protecção de conteúdos na televisão
Acesso Condicional
Quando se fala em condicionar o acesso pretende assegurar que o
esforço de criação de uma determinada pessoa ou entidade é reconhecido e o
rendimento gerado com a produção, distribuição ou venda do conteúdo produzido é
devidamente distribuído pelo autor, se este assim o entender. Em televisão, os
conteúdos são audiovisuais e podem ser desde informação noticiosa até filmes,
passando por séries ou eventos desportivos.
É do máximo interesse para os agentes envolvidos no processo que
a cobrança pelos direitos de autor seja o mais eficiente possível e que impeça
que indivíduos externos à subscrição tenham acesso ao conteúdo, pois representa
uma diminuição das receitas com a venda do conteúdo. É com este objectivo que as
entidades que fornecem os conteúdos desde cedo implementaram técnicas de acesso
condicional de canais, vulgarmente apelidadas de encriptação (processo de
transformar informação, usando um algoritmo chamado cifra, de modo a
impossibilitar a sua leitura a todos excepto aqueles que possuam uma informação
particular, geralmente referida como chave).
A primeira técnica de encriptação de canais surgiu para a TV a
cabo e para os primeiros sistemas de televisão por satélite, analógicos. O
acesso aos canais era assegurado por set-top boxes na casa do cliente e que
tornavam a informação analógica que chegava pelo cabo ou satélite perceptível
para o televisor. A encriptação era fundamentalmente aplicada a conteúdos
Premium como canais desportivos ou canais com conteúdos para adultos. O conceito
é igual ao praticado hoje em dia, dispondo todos nós de set-top boxes com a
mesma funcionalidade, apenas mudando as técnicas usadas.
A técnica analógica mais básica de encriptar canais baseia-se na
modulação de frequência. Consiste no desvio da frequência central do canal para
frequências fora da gama dinâmica do televisor através da multiplicação por uma
onda sinusoidal. O cliente tem acesso ao canal por intermédio de uma set-top box
à entrada do televisor que tem por função filtrar o sinal recebido na frequência
de emissão e multiplicá-lo novamente por uma onda sinusoidal de frequência igual
à usada para fazer o desvio de frequência no emissor.
Várias outras soluções analógicas proprietárias foram
desenvolvidas, das quais se referem algumas:
• Oak Orion,
desenvolvido pela Oak
Industries: consiste na adição de uma onda sinusoidal que interfere com o
sinal de sincronismo e no desvio da frequência do áudio para de uma
sub-portadora.
• Leitch Viewguard,
desenvolvido pela Leitch Technology: consiste na alteração da ordem de emissão
das linhas de luminância e crominâncias, deixando o áudio intacto na sua
frequência habitual. A contrapartida é a introdução de atraso.
•
Nagravision
analógico: desenvolvido pela empresa com o mesmo nome, propriedade do grupo
Kudelski: consiste no armazenamento de 32 linhas que serão enviadas no final do
envio das restantes linhas da imagem numa ordem pseudo-aleatória. Durante o
tempo de retorno das linhas é enviada informação para um microprocessador
instalado na set-top box do cliente que permite gerar localmente a ordem
pseudo-aleatória em que as 32 linhas armazenadas foram baralhadas. O áudio é
também passível de ser encriptado através da inversão do seu espectro a 12.5kHz,
por intermédio de um misturador de frequência.
As técnicas de encriptação analógica não se mostravam tão
eficientes como o pretendido e (quase) todas as pessoas com um mínimo de
conhecimentos em electrónica e com habilidade para usar um ferro de soldar
conseguia transpor as medidas de segurança dos sistemas.
Com a introdução da televisão digital, novas e melhores técnicas
de encriptação de conteúdos foram adoptadas, tendo por base uma camada de
sistema que barra ou permite a visualização dos conteúdos com base quer em
meta-dados quer em dados misturados no fluxo do canal. A era digital entra na
protecção de conteúdos na perspectiva em que permite uma série de modelos de
negócio para disponibilizar e cobrar o acesso dos conteúdos aos clientes de uma
forma muito mais personalizada e ao gosto do telespectador.
O
DVB-T, método de televisão terrestre de origem europeia, prevê
uma norma de acesso condicionado designado por CSA (common scrambling
algorithm). O CSA deixa ao critério dos operadores duas formas de acesso
condicionado alternativas, o SimulCrypt e o MultiCrypt. No SimulCrypt, é
permitido aos produtores usarem diferentes métodos de acesso condicionado no
mesmo conteúdo, sendo apenas necessário o descodificador conhecer um dos métodos
para ter acesso ao conteúdo, permitindo que o sinal seja transmitido uma única
vez e recebido por diferentes métodos. No caso do MultiCrypt, as set-top box’s
possuem slots para módulos que podem ser facilmente modificados e na qual está
contida a informação de acesso condicionado. Esta solução não necessita de
acordos entre operadores mas o mesmo conteúdo tem de ser transmitido nos
diferentes métodos, significando assim que vários fluxos do mesmo conteúdo serão
emitidos. O seguinte esquema mostra o sistema de DVB-T: