Óculos 3D Activos

     Os óculos obturadores (shutter glasses) são os óculos activos 3D mais comuns. As lentes são basicamente pequenos ecrãs LCD e por isso quando uma tensão é aplicada nas mesmas, as lentes escurecem, ou seja, o obturador fecha. Este comportamento das lentes é sincronizado com o ritmo de actualização de imagens do ecrã no qual se está a representar o conteúdo 3D. O ritmo de actualização de imagem é a frequência de imagem em imagens por segundo.

     No ecrã apresentam-se as imagens 2D correspondentes a cada olho alternadamente (alternate frame sequencing). Quando uma imagem 2D aparece no ecrã num intervalo de tempo que não é mais que um instante, o obturador de uma lente abre e o da outra lente fecha.

     Desta forma a imagem chega sempre apenas ao seu respectivo olho. Este processo vai-se repetindo alternadamente entre as duas lentes de forma que em cada instante de tempo apenas um olho recebe a imagem que necessita de receber.

     As imagens sucedem-se com uma velocidade tal que o cérebro interpreta as duas imagens recebidas por cada olho em instantes de tempo consecutivos, em conjunto, gerando uma imagem 3D.


Óculos obturadores da XpanD (únicos que podem ser usados tanto em cinema digital como em televisores)


Os óculos obturadores necessitam de apresentar uma combinação transmissor-receptor que utilize tecnologia de infra-vermelhos, Bluetooth ou rádio. A televisão tem de enviar um sinal para os óculos se sincronizarem com a apresentação de imagens no ecrã. Usualmente é usado um feixe de infra-vermelhos que é difundido tal como nos comandos das TV’s. Esse sinal é depois captado pelo receptor electrónico presente nos óculos. A obturação de cada lente é comandada por sinais eléctricos alternados, o que está de acordo com o funcionamento dos LCD’s.

     A tecnologia envolvida torna os óculos obturadores mais caros que os óculos passivos custando usualmente mais de 100 €. Em Portugal, óculos deste tipo da Toshiba custam entre 120€ e 130€. A maioria dos televisores que suportam esta tecnologia à venda incluem um par de óculos deste tipo. No entanto pares adicionais têm de ser comprados separadamente.

     A maior desvantagem do 3D activo é que o conteúdo vai ser alternado entre os dois olhos ao ritmo em que o conteúdo é transmitido, ou seja, por exemplo se forem emitidas para o televisor 50 imagens por segundo, a cada olho apenas chegam 25 imagens por segundo. A frequência de imagens em imagens por segundo (frame rate) do ponto de vista do utilizador passou para metade.

     Em vez de 50 imagens 2D o utilizador passa a visualizar 25 imagens 3D. Esta quebra do ritmo tem consequências. Isto porque quanto maior esse ritmo, mais suaves são as transições entre imagens e portanto mais fluida é a visualização de movimento nos conteúdos emitidos. Assim todo o equipamento na cadeia de transmissão e recepção tem de ser capaz de processar imagens ao dobro do ritmo anterior para se manter a qualidade de fluidez da imagem. Isto significa que os requisitos de hardware do equipamento a utilizar duplicam. O ritmo de actualização dos elementos de imagem (refresh rate do televisor) é ao contrário do que acontece com o frame rate, o suportado pelo televisor.

     Nos LCD’s que suportam esta tecnologia o refresh rate é usualmente elevado (de 100 Hz na Europa e de 120 Hz na América). Isto para tornar as imagens mais nítidas e reduzir o efeito de motion blur (o desfocar da imagem quando as transições entre imagem são muito bruscas devido a movimento muito rápido na cena a apresentar).

Efeito do refresh rate na qualidade de imagem

Ainda que o refresh rate seja elevado, a quebra do frame rate nesta tecnologia pode ainda assim provocar ligeira trepidação (flicker) em conteúdo apresentado em câmara lenta ou com rápido movimento.

     Recorrendo a esta tecnologia, tal como acontece com as tecnologias de polarização, não se perde qualquer detalhe na cor do conteúdo, ao contrário do que sucede nos sistemas baseados em filtros de cor.

     Perde-se contudo, no mínimo, cerca de 50% de brilho devido ao facto de se alternar imagens pelos dois olhos e de a polarização dos LCD’s não ser ideal. Pode corrigir-se este problema enviando imagens mais brilhantes a partir dos emissores.

     Esta é a tecnologia de 3D com óculos que produz 3D de melhor qualidade, sendo a tecnologia mais vulgar e mais cara no mercado dos televisores 3D.

Prós: Excelente qualidade de imagem.
Contras: televisor e óculos caros.