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A TV Digital

A televisão passou por uma transformação profunda que foi a transição de radiodifusão através de um sinal analógico para um sinal digital. Esta é provavelmente a maior alteração que a televisão sofreu desde a passagem do preto e branco para a cor se não mesmo a maior pois desta vez não houve compatibilidade com nenhum dos sistemas. A radiodifusão digital é a difusão de conteúdo de um programa de rádio ou televisão através de um fluxo de bits. A possibilidade de transmitir conteúdo audiovisual sob a forma digital permite a transmissão com uma qualidade superior para uma mesma largura de banda do sinal analógico. Além desta vantagem importante, permite também uma maior resiliência a erros de canal e aos problemas de sintonia associados.

 

O facto de a informação ser transmitida sob a forma de bits permite uma enorme versatilidade à TDT na era do processamento digital. Na prática isto permite disponibilizar mais canais de televisão e rádio, maior qualidade de imagem e som, a chamada alta definição, guias de conteúdos, interfaces gráficas para serviços e uma maior facilidade de gravação de conteúdos a baixo custo com possibilidade de agendamento. Com toda esta interatividade perde-se a noção de produto de consumo instantâneo associado à TV tradicional. Apesar de não ter um impacto direto no consumidor final a menor largura de banda requerida pela TDT permite ainda libertar espectro eletromagnético. Este é um recurso escasso e bastante cobiçada, nomeadamente pela indústria de telecomunicações. Esta abertura no espaço do espectro permite o uso do já conhecido 4G abrindo igualmente novas portas a uma maior difusão da televisão por outros equipamentos, nomeadamente telemóveis, tablets...

CONTEXTO HISTÓRICO

Foi em 1991 que os maiores fabricantes de equipamento para consumidores e os “broadcasters” discutiram uma forma de poderem criar uma plataforma pan-europeia para desenvolver televisão digital terrestre. Ainda nesse ano, “broadcasters”, fabricantes de material eletrónico para consumidores e entidades reguladoras reuniram-se para discutir a formação de um grupo que teria como principal função supervisionar o desenvolvimento da televisão digital na Europa. A organização que resultou dessas discussões chamou-se Electronic Launching Group (ELG). Esta organização desenvolveu o memorando de entendimento (Memorandum of Understanding) que foi assinado em 1993. Passando a chamar-se Digital Video Broadcasting Project (DVB). Este mesmo grupo foi líder na criação de normas e no desenvolvimento de tecnologias. A primeira norma DVB a ser concretizada foi a norma DVB-S para transmissão via satélite que foi acordada em 1994. O sistema DVB utilizado para transmissões terrestres - DVB-T- foi acordado nos finais dos anos 90. Os primeiros países a desenvolver este sistema foram a Suécia, lançando o seu sistema em 1998, e o Reino Unido que lançou o seu sistema um ano depois.

VANTAGENS DA TELEVISÃO DIGITAL

A alteração para digital está a ocorrer devido às inúmeras vantagens que traz tanto para os broadcasters como para os utilizadores. De entre estas são de destacar a maior quantidade e melhor qualidade de canais, canais de alta definição, mais informação extra e serviços, maior interatividade, uma maior facilidade de ligação com o restante mundo tecnológico (a maioria dele já digital), uma menor largura de banda por canal, uma maior robustez à deformação do sinal pelo canal de transmissão e imunidade aos efeitos multipercurso. O espectro de rádio é utilizado para um grande número de propósitos, no entanto este espectro não é ilimitado o que leva a que a sua utilização tenha que ser o mais eficiente possível. A alteração para a tecnologia digital permite que mais informação seja transmitida com a mesma largura de banda. Isto quer dizer que um emissor (retransmissor) que conseguia emitir (transmitir) 4 canais no passado, agora com o mesmo uso de banda tem espaço suficiente para emitir 20 canais e com o avanço da tecnologia possivelmente ainda mais. Esta quantidade acrescida de informação possibilita uma maior quantidade de programas ou por exemplo canais interativos onde se pode escolher diferentes ângulos do mesmo programa (Ex: jogo de futebol, canais de “reality tv”). O resto da banda de televisão analógica passará a ser utilizada para outros serviços/tecnologias que no caso português grande parte é reservada à quarta geração móvel.

SOLUÇÕES

A Televisão Digital pode chegar à população através de diversos meios de transmissão. Exemplos destes são o Cabo, por Satélite, Internet e Terrestre (Hertziana). Enquanto que para a Televisão Digital por Satélite é necessária a colocação de uma antena parabólica, a Televisão Digital por Cabo (MEO, ZON, Cabovisão…) só é possível em áreas cobertas pela respetiva operadora de cabo. A Televisão Digital por Internet é também designada por IPTV e o que permite aceder em qualquer ponto onde haja internet, salvo restrições por ip, A Televisão Digital Terrestre por sua vez necessita apenas de uma antena de receção. Uma das vantagens do IPTV e o Cabo é que apresentam uma maior bidireccionalidade. A Televisão Digital Terrestre apresenta um bidireccionalidade reduzida fruto das baixas potências de emissão das antenas dos clientes e às óbvias perdas devidas à emissão pela atmosfera.

Como funciona a TDT

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Na forma como chega aos consumidores a televisão digital terrestre (TDT) é em tudo muito semelhante à da televisão analógica. Tal como na televisão analógica, na emissão digital tem-se um transmissor que emite um sinal digital usando as mesmas ondas radio propagadas usadas no analógico. Os países no mundo tal como no analógico não optaram um padrão universal, igualmente o mundo encontra-se dividido por diferentes sistemas. Os principais sistemas de televisão digital são:

  • DVB - Europa
  • ATSC - Estados Unidos
  • ISDB - Japão
  • AVS - China
  • SBTVD - Brasil

 

ARQUITECTURA DO DIGITAL

Na arquitetura de transmissão digital o vídeo e o áudio são comprimidos e multiplexados para se tornarem streams elementares. Estes streams podem voltar a ser multiplexadas com dados vindos de outros programas para formarem apenas um stream de transporte MPEG-4 (o usado em Portugal). Um canal de transporte consiste em pacotes de transporte com um comprimento de 188 bytes. O codificador FCE toma medidas preventivas para proteger o stream de erros provocados por ruído e interferência no próprio canal de transmissão. Isto inclui codificação Reed-Solomon, codificação convolucional e interleaver. O modulador converte os pacotes de transporte protegidos pelo FCE em símbolos digitais adequados para transmissão em canais terrestres. Isto envolve QAM e OFDM para sistemas DVB-T e ISDB-T.

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CORRECÇÃO DE ERROS

Os canais de transmissão usados para o broadcasting de televisão digital têm, infelizmente, uma tendência para erros devido ao grande número de perturbações (como ruído, interferência e ecos). Contudo um sinal de televisão digital, após toda a sua redundância ter sido removida, requer um bit error-rate (BER) muito baixo para ter uma boa performance. Um BER na ordem dos corresponde a um intervalo médio de 30 minutos entre erros. Por consequência é necessário tomar medidas preventivas antes da modulação para que seja possível a deteção e correção, por parte do recetor, da maioria dos erros introduzidos pelo canal da transmissão. A estas medidas damos o nome de Forward Error Correction (FEC). FEC requer que dados redundantes sejam adicionados aos dados originais antes que seja transmitido, permitindo ao recetor que utilize estes dados redundantes para detestar e recuperar os dados perdidos pela perturbação no canal.

 

A Televisão Digital Terrestre em Portugal