2. A Internet, o controlo do utilizador e a multimédia

  

   A televisão é um meio de comunicação extremamente popular e poderoso. Em muitos países é a fonte de entretenimento e de notícias para a maioria da população. A popularidade da televisão, quando comparada com a da rádio, revela a importância do vídeo como forma de comunicação. É notório, que quando se conta um drama, as imagens do vídeo têm um impacto muito maior, quando comparado com a rádio. Nos eventos noticiosos, o vídeo provou ser muito popular, quer sejam imagens do local do evento ou simplesmente imagens do apresentador do noticiário.

Figura 2.1 – Transmissão televisiva via satélite

 

   O direito de distribuir sinais de televisão tem tido sempre um controlo apertado por parte de um pequeno grupo de radiodifusores. Enquanto um espírito amador de inovação já guiou a rádio, agora tem quase um controlo tão apertado como o da televisão. Assim como a televisão, a indústria do cinema tem um pequeno número de produtores de conteúdo que controlam o negócio principal da distribuição de entretenimento. No entanto, ao contrário da televisão, o cinema tem uma comunidade independente e com vigor que consegue fazer filmes e distribui-los. Os produtores de conteúdo independente vendem o seu produto à televisão, mas só quando um regulador de radiodifusão aprova a transmissão do conteúdo. Com o cinema, não há nenhuma regulação semelhante que limite superiormente em termos de números de canais disponíveis. Um filme pode ser mostrado em qualquer ecrã desde que haja um projector disponível. Enquanto as editoras dominantes têm o maior número de ouvintes de música e de leitores de livros e de revistas, os baixos custos associados à publicação de texto e de música tornam possível, para qualquer um, publicar os seus conteúdos musicais e escritos de uma forma ou de outra.

 

 Figura 2.2 – Transmissão televisiva por cabo

 

   A Internet permite oportunidades de publicação multimédia (antes inimagináveis) para utilizadores finais da rede. Com a Internet qualquer um pode publicar texto, gráficos, áudio e vídeo para uma audiência potencialmente mundial. De certa maneira, há muito poucas barreiras de entrada. Uma fonte ilimitada de fornecedores de conteúdo pode competir em mercados para informar ou entreter audiências globais ou de nicho com investimentos muito reduzidos em tecnologias de distribuição. Apesar de a tecnologia ter limitações que impedem que o vídeo na Internet se torne um verdadeiro substituto da televisão ou do cinema, a Internet promete ainda democratizar ou pelo menos agitar o mercado dos vídeos de entretenimento e das aplicações utilitárias de vídeo.

   Para além dos aspectos relacionados com a multimédia e do grau de controlo do utilizador final, é também importante referir as capacidades interactivas em tempo real da Internet. Aqui, a Internet é única devido ao seu carácter multimédia. O sistema telefónico é afinal uma tecnologia interactiva em tempo real. A Internet, no entanto, oferece a possibilidade de serviços multimédia interactivos em tempo real, incluindo aqueles que combinam dados, áudio e vídeo. De facto, os operadores de televisão, influenciados pela ameaça competitiva da Internet, entraram na corrida para desenvolver serviços que vão tornar a televisão uma experiência cada vez mais on-demand e interactiva. Enquanto a televisão tem actualmente a vantagem da largura de banda, a Internet pode ter certas vantagens sobre as estações de televisão por facilitar os serviços interactivos de vídeo em tempo real.

   No entanto, há a possibilidade que a Internet não seja sempre um espaço amigável para radiodifusores alternativos mostrarem o seu conteúdo. O estatuto da Internet como um serviço aumentado significa que evita tanto os direitos de interligação como as responsabilidades de um operador telefónico e os padrões de decência de conteúdo de um radiodifusor. As autoridades reguladoras e os políticos ponderam já um plano para reavaliar a regulação da Internet. De igual modo, o rápido crescimento do uso da telefonia pela Internet ou do streaming video pode (segundo [1]) causar uma reavaliação das autoridades da sua posição em relação à Internet. Por exemplo, um deslocamento significativo do tráfego de voz para as redes dos fornecedores de serviços de Internet, pode levar a classificar estas empresas como portadoras, com todas as responsabilidades relacionadas com o serviço universal e a interligação que isso implica. Neste cenário, nenhuma tentativa vai ser feita para regular o conteúdo das comunicações pela Internet. O crescimento de conteúdos de vídeo na Internet pode, por outro lado, levar a que a Internet seja classificada uma tecnologia de radiodifusão. Neste caso, objectivo principal da regulação seria censurar qualquer conteúdo menos apropriado.