Funcionalidades do DVD
O DVD veio introduzir novos conteúdos e possibilidades antes inacessíveis com uma simples cassete VHS, derivado do seu maior espaço de armazenamento. De entre as quais podemos mencionar as seguintes, com as quais grande parte dos consumidores estão familiarizados:
Possibilidade de armazenar até oito faixas de áudio
podendo estas estar destinadas à reprodução de filmes dobrados em múltiplas linguagens ou à inclusão de comentários, entre outros;
Possibilidade de fast forward, rewind ou avançar imagem a imagem num filme;
Inclusão de até nove diferentes ângulos de câmara, correspondendo cada um a um stream de vídeo. Pode ser utilizado para reproduzir a imagem segundo a prespectiva de diferentes personagens ou por exemplo quando o conteúdo varia por localização, como se põe no caso de séries de animação com diferentes sequências de abertura por país sendo possível que a edição em cada contenha um ângulo, uma versão especifica por default. Nos DVDs dotados desta capacidade a mudança de ângulo pode ser obtida através da devida tecla no comando do leitor;
extras escondidos comummente designados por easter eggs apenas acessíveis quando certos botões do comando são premidos segundo uma combinação específica;
Controlo parental – um leitor de DVD pode ser programado com uma determinada password de forma a impedir que certos filmes possam ser reproduzidos consoante a sua classificação. É ainda possível, se configurado no DVD, reproduzir um filme de forma a que certas cenas sejam omitidas pelo seu tipo de conteúdo;
É possível impedir que o leitor responda a certos comandos como o de salto para o menu de forma a assegurar que certos conteúdos como publicidade, avisos ou trailers de outros filmes sejam exibidos;
Exibição de menus em múltiplas línguas e ainda possibilidade de apresentação de jogos, quizzes, biografias de actores, vídeos musicais;
Possibilidade de acesso directo a cenas;
Capacidade para armazenar conteúdos especiais apenas acessíveis aquando da reprodução num drive de um computador.
Estrutura de dados do DVD
No tópico da estrutura de um DVD pode-se fazer uma analogia com uma matrioska. Tal como esta, é composto de elementos que se agregam noutros e que, no seu total, formam a cadeia lógica do DVD com que qualquer autor de conteúdos vídeo lida. A sua peça elementar, a mais pequena, é denominada de célula. Caracteriza-se por ser uma unidade de reprodução que usualmente é composta de um segmento de vídeo, podendo este ser ou não acompanhado de áudio. A sua identificação faz-se segundo um id de célula que varia de 1 a 255 e um id de VOB de 1 a 6535 e a sua duração pode ser de menos de um segundo até muitos minutos. A elas estão associados certos comandos que permitem controlar o fluxo de reprodução e oferecer interactividade ao espectador, respondendo aos seus pedidos via comando do leitor. Estas unidades elementares são agrupadas em programas. Estes "caixotes" de células permitem o acesso aleatório, possibilitando ao utilizador saltar sequências de vídeo. A grande maioria dos DVDs comerciais associa a um programa uma única célula sendo contudo de notar que no caso da incorporação da facilidade de muitos ângulos, é necessário um número superior. Por sua vez, uma sequência destes pacotes, os programas, constitui um PTT – Part-of-Title ou parte do título.São normalmente interpretados como capítulos e mais uma vez providenciam o acesso aleatório ao espectador. Um outro conceitor muito importanto no que à estrutura dos dvds diz respeito é o de PGC – Program chain ou cadeia de programas. Como o nome indica, é um conjunto de programas e define como a reprodução se processa num leitor de DVD. Uma ou mais cadeias de programas podem estar ligadas formando um título de vídeo, uma sequência única de conteúdos vídeo e áudio, sendo que apenas uma é seleccionada como a principal para um dado filme. Um DVD comum contém um ou mais títulos, sendo normalmente o mais longo o filme propriamente dito. Um PGC pode ter associados até 128 pré e pós comandos para além dos já mencionados comandos de célula que podem ser executados em qualquer momento da execução da mesma. É possível que um PGC não contenha qualquer célula nem programa, mas apenas pré ou pós comandos de forma a que a reprodução de vídeo ou dados áudio seja controlada e redireccionada. Estes são os responsáveis pelas conhecidas operações proibidas ao utilizador que impossibilitar a interacção durante a exibição de determinadas cenas, não respondendo a comandos. Diferentes cadeias podem apontar para as mesmas células localizadas fisicamente em disco.Explicando melhor imagine-se o caso em que o utilizador tem a possibilidade de ver um filme na versão alargada com cenas extra ou na versão reduzida. Assim existirão diferentes cadeias de programas sendo que uma contém mais células que outra – mais segmentos de vídeo e áudio. Consoante os comandos do utilizador, apenas um dos PGCs é escolhido sendo portanto que o espectador tem o poder de controlar a reprodução desejada. As especificações do DVD limitaram o número de cadeias de programas s 999 por título.
Estrutura de ficheiros do DVD
O sistema de ficheiros normativo para o DVD é o UDF, Universal Disk Format.
Um DVD Vídeo possui uma organização hierárquica dos seus directórios. Um disco DVD contém um gestor de vídeo – Video Manager ou VMG – e um ou mais conjuntos de títulos vídeo - Video Title Sets ou VTS. As extensões recnhecidas são .VOB – ficheiros carregados com os fluxos de vídeo, canais de áudio, legendas - .IFO – ficheiros com informação de navegação – e ainda .BUP – ficheiros de backup daqueles com a extensão apresentada em último lugar. A organização é a que se apresenta de seguida:
Raíz
VIDEO_TS
(Ficheiros VMG ou do Gestor de Vídeo)
VIDEO_TS.IFO – Informação de controlo e reprodução para todo o DVD. As localizações de todos os conjuntos de títulos de vídeo estão armazenadas neste ficheiro, assim como a primeira cadeia de programas. É também conhecido como o VMGI – Video Manager Information File – o ficheiro de informação de gestão do vídeo. É obrigatório que esteja presente. Contém ainda informação de codificação da região, número de volumes, informação a respeito das linguagens suportadas, legendas e configurações para controlo parental.
VIDEO_TS_BUP – ficheiro de backup ao qual se recorre em caso de elegibilidade do conteúdo acima apresentado.
VIDEO_TS.VOB – o primeiro objecto reproduzido num disco. Pode conter um menu inicial para configuração da linguagem ou ainda pequenos vídeos tais como trailers, anúncios ou avisos de direitos de autor. Não é requerido que a sua presença num disco seja obrigatória
Ficheiros VTS ou de títulos vídeo
VTS_nn_0.IFO (nn pode ir de 01 a 99) – Video Title Set Information Configuration – informação de controlo e reprodução para o título de vídeo. Guarda dados acerca da formatação dos ficheiro VOB, o que permite ao leitor de DVD "saber" como reproduzir o conteúdo: legendas, aspect ratio, linguagem, menus, etc);
VTS_nn_0.VOB - Video Object Set for Video Title Set Menu – Armazena os dados do menu do título de vídeo nn. Não é mandatário que esteja presente.
VTS_nn_n.VOB (n pode ir de 1 a 99) – Ficheiro principal contendo streams de programa MPEG, com vídeo,áudio e legendas multiplexados. Cada um pode ter até 1 GB.
VTS_nn_0.BUP – cópia idêntica do ficheiro VTS_nn_0.IFO, para efeitos de backup
Funcionalidades do Blu Ray
O surgimento do Blu Ray teve como objectivo estender as funcionalidades oferecidas pelo DVD pela reprodução de imagens de alta definição, pela criação de um ambiente interactivo expandido e ainda figurando como uma plataforma capaz de aceder aos recursos da internet para providenciar materiais mais atractivos. Quando se fala deste disco podemos dizer que se socorre de dois modos, o HDMV e o BD-J.
Modo HDMV
Este é utilizado para a criação de filmes de alta definição e a sigla refere-se a High Definition Movie Mode. Para além de permitir as funcionalidades do DVD convencional como a possibilidade de reproduzir múltiplos ângulos, diferentes línguas, entre outros, vem acrescido de outras capacidades:
dois planos gráficos independentes de alta definição e um plano de vídeo de alta definição que simplificam o processo de criação de menus e a colocação de legendas;
maior número de funcionalidades no que ao menu diz respeito com menus multi-página e menus pop-up que podem ser exibidos ou não por opção do utilizador;
botões animados de alta definição e efeitos de transição para menus animados;
botões de som que permitem a reprodução de sons quando seleccionados ou activados;
legendas de alta definição em mapas de bits, com possibilidade de escolha de cor de uma multiplicidade de cores;
legendas de texto, dados de texto codificados e mútliplos estilos;
Browsable Slideshow – imagens paradas que são apresentadas sem interrupção do áudio;
Modo BD-J
O disco Blu Ray pode conter um ambiente de aplicação programável, com conexão à internet, permitindo aos distribuidores de conteúdos o fornecimento de títulos extremamente interactivos que podem ser actualizados. Este modo é baseado na plataforma Java e por isso o nome BD-J. Um disco pode conter uma única aplicação interactiva Java, uma por título de disco, entre outras configurações. Possiveis aplicações podem ser a capacidade de fazer download de trailers para uma sequela do filme do website do fornecedor de conteúdos ou a possibilidade de extender o conjunto de jogos que vem de origem no disco, permitindo o download de outros tantos via internet. Para além do mais, sendo que um Blu Ray é distribuído com um número limitado de linguagens e legendas, podem ser criadas aplicações que permitam o acesso a um maior número deste tipo de material de suporte por conexão à rede.[2]
Os leitores de Blu Ray disponíveis hoje em dia no mercado são divididos em três tipos consoante o tipo de capacidades embebidas. Estes vão determinar que certos conteúdos num disco só possam ser acessíveis por utilização em leitores de perfil superior. Os diferentes tipos são os que a seguir se enunciam:
Perfil 1.0 -
Concordante com as especificações originais de hardware para leitores de Blu Ray, cumpre os requisitos mínimos para a exibição de um disco de laser azul. Permite a reprodução de filmes, acesso a comentários áudio e menus pop-up. É o tipo de leitor para o espectador em nada interessado em conteúdos extra, sendo contudo que os fabricantes estão actualmente proibidos de produzir este tipo de leitores.
Perfil 1.1 -
O grande melhoramento face ao anterior é a sua funcionalidade Bonus View. A adição de um segundo processador áudio/vídeo e de memória adicional, permite a reprodução de conteúdos Picture in Picture armazenados nos discos – uma pequena janela de comentário ou outro material vídeo, aparece no ecrã sobreposta ao fluxo principal de vídeo. Assim, é possível visionar a perspectiva de realizadores ou actores acerca de uma cena que se está a desenrolar em tempo real, por exemplo.
Perfil 2.0 -
Também conhecido como BD-Live leva o conceito de interactividade a outro nível. Dotado de conexão à internet, normalmente por porta Ethernet, tem também 1 GB de memória local adicional que lhe permite armazenar os conteúdos descarregados da Internet. As funcionalidades do BD-Live podem ser chats da Internet com actores e realizadores do filme , download de jogos, conteúdos extra ou trailers de outros filmes, legendas ou áudio do filme noutra linguagem.
Estrutura de dados do Blu Ray
Um Blu Ray pode ser dividido em quarto camadas para gestão dos ficheiros de stream áudio-visual: a tabela de indexação, o objecto de vídeo ou BD-J, Playlist e ainda o Clip.
Tabela de Indexação – Esta é a tabela do nível de topo que define os títulos e o menu de topo de um disco, contendo pontos de acesso para estes. É referenciada pelo leitor quando ocorrem operações de procura de conteúdos ou acesso ao menu principal, para a determinação do objecto de vídeo ou BD-J que será executado. Contém também uma entrada para o objecto de vídeo ou BD-J chamado de First Playback, primeira reprodução, que é utilizado pelos fornecedores de conteúdos para a reprodução automática.
Objecto de vídeo – consiste num programa de comandos de navegação. É composto de playlists, sendo que os comandos de navegação permitem lançar a reprodução das mesmas ou de outros objectos de vídeo. Assim, os fornecedores de conteúdos podem definir um grupo de objectos para gerir a reprodução de playlists de acordo com a interacção e preferência do espectador.
Playlist – é uma colecção de intervalos de reprodução de Clips. Cada intervalo chamado de PlayItem consiste num ponto de entrada e num ponto de saída, cada um referenciando uma posição no eixo temporal do clip. Diferentes Playlists podem referenciar o mesmo clip com pontos de entrada e saída distintos – são reproduzidos diferentes segmentos do clip em cada um.
Clip – este é composto por um ficheiro de stream áudio-visual e por ficheiros de informação que dizem respeito ao mesmo. O primeiro armazena um stream de transporte MPEG-2 concordante com as especificações do Blu Ray BDAV MPEG-2 Transport Stream. Os ficheiros de informação armazenam carimbos temporais para os pontos de acesso ao ficheiro de conteúdos áudio-visuais. Assim, um leitor acede a estes dados de informação para determinar a posição em que começará a ler oficheiro de stream. Para a implementação de funcionalidades como o Browsble Slideshow, menus Pop-Up ou ainda legendas de texto, foi criado um mecanismo de seu nome sub-caminho, sub-path. Esta estrutura permite a adição de um stream separado ao Clip no caminho principal. A um PlayItem, o já referenciado intervalo de reprodução de um Clip, é adicionado um subPlayItem que é sincornizado com o primeiro. Assim, consegue-se por exemplo a exibição simultânea do filme e de legendas em fluxos separados
Estrutura de ficheiros do Blu Ray
A raiz deste sistema dá pelo nome de directório BDMV. Contém o ficheiro index, movieobject.bdmv e ainda os subdirectórios Playlist, Clipinf, Stream, AuxData e Backup
Ficheiro index – contém informação de todos os conteúdos do disco.
Ficheiro movieobject – contém a informação para um objecto de vídeo. Cada disco está limitado a um.
Directório Playlist – armazena os ficheiros das playlists disponíveis no disco. Estes têm designação xxxxx.mpls onde xxxxx se refere a um número de cinco digitos. A cada Playlist tem de corresponder um destes ficheiros no directório.
Directório Clipinf – contém os ficheiros de informação para os Clips, de nome zzzzz.clpi que, como já referidos, contém as direcções para acesso e reprodução dos fluxos áudio-visuais.
Directório Stream – aquele onde estão armazenados os ficheiros com os fluxos de transporte MPEG. A designação dos ficheiros será zzzzz.m2ts em que o mesmo número zzzzz é usado para o stream e para o ficheiro de informações do mesmo contido na directoria mencionada acima;
Directório Auxdata – armazena ficheiros de som e de fonts texto. Os primeiros estão associados a aplicações de gráficos interactivos. Pode ou não existir um ficheiro de som mas se existir tem de ser único e de nme sound.bdmv. Os outros ficheiros, dizem respeito a informação da font associada a aplicações de legendas de texto. A sua designação será aaaaa.otf.
Directório Backup – contém cópias do ficheiro index.bdmv, do objecto de vídeo e de todos aqueles presentes na directoria Playlist e Clipinf.