Sociais
O YouTube mudou o modo de ver o mundo, possibilitando a proliferação de conteúdos gerados por um utilizador comum a uma grande audiência. No entanto, o impacto social desta nova realidade não se fica por aqui: através do YouTube, e ainda que nem sempre de forma completamente legal, é possível o acesso facilitado a conteúdos carregados em zonas do planeta onde a liberdade de expressão é uma miragem, como por exemplo os vídeos dos protestos no Egipto, na Líbia e em outros países do mundo árabe. Assim, o YouTube apresenta-se como uma ferramenta muito poderosa que permite a expressão da opinião de qualquer indivíduo, o que já suscitou preocupação por estados maioritariamente totalitários, como a China, que optou por bloquear o acesso ao website em 2009.
O YouTube dá ainda a oportunidade a muitas pessoas de mudar as suas vidas de uma forma repentina. A título de exemplo, refira-se o caso do mendigo com a voz de ouro, divulgado em 2011. Este vídeo demonstrava Ted Williams [20], na altura um sem abrigo, a falar com uma voz considerada extraordinária, que chamou a atenção de um grande número de utilizadores do YouTube, e fez com que a sua vida desse uma volta de 180 graus, tendo sido rapidamente contratado pelos Cleveland Cavaliers, para que as suas capacidades vocais pudessem ser convenientemente exploradas [1].
Ainda assim, é também considerável a crítica a que o YouTube está sujeito, sobretudo pelo facto de dar, por vezes, demasiada liberdade aos utilizadores. Casos bastante mediatizados são os vídeos de bullying de jovens, que suscitam grandes ondas de revolta na sociedade.
De qualquer forma, o YouTube continua a alterar o modo como as pessoas têm acesso à informação, deixando estas escolher a qualquer momento os vídeos que desejam visualizar não impondo restrições de horário como alguns meios mais tradicionais, como a televisão.
Legais
Com o crescimento do número de visitantes, a existência de conteúdo ilegal no YouTube não tardou a fazer-se chegar. Qualquer utilizador podia, inicialmente, fazer o upload de qualquer conteúdo que tivesse à sua disposição, tivesse ele sido obtido legal ou ilegalmente. Desta forma, e para que o YouTube não fosse confrontado com um número elevado de processos em tribunal, foi necessário focar-se na monitorização dos conteúdos carregados para o website. Pretendia-se, desta forma, garantir que quem fizesse o upload de determinado conteúdo tinha, de facto, permissões e autoridade para o fazer.
Uma das medidas tomadas pelo YouTube foi a disponibilização de algumas ferramentas exclusivas para os detentores de direitos de autor. Estes podem, então, sinalizar conteúdo que lhe pertença e que tenha sido associado e uma outra entidade que lhes é alheia, sendo esse conteúdo removido e sendo feita uma advertência ao utilizador responsável por ter carregado esse conteúdo. O número máximo de advertências que um determinado utilizador poderá receber é três. Quando este número máximo for ultrapassado, o utilizador deixará de ter acesso à sua conta. Contudo, a exequibilidade desta medida é difícil, dado o elevado número de conteúdos que são constantemente carregados para o website.
Uma outra forma de combater a violação dos direitos de autor, nomeadamente a que é relativa a vídeos de programas televisivos ou filmes completos, diz respeito à duração máxima permitida para cada vídeo, que foi reduzida para 15 minutos. No entanto, esta medida pode ser facilmente contornada, já que cada vídeo de grande duração pode ser dividido em vários vídeos mais pequenos.
Desta forma, a partir de Junho de 2007, foi implementado o sistema Content ID, em que é criado um ficheiro ID para conteúdos quer áudio, quer vídeo, sujeitos a direitos de autor. A base de dados com ficheiros deste tipo já ultrapassa os 3 milhões de registos [21]. Cada um destes ficheiros é chamado de ficheiros de referência, e é criado com base em conteúdos fornecidos directamente pelos detentores dos direitos de autor que querem verificar se os seus vídeos estão a ser usados por outras entidades.
O funcionamento do sistema é simples, mas os recursos que necessita para correr são bastante exigentes. Quando um vídeo é carregado, é comparado com os registos da base de dados e, caso haja semelhanças entre estes, o vídeo é marcado como tendo conteúdo ilegal, podendo ser automaticamente bloqueado, usado para fins lucrativos ou permanecer no website dependendo da vontade dos detentores de direitos de autor. Este método tem-se demonstrado bastante eficaz, apesar de não ser infalível.
Como é natural, não tardou muito para que o método fosse alvo de várias críticas. Muitos questionavam a eficiência do método, já que é aplicado de forma cega, sem intervenção humana, apesar de ser dada oportunidade ao utilizador afectado de recorrer da decisão [1].
Outro problema legal enfrentado pelo YouTube prende se com a disponibilização de conteúdo impróprio no website. Para isto, é dado algum poder à comunidade, em que se confia nos utilizadores para marcarem os conteúdos (vídeos e/ou comentários) como impróprios ou ofensivos [4]. Além disso, muitas vezes é necessária autenticação do utilizador para que possa ser possível a visualização de determinados vídeos impróprios para menores de idade.