"DVB's vision is to build a content environment that combines the stability and interoperability of the world of broadcast with the vigor, innovation, and multiplicity of services of the world of the Internet."

DVB, 2000

Introdução

1.1. Evolução Histórica

Após o final da 2ª Guerra Mundial surgiu a ideia de colocar em órbita, sob a linha do Equador e a 36000 km de altitude, três satélites geoestacionários. Pensou-se em distribuí-los de um modo equidistante, de modo a proporcionar uma cobertura global a nível das comunicações de televisão e de rádio. Devido a atrasos tecnológicos, o primeiro satélite a ser lançado veio a ser, em Outubro de 1957 e pelos soviéticos, o Sputnik I. Este realizou a primeira experiência espacial de transmissão e recepção de sinais no espaço.

A primeira transmissão de um sinal de televisão via satélite deu-se em 1962. Este foi enviado da Europa para o satélite Telstar, que entretanto tinha sido lançado sobre a América do Norte. Em 1965, foi lançado o primeiro satélite comercial, o Intelsat I, e passados dois anos surgiu o primeiro canal de televisão por satélite, o Orbita.

 

1.2. Categoria de Satélites

Desde o lançamento do primeiro satélite que a tecnologia não cessou de melhorar e, com o tempo, assimilou uma estrutura base. Nesta existe um bus, onde se encontram baterias, painéis solares, circuitos de telemetria, componentes de propulsão e uma carga útil (payload) composta por circuitos repetidores, os transponders. Os três tipos de satélites existentes dividem-se espacialmente pelo tipo de órbita percorrida: a LEO ou Low Earth Orbit (500 a 1500 km de altitude), a MEO ou Medium Earth Orbit (6000 a 15000 km) e a HEO ou High Earth Orbit ( a partir dos 20000 km), na qual se inclui a GEO ou Geosinchronous Earth Orbit (36000 km).

Satélite geoestacionário

Um satélite cobre apenas uma área limitada da Terra em cada instante e, quanto mais afastado estiver da Terra, maior é o cone geográfico abrangido. O aperfeiçoamento do sistema de comunicações por satélite geoestacionário permite ultrapassar as fronteiras entre países e fazer chegar directamente e ao maior número de utilizadores possivel uma maior diversidade de conteúdos.

 

1.3. A TV Digital

Esta possibilidade de transmitir e de receber diferentes conteúdos, no contexto ponto – multiponto, em grande parte devido aos satélites geoestacionários, tornou o conceito de televisão mais abrangente e, ao mesmo tempo, mais exigente. Neste sentido, foi no início da década de 70, quando se começava a falar em satélite digital, que os operadores de cabo começaram a utilizar satélites comerciais para coleccionar conteúdos de estações distantes e, assim, servir o mercado de uma forma mais diversificada. Era, então, utilizado o sistema C Band, cujos diâmetros das antenas parabólicas de recepção atingiam os 20 m.

Como efeito colateral, surgiu a indústria TVRO, television receive-only, que teve um impacto directo sobre os operadores de cabo. Os consumidores começaram a adquirir equipamento, cujo custo era elevado, e a receber o conteúdo directamente, em vez de o pagar aos operadores de cabo.

Com o avanço da tecnologia, em 1980, muitos provedores inciaram a encriptação do seus conteúdos, fazendo face a este movimento. Paralelamente a esta inovação, foi atribuída uma nova banda de transmissão, a Ku Band. Esta, menos sensível às interferências, permitiu o aumento da potência de transmissão e a consequente redução do diâmetro das antenas de recepção (cerca de 1.2 m).

Na década de 90, em resposta ao aumento das exigências dos consumidores para uma maior diversidade, quantidade e qualidade, e face às limitações subjacentes à televisão analógica, deu-se a revolução tecnológica nos sistemas de televisão via satélite, a digitalização. A digitalização do conteúdo e a posterior compressão permitiu aumentar o número de canais suportados por cada satélite, ou seja, conduziu a um uso mais eficiente do espectro electromagnético.

Esta compressão é efectuada pela norma para televisão digital, MPEG-2 ou Motion Picture Experts Group-2 que é a evolução do MPEG com que a multimédia off-line trabalhava desde 1992. Uma das suas aliciantes características é a de permitir a variação da qualidade do conteúdo digital, o que lhe atribui um variado leque de aplicações sendo a norma adoptada pelos padrões DVB, HDTV e DVD.

O DVB ou Digital Video Broadcasting é um padrão particularmente importante no mundo das telecomunicações. Foi celebrado em Setembro de 1993, na Europa, e actualmente conta com trinta e cinco países. Este tinha como principais objectivos, a normalização e a adaptação dos serviços existentes, nas diferentes plataformas de transmissão digital, aos vários meios e às especificações técnicas subjacentes.

Este padrão define então que os sinais de audio e video sejam codificados em MPEG-2 e transportados pelas diferentes plataformas de distribuição – satélite (DVB-S), cabo (DVB-C), terrestre (DVB-T) e SMATV (DVB-CS) –, sem que seja necessária qualquer modificação do fluxo original de dados.

O DVB-S foi o primeiro a ser definido, em 1994. Começou a ser utilizado nos primeiros serviços de transmissão de DVB na Europa, em 1995, pelo operador de televisão por assinatura de França. É nesta norma que se baseia a televisão digital via satélite.

Os padrões de DVB foram adoptados a nível mundial e transformaram-se na marca de topo da televisão digital, pois vieram completar a cadeia de difusão da televisão.