O mundo do que é considerado P2PTV é muito vasto. As aplicações existentes podem dividir-se em várias categorias. São apresentados apenas alguns exemplos mais significativos.
Este tipo de aplicações combina a flexibilidade da Internet ao “consumo passivo” da TV tradicional. Se alguma vez a TV na Internet substituirá a tradicional, este modelo parece ser o mais promissor.
Neste momento estas aplicações afirmam estar em “estado beta”, não sendo portanto versões definitivas dos sistemas.
Joost
Joost é uma plataforma e aplicação desenvolvida pelos autores do Skype , e pretende fazer pela televisão na Internet o mesmo que o Skype fez pela telefonia IP.
Na prática, consiste em programas televisivos que são streamed de acordo com a escolha do utilizador. Este escolhe que canal quer ver (um canal é essencialmente uma lista de programas), de forma análoga à TV tradicional, com a vantagem de poder avançar e retroceder na reprodução ou simplesmente ir para outro programa. De facto, até pode escolher exactamente o programa que quer ver, fazendo uma busca na aplicação ou consultando a lista no site. Em adição a isto, os utilizadores podem classificar os programas de acordo com o seu agrado, bem como escrever em fóruns e chats.
Em termos técnicos, existe um conjunto de servidores que asseguram a distribuição inicial do conteúdo, bem com suprem eventuais faltas na rede P2P. Os peers trocam depois, entre si, estes conteúdos. Todo o balanceamento de carga e gestão de rede é feito pela aplicação, de forma distribuída, nos próprios peers.
O negócio é financiado por publicidade – existe a possibilidade de inserir anúncios tanto nas streams como no interface gráfico, relacionados com o conteúdo em exibição e dirigidos às preferências do utilizador.

Das três alternativas aqui apresentadas, este é o sistema que tem a melhor qualidade de imagem (formato H.264) e som, bem como o interface gráfico mais apelativo e funcional. Graças a vários acordos com fornecedores de conteúdos, é também a que tem a maior diversidade dos mesmos.
Babelgum
Este sistema iniciou o desenvolvimento antes do Joost, mas iniciou operações na mesma altura, e é praticamente idêntico a este; a qualidade de imagem e som é ligeiramente inferior, e o interface é menos amigável, mas oferece as mesmas funcionalidades. A grande diferença é o conteúdo, que é mais virado para produtores independentes – contudo tem vários canais em comum com o Joost.
Livestation
Sistema também semelhante aos anteriormente referidos, com a diferença de usar tecnologia da Microsoft. De momento parece ainda ter alguns problemas gráficos e de interface, bem como apenas disponibiliza canais de notícias.
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Este tipo de aplicações intenciona reduzir os custos de largura de banda aos fornecedores de conteúdos. Vai simples aplicações (software) nos servidores até integração profunda com CDNs. Funcionam tanto para streaming em tempo-real como para on-demand.
RawFlow
Este sistema consiste numa aplicação para o servidor de conteúdos e uma para os clientes (“media player”). O servidor limita-se a servir o conteúdo, que depois é distribuído na rede P2P, em grelha, pelos clientes. Toda a inteligência está na aplicação cliente, que faz toda a gestão e optimização da rede (de forma distribuída). Este sistema é bastante avançado, dividindo as streams em substreams, dinamicamente de forma a aproveitar ao máximo as capacidades de upload de cada peer. O sistema também disponibiliza estatísticas detalhadas de utilização.
Este sistema é usado, por exemplo, pela Eurosport, RAI e TSR.
Octoshape
Sistema semelhante ao RawFlow em termos de software, contudo recorre aos seus próprios servidores como pontos de distribuição inicial – o fornecedor de conteúdos envia-os à Octoshape e esta distribui-os pela rede P2P. Os espectadores utilizam um aplicação cliente, que tem funcionamento idêntico à da RawFlow, excepto que não faz a reprodução do media, enviando simplesmente para o media player do espectador.
Este sistema é usado pela TBS, Eurovisão (EBU), RTP, TVE, entre outros.
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Estas aplicações são normalmente chamadas também de P2PTV, embora na realidade não façam streaming, acabando por ser, na essência, um gestor de downloads com media player incluído.
Nestas aplicações, o utilizador procura e/ou escolhe o programa que quer, e a aplicação faz download dele na rede P2P. O utilizador apenas pode ver/ouvir o programa após o seu download completo. Simultaneamente, a aplicação vai fazendo o upload de programas que o utilizador já tenha recebido para a rede P2P.
Kontiki
Plataforma usada por, entre outros, o iPlayer da BBC, o 4oD da Channel 4 e o Sky Anytime on PC da BSkyB. Estas três aplicações têm objectivos idênticos: permitir ao utilizador ver programas, on-demand, das respectivas redes televisivas.
O sistema consiste numa plataforma híbrida entre uma CDN e uma rede P2P em grelha. O utilizador usa a aplicação cliente, que faz o download dos programas desejados para o seu disco rígido, e após isso o utilizador pode vê-los quando e quantas vezes desejar. O cliente (peer) inicia o download dos conteúdos directamente dos servidores da plataforma, mas estes irão informá-lo de outros peers que já tenham o conteúdo e assim os peers trocam os conteúdos entre si, reduzindo a largura de banda exigida aos servidores.
Os conteúdos têm DRM, o que permite ao fornecedor cobrar pelo consumo dos mesmos e/ou permitir apenas o consumo durante tempo limitado.
De notar que a BBC tem uma versão alternativa (e mais bem sucedida) que, embora também chamada de iPlayer, é bastante diferente da aqui descrita (trata-se de uma aplicação em Flash, para streaming, e não usa P2P).
Miro
Miro é uma aplicação software livre que, essencialmente, combina um cliente de BitTorrent, um media player e um agregador de feeds RSS. O utilizador escolhe “canais” que consistem em RSS que ligam a vídeos. Depois pode fazer o download desses vídeos, que ficam guardados em disco rígido e podem ser vistos na própria aplicação, ou noutro media player. O download e partilha são feitos por BitTorrent.
Tribler
Tribler é uma aplicação semelhante ao Miro, todavia adiciona um protocolo próprio, tipo “gossip” para encontrar conteúdo, bem como um sistema de recomendações que se adapta automaticamente às preferências do utilizador. O protocolo de gossip significa que os peers informam-se uns aos outros do conteúdo que têm, e depois partilham-no usando BitTorrent. Um desenvolvimento recente é o facto de existir uma set-top box que usa este sistema.
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Neste grupo enquadram-se as aplicações mais parecidas com o paradigma da TV tradicional: o conteúdo é enviado, em directo, de uma fonte para toda a rede P2P.
TVUPlayer
A aplicação da TVUnetworks que permite aceder ao sistema do mesmo nome, assemelha-se bastante a um normal receptor de televisão. O utilizador escolhe o canal a visualizar e recebe a stream em directo, inclusivamente tem indicadores gráficos no interface semelhantes aos de um televisor. Os canais têm diversos débitos e, consequentemente, qualidade de imagem e som variável. O interface tem uma grande área dedicada à publicidade, mas fora isso a visualização é bastante aceitável (embora algo longe do Joost).
O mais importante neste sistema é o permitir a difusão de TV a qualquer utilizador, bastando usar o software codificador e servidor disponível gratuitamente. Desta forma, surgem no sistema vários canais de legalidade dúbia...
CoolStreaming
Originalmente um protótipo académico para demonstrar o sistema DONet (desenvolvido por três engenheiros chineses), acabou por ter grande sucesso, distribuindo na Internet um conjunto de canais chineses. Porém, isto teve como consequência a distribuição de programas com direitos de autor sem autorização em territórios fora da China, e o sistema foi encerrado para evitar problemas legais.
Todavia, rapidamente surgiram vários substitutos usando sistemas semelhantes, por exemplo o PPlive , PPStream e TVants .
Estes sistemas são bastante populares na China; fazem streaming em tempo de real de vários canais de TV (na maior parte chineses), através de uma aplicação cliente, que envia a stream para o media player do utilizador.
O sistema é bastante semelhante ao BitTorrent. O conteúdo provém de servidores centrais, cada peer liga-se inicialmente a eles e depois descobre outros peers através de gossip, e entra assim na rede P2P. As streams são divididas em segmentos, e cada peer anuncia aos outros que segmentos tem, enquanto simultaneamente tenta obter os que não tem.
A fonte de receitas destes sistemas é a publicidade exibida no interface da aplicação – aparentemente vários canais são disponibilizados ilegalmente e algumas empresas estão a ser processadas pelos donos dos conteúdos.
Estas aplicações ganharam alguma notoriedade no Ocidente precisamente por permitirem a visualização de programas (por exemplo, eventos desportivos) que só estão disponíveis em canais premium (que requerem pagamento adicional) de certas operadoras.
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