Acesso a internet: ADSL vs DOCSIS
Com a chegada aos ecrãs dos computadores do HD (High Definition) e o 3D (Three Dimensional) torna-se imprescindível um bom acesso a internet para que se possa ter uma boa experiência audiovisual. Um bom acesso traduz-se na capacidade da ligação em suportar streams de um ou vários canais SD/HD e ainda ter margem suficiente para a navegação usual na internet.
Requisitos da ligação por cliente
Os requisitos variam consoante o formato do conteúdo adquirido:
HDTV – High-Definition TV
MPEG – Moving Pictures Experts Groups

Débitos necessários por stream de vídeo

Requisitos em função da codificação do conteúdo
Analisando as tabelas acima, podem obter-se valores aproximados para a velocidade mínima da ligação de internet em função dos serviços que se pretende garantindo-se uma qualidade aceitável.
Implementação dos requisitos pelos operadores
Como já havia sido referido anteriormente, o ADSL usa a rede de cobre que se caracteriza pela elevada atenuação por unidade de comprimento, isto traduzindo-se num decréscimo do débito a medida que os clientes se encontram mais distantes da central sendo o valor máximo possível próximo dos 24Mbit/s para a velocidade de downlink, o que correspondente aos clientes que se encontram a poucas centenas de metros da central telefónica. Na prática, os 24 Mbit/s só se verificam se ligarmos o modem ao porto de saída do DSLAM (Digital Subscriber Line Access Multiplexer) na central, como mostra a Figura 3. Para os clientes mais remotos (6-7 km) as velocidades podem descer para os “insignificantes” 128 kbit/s!
Velocidade do ADSL em função da distância.
O DOCSIS (Data Over Cable Service Interface Specifications) normalizado pelo Cable Labs e que se encontra na versão 3, foi a tecnologia adoptada pela ZON para o acesso a internet e para a transmissão de vídeo digitalizado, MEPG-2 ou MPEG-4. Esta tecnologia tem como base do seu desenvolvimento canais com largura de banda de 8MHz (Espectro ocupado por um canal de TV europeu), aplicando a teoria da modulação M-QAM é possível atingir-se, com concatenação lógica dos canais (bonding), débitos até aos 200 Mbit/s no Downlik, 50 Mbit/s por canal. Repare-se que se trata do débito total disponível numa célula e que terá de ser partilhado por todos os utilizadores por exemplo, se a célula tiver 1000 utilizadores e todos estiverem activos num determinado instante, a capacidade máxima por utilizador será de 200 Kbit/s!
Na escolha do fornecedor do serviço de internet é necessário ter em consideração a velocidade necessária para visualizar os conteúdos, a distância à central no caso do MEO, a hora em que o serviço é acedido no caso da ZON, e por fim o preço da ligação dos diferentes operadores.
As diferentes soluções para o mesmo problema
O problema da atenuação que se verifica no ADSL da MEO não pode resolvido sem a alteração completa do meio transmissão para se eliminar a dependência da velocidade com a distância. A decisão tomada pela PT foi de instalar fibra óptica até ao cliente tendo adquirido à Corning fibras especiais que permitem ângulos de curvatura muito acentuados, o que possibilita o seu manuseamento pelo cidadão comum não especializado.
No caso do DOCSIS da ZON, o problema pode ser minimizado na fase de projecto, de modo a garantir-se uma qualidade mínima de serviço quando a rede se encontra congestionada. No planeamento limita-se o número de utilizadores por célula, entre 200-500, utilizam-se técnicas de acesso ao meio como o TDM (Time Division Multiplexing) e políticas de controlo e gestão da rede que permitam reduzir o tráfego indesejado por exemplo, tráfego P2P (Peer-to-Peer) que pode causar congestionamento e redução das velocidades dos outros utilizadores.

Arquitectura duma rede HFC (Hybrid Fiber Coax).
Contudo, as técnicas utilizadas até aqui serviram apenas para adiar o inevitável: instalação da fibra até (ou quase) à casa do cliente. A ZON está a mudar gradualmente a cablagem da sua rede de acesso para fibra óptica tentando rentabilizar ao máximo o cabo coaxial já instalado. Paralelamente, está a ser feita uma reordenação dos canais analógicos no espectro, os menos visualizados estão a ser todos agrupados, devido as restrições impostas pelo Channel Bonding, e digitalizados libertando-se assim espaço que pode ser usado para os canais de internet, como mostra a Figura 5.

Exemplo de codificação/digitalização e liberação de espectro.
Na figura acima, temos um exemplo de codificação para SD ou HD, onde se liberta entre 80 e 256 MHz do espectro. Se utilizarmos esta banda que agora está disponível para a transmissão de dados, temos até 2 Gbit/s de tráfego disponível na rede, com uma modulação de 256-QAM.
Em suma, se o cliente ainda não tiver acesso a fibra óptica na sua residência, deve optar pela internet da MEO caso esteja a menos de 2000 metros da central caso contrário o acesso da ZON oferece melhor qualidade. Atenção que a velocidade máxima da ZON varia com o número de acessos simultâneos.
No caso de o cliente ter fibra (MEO ou ZON) na sua residência, a solução indicada é MEO por ter uma fibra dedicada ao cliente. O acesso de fibra óptica da ZON, na grande maioria dos casos não é até ao cliente mas sim até a um repartidor que fica a algumas centenas de metros portanto, o acesso a fibra é partilhado com as consequências já mencionadas atrás, mas desta vez menos acentuadas.