Feito por:

Rui Babar    49505

Rui Gusmão 49502

 

1-Introdução/objectivos

 

2-Evolução Histórica

3-Constituição e modo de funcionamento das fibras ópticas

 

4-Atenuação e dispersão nas fibras ópticas

5-Esquemas de modulação e multiplexagem usados nas fibras ópticas

 

6-Considerações de desenho de sistemas de comunicação óptica usando fibras ópticas

 

7-Exemplos de sistemas de comunicação óptica usando fibras ópticas

 

8-Outro tipo de sistemas de comunicação óptica - Wireless

 

9-Vantagens e desvantagens do uso de sistemas baseados em fibras ópticas

 

10-Perspectivas futuras dos sistemas baseados em fibras ópticas

 

11-Conclusões

 

12-Referências Bibliográficas

 

                                                           

 

                                                           

 

 

 

 

 

 

                       



                                               

                       

1-Introdução/objectivos               

 

Este trabalho tem como objectivo informar o leitor sobre o que são e como funcionam os sistemas de comunicação óptica baseados em fibras ópticas.

Começa-se por descrever a sua evolução histórica, constituição, o modo de funcionamento, e os modos de propagação permitidos.

Em seguida é abordada a os esquemas de modulação utilizados nas fibras bem como  multiplexagem de canais de comunicação  analisando vários sistemas usados actualmente.

Descreve-se depois, e embora sucintamente, o sistema de comunicação óptica sem fios.

Por fim são enunciadas as principais vantagens e as desvantagens na utilização das fibras ópticas em relação aos condutores eléctricos.



                                               

                                               

2-Evolução Histórica

 

                Em 1870, John Tyndall demonstrou que um feixe de luz podia ser guiado, por reflexão interna, num jacto de água vindo de um orificio de um balde para outro recipiente. Verificou-se que o feixe de luz seguiu uma trajectória em Zig-Zag dentro do "tunel" formado pelo jacto de água. Esta experiência marcou o primeiro passo na pesquisa da propagação guiada da luz.

                Em 1880, William Wheeling patenteou o método de "canalização da luz" usando tubos espelhados, mas a sua ideia foi posta de parte devido à concorrência por parte da lâmpada de Edison. Nesse mesmo ano, Alexander Graham Bell, desenvolveu um sistema de transmissão óptico de voz, denominado por Fotofone, que usava um feixe luminoso em espaço livre para transmitir um sinal de voz a uma distância de 200m.

                No entanto, foi apenas na 2ª metade do século 20, que a tecnologia por trás dos sistemas de comunicação óptica viu progressos significativos,com um sistema de transmissão de imagens usando fibra de vidro, desenvolvido concorrentemente por Brian O'Brien na "Americal optic Company" e por Narinder Kapany (que inventou o termo "fibras ópticas" em 1956) e colegas no "Imperial College of Science and Technology" em Londres. As primeiras fibras de vidro sofriam perdas ópticas excessivas, limitando o uso a transmissões a curta distância(). A situação melhorou , quando se introduziu a camada exterior ao núcleo, a baínha, que impedia que a luz "escapasse" do núcleo, diminuindo significativamente as perdas.

                O desenvolvimento do laser foi o próximo passo importante para o estabelecimento da indústria das fibras ópticas. Em 1957, Gordon Gould descreveu o laser como uma fonte intensa de luz, popularizando o uso do laser.

                 Em 1966 Charles H. Kao e george A. Hockman sugeriram o emprego de fibras ópticas como meio de transmissão do sinal óptico proveniente de um laser se a sua atenuação fosse inferior a 20 dB/km. No entanto a atenuação então produzida pela fibra era bastante elevada (da ordem dos 1000 dB/km) e não competitiva face a outros meios de transmissão. Na altura chegou-se à conclusão que os valores de atenuação observados se deviam a impurezas no vidro.

                Em 1970 a Corning Glass Works consegue produzir fibras de núcleo homogéneo com atenuação inferiores a 20 dB/Km na risca de lambda=633 nm.

 

As fibras ópticas foram-se aperfeiçoando ao longo dos anos oitenta, numa série de gerações que estão ligadas a um comprimento de onda central, e uma vizinhança ou janela, as "windows" na figura em baixo:

Figura 0- As 4 regiões de comprimento de onda de atenuação mínima vs atenuação correspondente.

 

                Numa primeira geração, no ínicio dos anos 80, funcionavam com um comprimento de onda de aproximadamente 850 nm(tirando partido da 1ª janela),com perdas da ordem dos 3.5 dB/km, dado que a tecnologia dos LED's para essa gama de comprimentos de onda já estava desenvolvida.

À medida que a tecnologia dos LED's evoluiu, novas gamas de comprimentos de onda passaram a ser acessíveis, e muitas companhias passaram a funcionar na 2ª janela, nos 1310 nm, com atenuações de 0.5 dB/km.

                Entretanto em 1977 tinha sido desenvolvida a 3ª janela(comp. onda~1550 nm), que oferecia um limite mínimo de atenuação de 0.2 dB/km. Actualmente está em estudo uma 4ª janela(comp. onda~1625 nm) que oferece atenuações semelhantes às da 3ª, e existem sistemas que funcionam com comprimentos de onda correspondentes às varias janelas (850,1310,1550 nm).

 



                                               

3-Constituição e modo de funcionamento das fibras ópticas

 

Fibras ópticas são longos e finos cilindros de vidro (materiais dieléctricos) , da espessura de um cabelo humano ,usados para transmitir informação através de longas distâncias.

 

A constituição de uma fibra óptica é a seguinte.

 

 

Corresponde portanto a um guia de onda dieléctrico de secção circular constituído por um meio interior (núcleo) e rodeado por um meio exterior designado por bainha.

 

Estas unidades são frequentemente agrupadas em agregados, chamados cabos ópticos, que depois são revestidos por uma cobertura que os protege do exterior, com ou sem fibras de reforço, e com camada externa de plástico, como o exemplo da figura 2.

 

 

                Figura 2-Cabo óptico

               

 

 

 

 

                A informação é transmitida no núcleo através de sinais de luz que o percorrem .Para iniciar a transmissão é usado um conversor que transforma impulsos de tensão na linha de entrada num feixe laser, que é direccionado para o interior da fibra(núcleo).

Figura 3-Esquema de transmissão de sinal eléctrico usando fibra óptica

 

O princípio de funcionamento é o fenómeno físico denominado reflexão total da luz . Para que haja reflexão total a luz deve sair de um meio com um índice de refracção maior (núcleo) para outro com um índice de refracção menor(baínha),e o ângulo de incidência deve ser maior ou igual ao ângulo limite(também  chamado ângulo de Brewster).

                O feixe laser de entrada é assim guiado pelas paredes do núcleo(fronteira núcleo-baínha) através da a fibra, até ao fim desta onde um receptor reconverte a radiação electromagnética num sinal eléctrico.

 

                Existem três tipos de fibras tradicionais que se distinguem pelo perfil transversal dos índices de refracção e pelas dimensões radiais do núcleo .Verifica-se sempre homogeneidade longitudinal e simetria cilíndrica em todos os tipos de fibras.

                As características influenciam o número de modos que nelas se podem propagar(configuração modal) e a dispersão dos campos electromagnéticos.

                Há dois tipos principais de distribuição transversal do índice de refracção do núcleo:

 

                -Constante, fibras de núcleo homogéneo (step-index).

 

                -Perfil parabólico, fibras de núcleo não homogéneo(graded-index), que permite melhorar a resposta da fibra que funciona em regime multimodal.

 

Nas fibras de núcleo homogéneo, distinguem-se dois grupos, o mais antigo de fibras que funcionam em regime multimodal , e o mais recente, com fibras que funcionam em regime monomodal, e que necessitam de núcleos com raio menor, como apresentado em seguida.

 

Figura 4-variação transversal do índice de refracção para cada tipo de fibra.

 

 

 

Figura 5 - tipos de fibras ópticas(dimensões e perfis correspondentes).

 

                Nas fibras ópticas o ângulo limite é denominado abertura numérica NA=(n1^2-n2^2)^1/2 ,tipicamente próximo de 0,2 nas fibras multimodo  50/125 , e é um indicador da capacidade de captação luminosa da fibra.

                Nas fibras ópticas também é usual definir um outro parâmetro que é o contraste :

                3.1

Este parâmetro apresenta normalmente valores na ordem dos 10^-2 ou 10^-3  .

                Outra grandeza importante é a frequência normalizada, designada por V, e relacionada com a abertura numérica pela seguinte fórmula:

                   3.2    , sendo “a” o raio interior da fibra.

                Para uma fibra de núcleo homogéneo o nº de modos que se propagam na fibra é dado aproximadamente por

                  3.3

e nas de perfil parabólico é dado por

                    3.4

Os modos propagam-se longitudinalmente na fibra e têm frequências mínimas de funcionamento, a frequência mímima de funcionamento da fibra, a que permite que os primeiros modos degenerados TE01 e TM01 se transmitam é Vc=2.405. As frequências de corte normalizadas são apresentadas na tabela seguinte com Vc=.

 

Tabela 1-Modos de funcionamento numa fibra monomodo e suas frequências de corte

 

                Se quisermos que a fibra funcione em regime monomodal, há que diminuir o valor de V, reduzindo o diâmetro do núcleo (2a), ou aumentando de modo a que apenas se propaguem os modos degenerados TE01 e TM01, além do modo HE11. A redução da abertura numérica é problemática porque reduz a intensidade do sinal óptico introduzido na fibra.

                Fibras com NA grande não são úteis do ponto de vista da comunicação óptica devido à distorção intermodal (dispersão). Por outro lado a diminuição do raio do núcleo também levanta problemas na junção de troços de fibra e sua manipulação.

                Os modos de propagação condicionam assim as frequências de trabalho nas fibras ópticas.

 



                                               

 

 

                                                               

4-Dispersão e atenuação nas fibras

 

                A atenuação na fibra corresponde à redução da amplitude (diminuição da intensidade da luz) do sinal que nela passa, devido ao facto de a reflexão não ser total, especialmente devido a impurezas no material , curvas, e imperfeições na junção de troços de fibra. A atenuação na fibra depende do comprimento de onda e segue uma lei de variação não linear indicada na figura 0 (ver introdução, onde se fala da evolução da curvas de atenuação ao longo das ultimas décadas).

 

                Ao transmitir um conjunto de impulsos gaussianos numa fibra unimodal  verifica-se que eles sofrem um espraiamento no tempo, como indicado na figura 6, tal distorção corresponde ao fenómeno da dispersão.

Figura 6-Espraiamento no tempo de uma sequencia de impulsos gaussianos devido à dispersão.

 

                As contribuições para este alargamento são várias e podem dividir-se em :

                -Dispersão intramodal

                -Dispersão intermodal

 

A dispersão intramodal nas fibras ópticas subdivide-se em dispersão material , que é devida à dependência dos índices de refracção do comprimento de onda, e dispersão estrutural ou do guia, que é particularmente importante nas fibras monomodo(nas multimodo prevalece a dispersão intermodal) e resulta da dependência das constantes de propagação no núcleo e no guia de .

Figura 7- Variação da dispersão intramodal material e de estrutura em função de .

 

                A dispersão intermodal é devida à diferença dos tempos de propagação dos diversos modos na fibra devido a diferenças de percurso , que pode provocar diminuição do ritmo de transmissão na fibra, este efeito pode ser reduzido usando perfis não homogéneos como os referidos acima(figura 4), que diminuem as diferenças de percurso . Este tipo de dispersão pode ser eliminado utilizando fibras monomodo.

 

 



                                               

 

                       

5-Esquemas de modulação e multiplexagem usados nas fibras ópticas

 

AM- Amplitude Modulation:

                Pode funcionar em banda de base , ou com portadora de rádio frequência(RF) e, neste ultimo caso, ser de banda lateral única. Caso seja usado, é necessario efectuar uma compensação das perdas ópticas, quer tirando partido de alguma propriedade do sinal transmitido, por exemplo, no sinal de vídeo o pulso de sincronismo não varia a amplitude com o tempo, podendo ser usado para distinguir perdas ópticas com variação de amplitude do sinal, ou então usar um sinal em paralelo com uma amplitude de referência, e com frequência ligeiramente acima ou abaixo da frequência da informação transmitida. É o sistema de modulação mais barato.

                Desvantagens:

                -Necessidade de componentes altamente lineares para prevenir a distorção do sinal que atravessa a fibra, que aumenta o custo.

                -Necessidade de compensar a atenuação na fibra para poder estimar a amplitude do sinal recebido, uso de controlo automático de ganho no pulso de sincronismo, e uso deste.

 

FM-Frequency Modulation:

                Uso de uma portadora de alta frequência, em que a informação é transmitida a partir de uma variação de frequência da portadora dependendo da amplitude do sinal de entrada, facto que o torna menos vulnerável às variações de amplitude que constituem as perdas ópticas. Os sistemas FM têm também uma melhor relação sinal ruido que os sistemas AM.

                Para eliminar a necessidade de componentes altamente lineares(necessários na transmissão usando AM), sistemas de comunicação óptica usam uma técnica denominada PFM("pulse frequency modulation"), na qual o sinal é digitalizado antes de ser transmitido ao longo da fibra.

                Desvantagens:

                -Circuitos mais complicados que no AM acabam por compensar o que se poupava nos componentes ópticos, tornando o sistema mais caro.

Digital Modulation:

                Esta modulação requere uma conversão do sinal de entrada, analógica para digital PCM (pulse code modulation), que portanto modula a fonte de luz. Das variantes do PCM, destacam-se os sinais PAM, DM, ADM, PSK e o DPSK. O PCM involve o sequenciamento de pulsos (ou de um código) para representar uma porção do sinal. Os canais de transmissão são multiplexados por divisão no tempo e são enviados para o transmissor de laser.

                Ao contrário das transmissões analógicas, a transmissão digital não é tão afectada pela distância, ruído do emissor de luz ou distorção. Além disso, este tipo de modulação não requer o uso de um emissor de laser linear, permitindo o uso de componentes mais baratos.

                Desvantagens:

                -Circuitos digitais mais complicados que os analógicos aumentam o custo do sistema em relação a sistemas que recorram a AM.

 

Na tabela seguinte(tabela 2) é feita a comparação entre os diferentes tipos de modulação usadas em sistemas de transmissão por fibra óptica.

Tabela 2-Comparação entre diferentes tipos de modulação

 

 

Multiplexagem de canais em fibras ópticas:

 

                A multiplexagem é uma técnica que permite enviar várias mensagens distintas através do mesmo canal de transmissão simultaneamente.

                Existem dois tipos básicos de multiplexagem de canais numa fibra, TDM (time division multiplexing), e FDM ( frequency division multiplexing ), que podem ser usados simultaneamente.

                Nas fibras ópticas, a multiplexagem por divisão do comprimento de onda WDM, (wavelength division multiplexing), que corresponde a FDM, permite o aumento da largura de banda num sistema de comunicação e é amplamente usada. Esta tecnologia baseia-se no facto das fibras ópticas poderem transportar vários comprimentos de onda de luz simultaneamente (canais), sem haver interacção entre dois comprimentos de onda.

                Para se usar a multiplexagem, a fibra óptica deve ter, para comprimentos de onda de 1530 a 1570 nm , poucas perdas. Também se requere um amplificador apropriado como, por exemplo, EDFA (erbium doped fiber amplifier) a cada 100km de distância na comunicação para minimizar as perdas na transmissão (atenuação e dispersão). Outro aspecto a ter em conta é o facto do laser no emissor emitir luz com um único comprimento de onda. Portanto o emissor  emite um laser  para cada canal de transmissão, estando os sinais espaçados nos 50, 100 ou 200 Ghz ao longo da banda de 1530 a 1570 nm de ganho dos EDFA's (que tem uma largura de banda na frequência de ~5 THz) . O  multiplexer juntamente com filtros apropriados permite combinar os diferentes comprimentos de onda numa fibra única. No final da transmissão usa-se um Demultiplexer para separar os diferentes sinais de luz, que posteriormente são convertidos novamente em electricidade no receptor, que geralmente é constítuido por fotodíodos PIN e electrónica apropriada fazendo a interface com o computador ou rede electrónica.

 

                Todos estes elementos combinados permitem o envio de informação via fibras ópticas.Todavia devido à redundância, custo ou mesmo capacidade dos sistemas, as redes ópticas  são desenvolvidas com a capacidade de direccionar canais ( routing) em percursos múltiplos até atingirem o destino final, utilizando MultiplexersAdd/Drop” que acrescentam/removem determinados comprimentos de onda do agrupamento que se encontra numa fibra óptica, permitindo a um sistema com WDM ter uma topologia de rede desejada. Utiliza-se também interruptores ópticos que permitem o reencaminhamento dos diferentes canais, tendo em vista a conversão mínima da luz novamente em electricidade, mantendo a distribuição da informação o máximo possível no domínio óptico.

 

 

 

               

Figura 8- Exemplo de um sistema DWDM (dense wavelength division multiplexing), que é equivalente ao WDM.

No exemplo acima(figura 8), cada canal de entrada possui uma frequência(e, consequentemente, comprimento de onda) distinta, os quatro canais são convertidos de tensão eléctrica para feixe óptico e  enviados para o multiplexer Dwdm, que os transmite em paralelo na fibra, que como tem uma ligação longa(>100 km) possui um amplificador óptico EDFA entre emissor e receptor.

 

                                   



                                               

 

6-Considerações de desenho de sistemas de comunicação óptica usando fibras ópticas

 

A tabela seguinte(tabela 3) apresenta factores a ter em conta no dimensionamento de um sistema de comunicação óptica.

Tabela 3-Factores a ter em conta num sistema de comunicação óptica.

 

                Dentro dos factores apresentados, o que predomina é a distância. Apesar disso, os factores estão interligados, por exemplo: a distância afecta a potencia recebida, que por sua vez influencia a escolha da potência do emissor, que afecta também o tipo de fibra a usar e a modulação mais conveniente.

                A sensibilidade no receptor determina a potência requerida mínima de forma a atingir a performance desejada (Probabilidade de erro de bit). Tem em conta o ruído no emissor, na fibra e no receptor, bem como a interferência intersimbólica, o Jitter (no tempo).

                Outro factor a ter em conta é o que se relaciona com as condições ambientais. A temperatura afecta componentes de transmissão como os LEDs ou lasers bem como a própria fibra. Na concepção das instalações devemos ter em conta as radiações EM, os incêndios, a própria escolha dos cabos entre outros.

                O custo das componentes pode também vir a influenciar a projecção do sistema. Deve-se sempre obter a melhor relação qualidade-custo que passa pela obtenção da melhor performance com o menor custo possível.

            Desenhar um destes sistemas é tarefa complicada, uma das técnicas usadas é o balanço de perdas ópticas, descrito em seguida.

 

Balanço de perdas ópticas:

 

                Este balanço consiste na análise da potência de saída do emissor, seguida da influência de factores do meio e do sistema, de modo a avaliar se a potência recebida no receptor está dentro dos seus limites de sensibilidade.

Figura 7-Ligação hipotética e o seu balanço de perdas ópticas

 

                O gráfico acima mostra uma ligação hipotética e o seu balanço de perdas ópticas, começando pela saída do emissor do lado esquerdo, o valor de -12.5dBm é um valor típico de potência no emissor.

No entanto, o LED do transmissor pode variar +/-2dBm devido a variabilidade no fabrico do próprio LED. Por conseguinte, a saída pode estar entre -10.5 dBm e -14.5 dBm, como é apresentado no bloco a vermelho. De seguida é contabilizada a variação da gama de valores da potência recebida para os restantes parâmetros, o valor da atenuação devida à distância("Fiber loss" na figura 6) é obtido multiplicando comprimento da ligação pelo valor a branco na figura 7 e na coluna correspondente.

                Contabilizados todos os efeitos do modelo obtém-se a gama de potência recebida, e assim sabe-se qual a gama de potências a que o receptor deve ser sensível.

 

                Como a atenuação é reduzida, o que condiciona o uso de repetidores/regeneradores ópticos é a dispersão (não linearidades da fibra) em ligações de longa distância ( >100 km).

 

Repetidores/regeneradores:

                Os repetidores nos sistemas de comunicação óptica servem para aumentar a distância possível entre estações e são tipicamente colocados de 100 em 100 km, feitos à base de semicondutores (SOA-semiconductor optical amplifiers).

Dos repetidores SOA destacam-se os EDFA(erbium doped fiber amplifier) , desenhados para amplificar comprimentos de onda próximos de 1550 nm com uma banda de 1530 a 1570 nm (que corresponde a uma largura de banda na frequência de ~5 THz).

 

 

 

 

 

Padrões (standards):

                Quando se projecta um determinado sistema de telecomunicações, deverá se promover também a compatibilidade e a inter-operação com outros sistemas, seguindo determinados padrões (standards) que são suportadas pela ITU-T (International Telecommunication Union - Telecommunication).

                Nas fibras ópticas estes padrões dividem-se nas seguintes áreas:

                -metodologias para componentes activas e passivas dos sistemas ;

                -metrologia e calibração;

                -interface de sistemas;

                -especificações dos sistemas e seus componentes;

                -performance e fiabilidade;

                -guias de design de sistemas;

                -terminologias e simbologias.

 



                                               

 

 

                                               

7-Exemplos de sistemas de comunicação óptica usando fibras ópticas

 

 

Transmissão de dados

 

SDH (Sonet)

 

            SDH (áásynchronous digital hierarchy) é um standard international para transmissão síncrona de dados para um ritmo máximo de cerca de 40 Gb/s. A rede SDH define os níveis da portadora óptica e os seus equivalentes eléctricos, denominados por sinais de transporte síncrono STS. O primeiro passo envolve a multiplexagem múltipla de sinais, gerando o sinal de nível mais baixo (STS-1). A sua portadora é denominada por OC-1, que transmite a um ritmo de aproximadamente 52 Mb/s. Os restantes sinais operam de 155 Mb/s até 40 Gb/s.

                Os elementos básicos que compõem este sistema são o multiplexer (no terminal), regenerador (para transmissões a longa distâncias), multiplexeradd/drop” (para configurações locais) e conectores digitais.

                Esta técnica de multiplexagem apresenta como principal vantagem face aos sistemas assíncronos, a simplificação na temporização (introdução do sincronismo) que reduz a complexidade dos circuitos e o custo. áá

 

 

 

Figura 8.- Rede SDH com a configuração de Hub. A ligação em Hub permite uma maior flexibilidade no sistema, permitindo a convergência com outros protocolos como o ATM( asynchronous transfer mode), protocolo de Internet, etc.

 

 

Configurações de sistemas de vídeo/áudio multi-formato (analógicas e digitais)

                Incorporando a tecnologia da multiplexagem, aplicações bidireccionais para transporte de Sinais áudio e/ou vídeo são facilmente executáveis. A figura seguinte mostra um exemplo de sistema de 8 canais utilizando uma fibra óptica monomodal.

 

 

               

Figura 9- Configuração ponto a ponto de um sistema de 8 canais bidireccional.

 

                Por outro lado pode-se melhorar a fiabilidade do sistema devido a redundância usando interruptores ópticos. No exemplo seguinte, o interruptor tem na sua entrada dois caminhos possíveis. Quando um desses caminhos falha (diminuição para um valor menor que o valor limite de entrada), o interruptor escolhe o outro caminho. Assim evita-se a intervenção do operador do sistema.

 

 

Figura 10- Sistema unidireccional com melhoria devido a redundância.

 

 Ligação Ponto a ponto

 

Uma das preocupações das emissoras é o de garantir na recepção a maior qualidade possível de áudio/vídeo. O facto da fibra óptica ser imune às interferências de rádio-frequência e electromagnéticas garante a não degradação dos sinais emitidos, melhorando a qualidade na recepção. Por outro lado a maior largura de banda disponível com a fibra óptica permite o aumento da distância das transmissões.

Figura 11- Transporte ponto a ponto.

 

                                   



                                               

 

           

8-Outro tipo de sistemas de comunicação óptica - Wireless  

 

            Geralmente associa-se a comunicação óptica com a comunicação com fibras ópticas. No entanto pode-se instalar um sistema de comunicação óptica sem o recurso a fibras ópticas. Baseando-se na tecnologia óptica de espaço livre FSO (free space optics), estes sistemas (que se baseiam na DWDM) são apetecíveis pois permitem que uma determinada rede de transmissão alcançe, virtualmente, um determinado destino final sem recurso a escavações ou outro tipo de técnicas geralmente associadas quando se emprega fibras ópticas. Outro aspecto importante também é o facto de na tranmissão no ar serem usadas espectros acima dos 300 Ghz que permanecem sem licença e portanto sem custo. No entanto não deve ultrapassar o limite de radiação imposta pela IEC (International Electrotechnical Commission).

                Temos como exemplo de utilização destes sistemas, o acesso wireless de internet nas universidades ou noutros estabelecimentos.

                Tal como todos os sistemas de comunicação, este também apresenta desvantagens. Neste caso  temos como desvantagens, como o facto destes sistemas não oferecerem o mesmo nível de segurança do que um sistema baseado em fibras ópticas. Por exemplo há a possibilidade (embora remota) de um outro receptor captar a transmissão wireless. Além disso o fumo ou outras impurezas no ar poderem degradar a transmissão.Também se prevê que estes sistemas (face ao limite de radiação imposto pela IEC) não cheguem a atingir os ritmos de transmissão dos sistemas baseados em fibras ópticas.

 

 



                                               

 

 

                                               

9-Vantagens e desvantagens do uso de sistemas baseados em fibras ópticas

                Figura 12-Curvas atenuação vs frequência nos tipos de linhas eléctricas mais populares e nas fibras ópticas.

               

Como se verifica, para frequências acima de 5-10 MHz, nem o cabo coaxial consegue competir com a fibra óptica em termos de atenuação.

 

                Os sistemas baseados nas fibras ópticas apresentam muitas vantagens face aos sistemas eléctricos, cujas as principais são:

                -aumento significativo da largura de banda e capacidade;

                -atenuação do sinal baixa(chega a 0,2 dB/km face aos 10-20 dB/km num cabo coaxial de cobre);

                -ligações com comprimento menor que 100 km não necessitam de repetidores geralmente (~2-3km num cabo coaxial de cobre );

-imunidade face ao ruído de origem eléctrica;

                -imune ao ruído (interferência electromagnética e de radio frequência);

                -eliminação do "crosstalk"(indução electromagnética)

                -erro de bit menor;

                -segurança do sinal;

            -não radia sinais(não provoca interferência nos outros sistemas ópticos ou eléctricos);

                -não requer um "ground" comum;

                -ausência de curto-circuitos e faíscas;

                -reduzido tamanho e peso dos cabos;

                -resistente à corrosão e radiação;

                -resistente às variações de temperatura;

                -custo "por canal" baixo devido a grande largura de banda.

               

                No entanto este sistema também apresenta desvantagens. Devido ao facto de ser uma tecnologia mais recente as componentes usadas, como transmissores e receptores, são ainda relativamente mais caras comparando com que se usa nos sistemas eléctricos. Também a ainda falta de estandardização na indústria têm limitado a aceitação destes sistemas. Muitas indústrias estão confiantes no uso de sistemas eléctricos e mostram-se relutantes na adopção de sistemas com fibras ópticas. No entanto esta desvantagem tem vindo a diminuir. Outra desvantagem é a não linearidade introduzida nestes sistemas e que aumenta com o aumento do ritmo de transmissão, número de comprimentos de ondas e com os níveis de energia do sistema. A não linearidade provém de dois mecanismos. O primeiro do facto do indíce de refracção depender da energia óptica que atravessa o material , originando FWM (four wave mixing), SPM (self-phase modulation), XPM (cross phase modulation) e a intermodulação. O outro mecanismo é o do fenómeno da dispersão  que produz o SBS (stimulated Brillouin scattering) e o SRS (stimulated Raman scattering).

 

           



                                               

                                   

 

10-Perspectivas futuras dos sistemas baseados em fibras ópticas

           

 A luz flui como a electricidade, utlilizando sistemas WDM com interruptores ópticos e routers, até ao destino final. Consequentemente em cinco anos teremos redes ópticas de baixo custo técnico e que permitirão ritmos de transmissão da ordem das dezenas ou mesmo centenas de Gigabit/s(actualmente já existem sistemas TDM (time division multiplexing) e WDM com ritmos de transmissão entre 10 e 40Gbps).

            Actualmente está a ser proposto aos físicos, cientistas ópticos ou engenheiros eléctricos que desenvolvam novos métodos de amplificação, de emissão de luz  e de transmissão a alta velocidade com baixo custo.

                Na amplificação está-se a desenvolver a amplificação baseando-se no efeito Raman e que amplificam sinais dos 1300 nm até aos 1700 nm ou seja na totalidade da banda óptica, em detrimento dos EDFA que pela sua natureza de fabrico não amplificam abaixo dos 1520 nm.

                Em relação às linhas de transmissão, estão a ser desenvolvidas novas fibras monomodo para aumentar a capacidade de transmissão por canal, e novas fibras multimodo em plástico para a propagação a curta distância.

                Prevê-se neste contexto uma transição de produtos híbridos com fibras, lentes e chips discretas para produtos totalmente  monolíticos que reunem essas funções num só substracto. Prevê-se ainda que esta indústria  cresça num futuro próximo(poucos anos) dado que se considera que os sistemas concorrentes em sistemas de curta distância(LAN's) usando cobre estejam actualmente a funcionar ao seu ritmo máximo de transmissão(~1 Gigabit/s).

 

 

 



                                               

 

 

                                               

11-Conclusões

 

As fibras ópticas desempenham hoje um papel muito importante no panorama das comunicações fixas, tendo reduzidos níveis de atenuação a elevadas frequências.

               

As fibras ópticas são feitas de material dieléctrico , e constituídas por núcleo(onde se propaga a informação), bainha (que permite com o feixe de luz se mantenha no núcleo) e um revestimento externo (que isola a radiação portadora de informação no núcleo da radiação exterior).

               

As frequências de trabalho na fibra são condicionadas pelas frequências de corte dos modos de propagação, existem fibras concebidas para funcionar em modo único (monomodo), ou para serem usadas com vários modos em simultâneo (multimodo). As primeiras são mais utilizadas em relação às de multimodo porque não apresentam dispersão intermodal e permitem ritmos de transmissão maiores , no entanto são mais caras.

 

O reduzido valor de atenuação que chega ao limite de 0,2 dB/km face a 10-20 dB/km num cabo coaxial de cobre, permite o uso de um número muito menor de repetidores em ligações de longa distância face aos cabos coaxiais (1 em cada 100 km vs um em cada 3 km nos sistemas eléctricos). Este facto juntamente com a progressiva redução dos custos de fabrico e implementação deste tipo de sistemas faz com que provavelmente dominem completamente as ligações de longa distância num futuro próximo.

 

Além disto, os novos sistemas de amplificação de luz a serem desenvolvidos, entre os quais os amplificadores por efeito de Raman, irão permitir explorar uma gama muito maior de comprimentos de onda

, 1300-1700 nm vs os 1530-1570 limitados pelos actuais regeneradores/amplificadores EDFA. De qualquer modo, mesmo a tecnologia EDFA existente permite o uso de elevadas frequências(larguras de banda de THz), muito acima das praticadas nos sistemas eléctricos, que se ficam na ordem das unidades de GHz.

 

 

 

 

 

 



                                               

 

 

                                               

12-Referências bibliográficas:

 

http://www.espacoacademico.com.br/007/07mendes.htm

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http://electronics.howstuffworks.com/fiber-optic.htm

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http://www.arcelect.com/fibercable.htm

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http://www.fiber-optics.info

http://apri.kjist.ac.kr/new_home/Eng/Research/commu_field.html

http://www.networkmagazine.com/article/NMG20010103S0004

http://www.tcomschool.ohiou.edu/its_pgs/fiber.html#anchor251207

http://www.tpub.com/neets/tm/105-4.htm

http://www.tiaonline.org