O que é a TDT?
As tecnologias baseadas em sistemas digitais têm já
provas dadas, uma vez que apresentam vantagens consideráveis a nível de
eficiência de processamento, armazenamento e transmissão de dados. A aplicação
dos sistemas referidos no meio da teledifusão têm as vantagens já referidas.
Desenvolveu-se assim uma oportunidade de negócio que se baseia na transmissão
de vídeo, áudio e dados em sinais digitais através do espectro radioeléctrico
de modo mais eficiente e com melhor qualidade. A este processo dá-se o nome de
televisão digital terrestre.
1. Porquê da TDT?
A
televisão digital apresenta várias vantagens em
relação á sua homologa analógica,
nomeadamente melhor utilização do espectro
radioeléctrico
disponível e maior capacidade de espectro. As tecnologias
actualmente
disponíveis no mercado são capazes de transportar
até 19 Mbps no mesmo canal
usado actualmente para transmissão analógica. Na
prática isto é equivalente a
um programa em alta definição (em média ocupa
15Mbps) ou quatro programas em
definição padrão (em média ocupa 4Mbts
cada).
Assim é possível aproveitar o espaço criado para a
transmissão de dados adicionais, que tornam possível alargar o número de
serviços oferecidos incluindo guia electrónico de programas (EPG),
superteletexto, serviços de interactividade, alta definição entre outros.
1.1. Qualidade de Imagem e Som
A TV digital permite uma melhoria significativa na resolução da imagem.
Nos sistemas analógicos actuais um bom monitor apresenta entre 480 e 525
linhas, com o sistema digital já se consegue chegar a 1080 linhas. Este aumento
é demonstrado na figura seguinte.
Por outro lado, esta nova tecnologia adapta-se
perfeitamente á mudança de formato do monitores de 4:3 (típico dos sistemas
analógicos) para o formato 16:9. Este formato ao ser muito mais próximo do
formato panorâmico permite ao utilizador uma envolvência muito maior do
espectador pela imagem, levando a experiências mais realistas dos programas
transmitidos.
A nível de áudio é possível transmitir muito mais
informação, passando a transmitir-se seis canais de som em vez dos habituais
dois canais (estéreo) típicos de os sistemas analógicos habituais. Estes seis
canais são ideais para utilizar sistemas de som tipo home theaters que
utilizam tecnologia surround proporcionando um sistema mais realista de
áudio a três dimensões.
Finalmente a TV digital permite melhores mecanismos
de correcção de erros permitindo a minimização de efeitos de fantasmas ruídos e
interferências.
1.2. Interactividade
Os serviços de interactividade permitem ao utilizador
interagir com os dados recebidos livremente de uma forma rápida e eficiente.
Existem fundamentalmente dois tipos de interactividade.
Interactividade local - Neste método de
implementação a informação é transmitida unilateralmente ao aparelho do utilizador,
sendo que, de seguida é possível navegar pela mesma. Na prática os programas
são transmitidos com algumas opções adicionais que o utilizador pode
seleccionar.
Interactividade com canal de retorno - Este tipo de
interactividade permite que haja uma comunicação não unilateral mas bilateral,
isto è, o utilizador pode enviar informação de volta ao emissor.
Como é obvio, o tipo de interactividade que è mais
vantajoso do ponto de vista do utilizador é a interactividade com canal de
retorno, uma vez que esta permite um espectro muito maior de opções e ainda um
melhor aproveitamento do canal de comunicação. È necessário ter em conta que
esta precisa de um nível de complexidade maior no receptor, de modo a
proporcionar uma comunicação bilateral.
Uma
das grandes vantagens da interactividade é permitir o acesso ao serviço
televisivo por parte de pessoas que até ai tinham um acesso muito limitado,
nomeadamente pessoas com capacidades diminuídas. È possível oferecer a opção de
programas com serviços adaptados à melhor compreensão do telespectador. Neste
âmbito mostra-se na tabela abaixo as principais deficiências e as respectivas
propostas de solução (pelo CERTIC).
Classificação das principais Deficiências x Soluções
Público |
Adaptações na TV |
Surdo e pessoas com deficiências auditivas |
Legendas e interpretação gestual de programas. |
Cegos e amblíopes |
Dobragem e áudio descrição |
Pessoas com deficiência mental, dificuldades de memória e dislexia |
Dobragem |
Interpretação Gestual aplicada na TVD na Dinamarca [6].
1.3. Acessibilidade
A acessibilidade da informação pode melhorar muito num sistema de
televisão digital terrestre, pois há uma grande facilidade de comprimir e
armazenar este tipo de dados. Assim, acoplado ao aparelho receptor pode existir
um gravador digital de alto desempenho (tipo disco rígido), que permite várias
horas de gravação de conteúdos transmitidos. Estes gravadores dão a opção ao
utilizador de “parar” a emissão de um programa e “recomeçar” quando desejar ou até
retroceder/avançar na emissão (na realidade o tempo da transmissão é continuo e
não alterável, estas opções são conseguidas pela gravação em tempo real dos
dados recebidos). È ainda possível programar o receptor para gravar um
determinado programa, esta opção é conseguida através da transmissão no início
e final dos programas de sinais codificados interpretados pelo sistema de
gravação automática.
1.4. Enquadramento geral
Os organismos internacionais que
regem a utilização do espectro para
radiodifusão televisão são o UIT (União
Internacional das Telecomunicações) e o
CEPT (Conferência Europeia das Administrações de
Correios e Telecomunicações).
O plano internacional de frequências actualmente em vigor para a
radiodifusão
terrestre foi desenvolvido pela Conferência Regional de
Radiocomunicações
(RRC-06) da UIT. Este envolveu toda a Europa, África,
Médio Oriente e alguns
países da Ásia e definiu o período de
transição analógico/digital, durante o
qual as estações analógicas de televisão
terão direito a protecção, o qual terminará
em 2015.
1.5. Europa
A Comissão Europeia deliberou em 24 de Maio de
2005,que todos os Países comunitários têm que acelerar o processo de transição
da rede actual de transmissores de televisão analógica para transmissores com
capacidade para emitir televisão digital. O prazo proposto pela EU para o
termino das emissões analógicas (switchoff) foi para final de 2012.
No seguimento, o Parlamento Europeu emitiu uma
resolução a 16 de Novembro de 2005, em que reforça esta posição e «exorta os Estados-Membros a reduzirem ao mínimo
possível o período de difusão em paralelo (simulcasting), a fim de evitar a ocorrência de elevados custos
de transmissão, o agravamento temporário da escassez da oferta e o atraso do
próprio processo de transição».
1.6. Portugal
Em Portugal a ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicação)
abriu concurso público para a atribuição de um direito de utilização de
frequências de âmbito nacional para o serviço de radiodifusão televisiva
digital terrestre. Na sequência do mesmo, por deliberação de 9 de Dezembro de
2008, foi emitido à PT- Comunicações o título de atribuição do direito de
utilização de frequências para a prestação de serviços de Televisão Digital
Terrestre. Sendo assim, a Portugal Telecom fica responsável pelo processo de
transição no território nacional. As deliberações referentes a este processo
estão disponíveis para consulta [3].
Esta transição TV analógica para TV digital (switchover)
começou na Europa nos anos 90, em Portugal as emissões da TDT iniciaram-se em
29 de Abril do corrente ano, sendo que actualmente só está disponível em
algumas localidades do litoral, interior e ilhas. A Portugal Telecom prevê que
até ao final de 2010 todo o país estará coberto pela TDT. Assim de
2. Plano de Negócios
O modelo de televisão
digital terrestre (TDT) adoptado para Portugal, vai obrigar os portugueses a
adquirir equipamentos receptores (set-top boxes) que, actualmente, custam perto
de 140 euros. Preço que com certeza vai baixar até 2012, ano do switch-off analógico da Europa.
Grandeza de valores
correspondente às boxes que utilizam o protocolo de compressão MPEG -2.
Na origem da exigência dos
diversos players está o receio de que
a penetração da TDT se faça de forma lenta e pouco expressiva, condicionada
pelo poder económico dos portugueses. Algo que, poderia inviabilizar o sucesso
de oportunidades de negócio, que se abre com a chegada do espaço para canais
pagos no espectro do audiovisual digital.
O presidente da
Confederação dos Meios de Comunicação, também responsável pelos projectos de
telecomunicações da Media Capital, afirmou ser "muito difícil vir a poder
subsidiar caixas que nunca foram contempladas nos planos de negócios"[8].
A Portugal Telecom ganhou o concurso para explorar
a TDT. Esta vai por á disposição dos utilizadores os canais generalistas
nacionais, nomeadamente, RTP 1, RTP 2, SIC e TVI. Nas regiões autónomas, Açores
e Madeira, vão estar disponíveis os canais RTP Açores e RTP Madeira
respectivamente. Um dos canais poderá ser transmitido simultaneamente em alta
definição. Todos os serviços vão ser gratuitos vão estar disponíveis em todo o
território nacional. Por outro lado, irá ser ainda disponibilizado um outro canal
generalista que ainda não foi criado mas para o qual já está a haver concurso
público.
Para se aderir tem de possuir uma antena UHF
instalada e um descodificador compatível, de seguida tem de orientar a antena
para o emissor TDT mais próximo da zona e sintonizar os equipamentos digitais,
utilizando a sintonia automática do equipamento.