Vídeo na Internet
Instituto
Superior Técnico - Comunicação de Imagem - 2º Semestre 2007/2008
impacto
social e legal |
4. IMPACTO SOCIAL E LEGAL
Os principais sites que disponibilizam streaming e
download progressivo, oferecem uma grande liberdade no tipo de conteúdos que
toleram, seguindo uma filosofia onde é evitada ao máximo qualquer espécie de
censura. Os regulamentos têm por base a legislação da zona de jurisdição onde o
site está sediado e um conjunto de outras regras que se adeqúem à política de
conteúdos.
Dado o carácter global da internet, estes sites retiram qualquer
responsabilidade por ferir susceptibilidades a utilizadores que acedam a partir
de outros países, por vezes com diferenças culturais bastante acentuadas. A titulo de exemplo, recentemente na Tailândia, foi bloqueado
o acesso ao site youtube.com depois de repetidos pedidos de retirada de um
vídeo que foi acusado de ridicularizar uma foto do Rei Bhumibol
Adulyadej (país onde é crime acções como esta). Do
lado do youtube.com não se encontraram quaisquer razões que justificassem a
retirada do vídeo. Este caso demonstra como as diferenças culturais podem por
vezes ser um problema, num site que pode ser acedido por milhões de pessoas todas elas
muito diferentes entre si.
Ainda assim estes regulamentos conseguem evitar uma grande gama de conteúdos
potencialmente ofensivos. Entre os sites mais visitados quer a nível
internacional (YouTube.com, metacafe.com, etc...)
quer mais concretamente em Portugal (videos.sapo.pt),
existem muitos pontos em comum. Destacam-se, pela sua relevância, as proibições
a vídeos que possam ser classificados como:
− Material instrutivo sobre actividades ilegais.
− Promoção a agressão física ou emocional sobre um individuo ou grupo.
− Crueldade sobre animais.
− Fabrico de armamento venenos ou outros conteúdos que
possam ser catalogados como terroristas.
− Conteúdo pornográfico ou outros conteúdos que possam
ferir a susceptibilidade do utilizador.
É também comum utilizar-se uma estratégia com intuito de prevenir o upload de
conteúdos que infrinjam os direitos de autor (séries televisivas e longas
metragens), limitando o tempo máximo de duração dos vídeos em 10 minutos.
Excepcionalmente há sites cujos direitos estão reservados onde são
disponibilizados conteúdos deste tipo gratuitamente ou mediante pré-pagamento.
Por vezes são colocados vídeos que estão ao abrigo dos direitos de autor. É aí
que reside outro problema. Recentemente, a Viacom
(empresa detentora da MTV, Nickelodeon, VH1, Paramount Pictures, entre muitos
outros) abriu uma acção judicial contra o youtube.com, depois de pedir que este
retirasse os cerca de 160.000 vídeos que totalizavam 1,5 mil milhões de
visualizações. A Viacom pediu um
indemnização no valor de 1000 M$ (cerca de 800 M€), acusando o
YouTube.com de obter receitas de publicidade provenientes de um site que
continha vídeos cujos direitos não lhe pertenciam e cuja distribuição tinha
sido paga por outras empresas (editoras).
O sucesso destes sites tornam-nos bastante requisitados
não só para fins lúdicos mas cada vez mais para fins políticos. Os últimos
dados (Abril de 2008) apontam para cerca de 84 milhões de vídeos alojados na
rede youtube.com totalizando cerca de 100 milhões de visualizações por dia. É
por esta razão que sites como estes servem cada vez mais de interface para o
público em geral. Existem dois exemplos significativos, entre muitos outros,
que demonstram-no. A criação de um canal no youtube.com levada a cabo pela Casa
Real inglesa, com o objectivo de divulgar as actividades dos seus membros é
exemplo disso mesmo. Foi criado em Dezembro de 2007, altura em pela primeira
vez a mensagem de Natal foi feita via internet. Um facto interessante de se
notar, é que isto aconteceu exactamente 50 anos depois
da primeira transmissão da mensagem de Natal por via televisiva (1957).
Acontecimentos como este provam a necessidade das entidades utilizarem meios
como estes, para se adaptarem a novos públicos e não se distanciarem dos
demais.
Assumindo contornos um pouco diferentes,
o caso da campanha política às presidenciais americanas é outro exemplo da
influência social que um site deste género pode ter. Como é conhecido, durante
a campanha, houve uma forte aposta dos candidatos na internet. Este fenómeno
não é exclusivo ao estrangeiro. Mesmo em Portugal tem havido igualmente uma
aproximação da classe política a sites desta categoria. As páginas de internet
dos principais partidos políticos, possuem vídeos que estão alojados neste
género de sites (mais concretamente o YouTube.com e sapo.videos.pt).