Este verdadeiro fenómeno que atingiu subitamente toda a sociedade denota que há um interesse crescente nesta tecnologia e que há ainda muita margem de progressão no que toca a equipamentos e a qualidade audiovisual. Mas a adopção deste tipo de televisão a longo prazo pela maior parte dos consumidores parece ser irrefutável. E a acompanhar este interesse estão as empresas que manufacturam este tipo de equipamentos, prontas a lançar novos modelos.
Empresas como a LG, Samsung e Mitsubishi foram algumas das que apresentaram os seus modelos ao público na CES (Consumer Electronics Show) que decorreu em Janeiro em Las Vegas.
Uma das questões mais pertinentes entre o público é: “Poderei ver televisão 3D sem óculos?”. A resposta é simultaneamente sim e não. Sim, no sentido em que já existe tecnologia para o efeito, (auto-estereoscopia, já abordada na secção anterior) mas prevê-se que apenas daqui a 5 ou 10 anos comecem a chegar ao mercado televisores com esta tecnologia. A excepção neste caso serão possivelmente os telemóveis e computadores pessoais, pois dado o facto de serem objectos de uso pessoal, faz com que cada um o posicione da forma mais adequada para si, não incorrendo no problema das TV’s, isto é, a falta de múltiplos pontos de visionamento com boa qualidade de imagem tridimensional.
Contrastando com isto, muitas empresas, entre as quais a Sony e a JVC já oficializaram o uso de óculos RealD com o seu equipamento. À partida, espera-se que estes óculos sejam compatíveis com a maior parte do equipamento vendido.
Outra questão essencial aos consumidores é a de quanto terão que trabalhar para adquirir uma televisão destas. Embora a médio prazo os preços estejam dependentes quer da aceitação por parte do público, quer da evolução tecnológica neste campo, nesta fase inicial o preço de uma TV de polarização passiva pode variar entre os 1750€ e os 3000€, enquanto que as de obturação activa têm um preço compreendido entre os 3000€ e os 4200€.
Mas pondo o obstáculo do preço de lado, em que se focam os interesses dos potenciais compradores? Um estudo conjunto entre a CEA (Consumer Electronics Association) e a ETC (Entertainment Technology Center) realizado nos Estados Unidos observou os seguintes factos:
Estima-se que serão vendidas cerca de 2,2 milhões de TV’s com tecnologia 3D no ano de 2010 e que em 2013, mais de 25% da venda total de TV’s corresponderão a TV’s 3D
Cerca de 57% dos consumidores inquiridos que planeiam adquirir um televisor 3D nos próximos 5 anos consideram-se adoptantes iniciais desta tecnologia
Aproximadamente 25% dos consumidores online dos Estados Unidos pretendem adquirir uma TV 3D nos próximos 3 anos
67% destes consumidores referem que mais provavelmente irão adquirir uma TV 3D se o conteúdo tridimensional estiver acessível em casa, quer seja através de cabo, satélite, antena ou fibra óptica.
Cerca de 33% dos adultos que viram um filme em 3D nos últimos 12 meses referem que gostariam de ver todos os programas transmitidos em 3D
Enquanto 36% refere que o objectivo principal do 3D é jogar jogos de vídeo, os restantes 64% indicam que preferem a TV para visionar filmes em 3D.
Em linha com os desejos dos consumidores de mais conteúdo tridimensional, já foram anunciados novos canais com transmissão de conteúdo 3D na Europa, América e Ásia. Muitos dos estúdios de renome já se comprometeram publicamente a migrar os seus filmes de animação para 3D, que muito provavelmente ganharão a sua versão Blu-Ray 3D.
Outro mercado que certamente terá uma importância muito grande na adopção deste tipo de televisores é o mercado dos jogos de vídeo. A Nintendo planeia lançar uma consola portátil 3D, 3DS, com recurso à tecnologia de autoestereoscopia, ao passo que a Sony já anunciou um update de software gratuito que permitirá ao utilizadores desfrutar de jogos e filmes em 3D. Como podemos verificar, os mercados que se denotam mais promissores são o mercado dos jogos, da animação e do desporto. A figura abaixo ilustra alguns dos mercados em que adopção do 3D se afigura mais célere.
Mas nem tudo são vantagens nesta tecnologia. De acordo com com Michael Rosenberg, um professor da Universidade de Northwestern e especialista em oftalmologia, estes óculos não só cansam a vista como podem agravar ainda mais problemas de visão e causar dores de cabeça.
Segundo a empresa Pricewaterhouse Coopers, 20% das pessoas que assistiram a um filme em 3D não gostaram devido a cansaço ocular ou outros problemas de visão, num universo de mais de 90 associações relacionadas com a indústria cinematográfica ou televisiva.
Trabalho realizado por Ricardo Freire Cotilho, André Sérgio Silva e Tiago Lobato Carinhas
no âmbito da cadeira Comunicação de Áudio e Vídeo do curso de MEEC