.
Assim, as funcionalidades dos receptores concentram-se em:
§ Recepção electrónica do sinal – desmodulação.
§ Separação (desmultiplexagem) do tipo de informação contida no sinal (bandas de áudio/vídeo e sinais de controlo) e respectivo encaminhamento.
§ Desencriptação dos conteúdos permitidos (nos IRD’s).
§ Descodificação de todo o conteúdo recebido (descompressão).
§ Adaptação dos sinais à representação no formato de televisão local.
A descrição mais detalhada de cada funcionalidade é feita seguidamente, na secção 2.4.2, e acompanhada da descrição por blocos de um sistema receptor.
Descrição por blocos operacionais
Nesta secção procura-se ilustrar de uma forma superficial os blocos electrónicos constituintes de um sistema receptor de sinais de televisão por satélite. A exemplificação é feita para um sistema IRD, uma vez que é mais completo, possibilitando assim a explicação que também abrange os sistemas receptores puros.
I. Bloco de recepção
Nesta primeira fase, o sinal é recebido electronicamente, passando por filtros passa banda sintonizados para o canal pretendido, amplificadores de baixo ruído e desmoduladores próprios para o tipo de sinal que se pretende receber.
II. Bloco de desmultiplexagem
Este subsistema destina-se a separar as componentes dos sinais desmodulados (sinais de vídeo/áudio e controlo) e a enviá-los para o bloco respectivo.
III. Bloco de segurança
Este bloco consiste num processador de segurança, ao qual são entregues os sinais de controlo do sistema, e que vai efectuar o processamento necessário, afim de determinar quais os conjuntos de serviços (tipicamente um pacote de canais) a que o acesso está autorizado.
IV. Módulo de permissão de acesso
Esta secção recebe do processador de segurança a informação dos canais cuja visualização é permitida. Nesta secção está o CAM – Conditional Access Module, que é um dispositivo destinado a trocar informação com um cartão electrónico (smart card) que o utilizador coloca no receptor. Este cartão tem um formato único para cada distribuidor de serviços de televisão por satélite e inclui chaves próprias e algoritmos de desencriptação exclusivos. Sistemas de encriptação comuns são, por exemplo, Nagravision, SmartCrypt, Syster, ou VideoCrypt. O cartão é personalizado ao nível do utilizador, com a atribuição de um número de identificação específico. Quando o processador de segurança recebe sinais do operador a atribuir autorização ao cartão respectivo para desbloqueio de determinados canais, o cartão e o CAM trocam a informação necessária de forma a desencriptar o sinal.
V. Bloco descodificador
Este bloco não deve ser confundido com o anterior, apesar do nome assim o sugerir. Descodificação, nestes sistemas digitais, refere-se ao processo de recuperar um sinal codificado com técnicas de compressão (tipicamente MPEG-2) utilizadas para maximizar o número de canais possíveis de transmitir numa largura de banda limitada. A descodificação não emprega algoritmos ou chaves secretas, nem necessita de identificação/autorização prévia. É simplesmente necessário que o equipamento tenha o hardware/software necessário para descomprimir a stream de dados que recebe.
VI. Bloco modulador
Esta última secção do receptor é a interface com o sistema de televisão local, e visa adaptar a informação de áudio e vídeo ao formato próprio de exibição do sistema televisivo a ser utilizado (PAL, NTSC, SECAM, etc.).
Adaptação aos sistemas televisivos locais
A diversidade de sistemas de difusão de sinais televisivos, bem como de interfaces possíveis, justifica plenamente que aqui se aborde o tema em mais pormenor.
Se bem que ainda actualmente o sistema mais utilizado seja o da modulação da informação para as bandas típicas de difusão analógica (VHF/UHF) e o respectivo envio por cabo coaxial para a entrada de antena do receptor de televisão local, outros formatos começam a conquistar espaço próprio.
Nos últimos anos tem-se assistido à expansão do novo tipo de interface a ligação SCART, que não requer modulação para bandas de alta frequência, uma vez que efectua transmissão digital em banda de base.
Também conexões como a S-Video ou o chamado Vídeo por componentes, começam a crescer, impulsionados pelos sistemas de cinema em casa.
De referir também que, para além de ser responsável pelo interface de hardware com a televisão, o receptor satélite é também responsável pelo envio de sinais compatíveis com as normas locais, PAL, SECAM ou NTSC, no caso da transmissão em VHF/UHF.