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A TV do futuro?  
 
 

Impacto da P2PTV

Impacto social

A P2PTV ainda não teve grande impacto social. Embora já haja um grupo substancial de utilizadores, e com a maturidade tecnológica dos sistemas que já se atingiu, a falta de conteúdos resta como o grande obstáculo a maior popularidade.

O impacto previsto, com a capacidade de "qualquer um poder fazer a sua televisão", ainda não se materializou, sobretudo com a popularidade da alternativa dos sites como o YouTube - ao contrário da rádio, que se pode "ir ouvindo" como "pano de fundo", a televisão pressupõe algum interesse do espectador no programa, pelo que a natureza de arquivo "on-demand" destes sites se adapta melhor aos pequenos produtores do que uma emissão contínua. Todavia, é provavel que até estes sites no futuro venham a usar tecnologias P2P.
As estações amadoras que vão existindo nestes sistemas acabam por ser vistas apenas por pessoas que as procuram explicitamente ou têm forte interesse no assunto (a cauda da Long Tail), pelo que a "democratização da TV" passará ao lado da maior parte da população.

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Impacto económico

A P2PTV tem o potencial de revolucionar o mercado da televisão: dá aos espectadores o poder de ver conteúdo mais adaptado aos seus gostos e, apesar da possibilidade da inclusão de publicidade, esta terá uma forma muito diferente dos longos blocos de anúncios a que estamos habituados na TV tradicional. Por outro lado, ao permitir muito maior diversidade, irá reduzir as audiências desta, e tudo isto contribuirá para uma redução das receitas publicitárias.

Todavia, e dado o aumento da distribuição ilegal de conteúdos televisivos na Internet (cada vez mais os internautas deixam de ver TV tradicional quando podem ter acesso gratuito, fácil, e quando querem aos ditos conteúdos através de P2P), o streaming on-demand na Internet terá de ser adoptado, pelos donos dos conteúdos, inevitavelmente como forma de ataque a esta prática - por exemplo, é preferível ter uma série disponível num serviço como o Joost, com poucas receitas publicitárias, do que numa rede BitTorrent com nenhumas receitas.

É também possivel ter canais e programas pagos em P2PTV. A popularidade (e, portanto, viabilidade económica) deste modelo é, no entanto, uma incógnita.

De assinalar, também, o potencial desta tecnologia se associar à IPTV tradicional - a IPTV fez com que os ISPs entrassem no mercado da distribuição de televisão, e adicionar a flexibilidade e diversidade de conteúdos de plataformas P2PTV será uma mais valia competitiva.

Finalmente, há que referir a criação de oportunidades a que novos produtores possam distribuir os seus conteúdos a nível global, sem que para tal precisem de uma rede de distribuição complexa e dispendiosa, podendo mesmo competir directamente com as empresas dominantes na área. Embora tal pareça improvável, os efeitos de "feedback positivo" de rede social que a Internet proporciona significa que pode sempre haver surpresas.

No presente, a P2PTV também ainda não teve impactos económicos. A vertente mais visível é o burburinho causado pela "pirataria televisiva" dos conteúdos de canais pagos nos sistemas tradicionais, mas uma vez que, por enquanto, apenas utilizadores com conhecimentos técnicos usam este tipo de aplicações, não se prevê grandes efeitos no mercado.

Devido a natureza da tecnologia, em que a largura de banda, oferta e qualidade sobem com o número de utilizadores, a evolução da P2PTV está dependente do crescimento do número dos mesmos, restando-nos esperar que outros modelos de negócio (e surpresas) surgirão quando se atingir a "massa crítica". Uma coisa é certa: a televisão P2P veio para ficar, se se manterá um nicho ou efectivar o seu potencial, só o futuro o dirá.

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Impacto na infra-estrutura da Internet

Numa altura em que o P2P representa cerca de 70% de todo o tráfego na Internet, os ISPs começam a empregar formas cada vez mais agressivas de prioritização de tráfego, tentando reservar a sua banda para aplicações cruciais como acesso WWW e e-mail e reduzir o débito disponível para P2P (por vezes bloqueando-o totalmente).
Até agora, o P2P era usado quase exclusivamente para distribuição ilegal de ficheiros – as poucas utilizações legais (por exemplo distribuições de Linux) normalmente têm alternativas em download directo na Web ou FTP. Por isso, havia pouca oposição ao bloqueio de tráfego P2P.
Porém, com a P2PTV aparecem empresas cujo negócio depende totalmente da boa fluidez deste tipo de tráfego. Surge assim um debate sério e pedidos aos reguladores para imporem regras bem definidas de gestão na diferenciação de tráfego aos ISPs. Este assunto tem, também, uma relação fundamental com a questão da “net neutrality” – que discute se se deve permitir, ou não, que os ISPs possam dar mais prioridade ao tráfego de entidades que lhes pagarem para tal (hipoteticamente prejudicando o acesso a entidades que não pagarem).
Apesar de estas questões já estarem a ser discutidas popularmente há algum tempo, apenas agora, com a praticabilidade da televisão na Internet*, é que passaram a ter implicações comerciais fortes – por exemplo, uma vez que, com estes sistemas, efectivamente se está a usar a sua infra-estrutura para distribuição de TV, alguns ISPs pretendem exigir aos fornecedores de conteúdos pagamentos análogos ao uso de outras plataformas de difusão de TV (como por satélite ou difusão terrestre).
A introdução destas tecnologias veio, assim, precipitar a decisão sobre o modelo de gestão da Internet a adoptar – as mentes mais técnicas tendem a achar que a divisão de tráfego em classes, e consequente anulação da net neutrality, é inevitável para que a Internet continue a funcionar, enquanto outros, quiçá mais idealistas, defendem que não. Em todo o caso, até se chegar ao eventual ponto de ruptura, a decisão está nas mãos dos políticos.

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*: Considera-se que, devido ao seu consumo imediato e não necessidade de conhecimentos técnicos, a televisão é usada por um muito maior numero de pessoas do que os downloads P2P. Soma-se a isto o facto de que os downloaders ilegais não têm legitimidade para se queixarem ao regulador por o seu ISP lhes filtrar o tráfego, ao contrário de um fornecedor de TV.

 

 

 

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