Futuro e ConclusãoApesar do inegável aumento de popularidade dos serviços de streaming do tipo OTT ao longo dos último anos, a maioria do público continua a dar primazia aos conteúdos disponibilizados pelos seus fornecedores de serviços triple-play, que já incluem Video On-Demand (VOD) na sua oferta na sua oferta. No entanto, os fornecedores de IPTV já começam a temer que a oferta destes novos serviços baseados na Internet venham a pôr em causa a sua sustentabilidade, da mesma forma que se tem vindo a assistir ao decaimento dos suportes físicos. Um exemplo paradigmático deste decaimento é o modelo de negócio inicial, e que ainda perdura, da Netflix que consiste no aluguer de conteúdos em suporte físico (DVD) enviados pelo correio ao utilizador. Em tempos a grande fonte de rendimentos desta empresa, prevê-se que este negócio atinja o seu máximo em 2013, altura a partir da qual se observará uma diminuição progressiva do volume de negócio. De facto, é expectável que se assista à substituição gradual dos serviços de PayTV por serviços de streaming devido às suas inúmeras vantagens, das quais se destacam a utilização de uma rede não dedicada, que permite o acesso aos conteúdos em qualquer dispositivo e em qualquer lugar, e a possibilidade de visualizar conteúdos específicos. Dito isto, é natural que venham a surgir diferentes formas de pagamento do serviço. Como alternativa às subscrições mensais e serviços gratuitos a que já se aludiu, os conteúdos poderão vir a ser adquiridos de forma unitária, como acontece, por exemplo, com a empresa Psonar, que oferece streaming de músicas para dispositivos móveis cobradas por stream individual. No entanto, não é de esperar que a modalidade tradicional de subscrição mensal venha a ser completamente substituída por este método mais selectivo. De facto, embora muitos utilizadores consumam conteúdos televisivos de uma forma mais esporádica, muitos existem que seguem regularmente séries e/ou outros programas regulares, tornando a subscrição mensal uma opção mais rentável. ConclusãoO paradigma de streaming over the top tem ganho cada vez mais popularidade e relevância face às ofertas tradicionais de conteúdos multimédia, tendo sido especialmente impulsionado por tarifários muito competitivos (ou até mesmo gratuitos, como no caso do Hulu) e uma grande selecção de conteúdos disponíveis em todas as plataformas, incluindo as móveis. Mais, o recente aparecimento de set-top-boxes como a Roku ou até mesmo de televisões com ligação à Internet, Smart TVs, tem trazido este tipo de serviços para a sala dos utilizadores, um espaço tradicionalmente dominado por serviços de televisão convencionais. Este rápido crescimento tem preocupado fortemente os fornecedores de televisão por cabo ou de soluções triple play, que vêm no streaming um forte inimigo ao seu modelo de negócio. No entanto, estes serviços baseados em redes próprias continuam a dominar as preferências da grande maioria dos utilizadores a nível mundial, ajudados, em grande parte, pela crescente popularidade dos serviços de vídeo On Demand. No campo das infraestruturas, as redes de dados (cabo, fibra, etc) são hoje indiferenciadas, ao contrário do que acontecia no passado, em que eram geralmente divididas em telefone, internet ou televisão. A proliferação das redes IP, levaram a que esses dados formassem um fluxo de dados único, composto por pacotes, estando em discussão aberta até que ponto é legítimo discriminar positiva ou negativamente determinados tipos de conteúdos por forma a melhorar o fluxo de dados na rede e melhorar a qualidade de serviço e, por conseguinte, a qualidade da experiência do utilizador. No âmbito nacional, o cenário é fundamentalmente diferente, com um domínio absoluto dos operadores de cabo sobre o consumo de conteúdos televisivos. Em parte, a inexistência de serviços de streaming OTT em Portugal pode ser atribuída à débil indústria cinematográfica e de produção de conteúdos, que se resume maioritariamente à produção de telenovelas. Mais, a predominância de subscrições de serviços triple play em detrimento da subscrição de cada serviço de forma isolada, leva a que os utilizadores não prescindam facilmente do seu contrato de televisão por cabo para passarem a utilizar serviços de streaming. Assim, não é de esperar que esta nova tendência seja adoptada no nosso país, a curto prazo. |
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