O Mercado
As líderes de mercado, em termos de equipamentos específicos para videoconferência e de alta qualidade (utilizados apenas por empresas) são as grandes Polycom e a Cisco (Ver Figura.7). No entanto, existe outro tipo de mercado emergente, o dos softwares gratuitos,
em que o Skype exerce um papel importante, como sendo um dos maiores softwares gratuitos de videoconferência.
É destes dois tipos de negócio que vamos falar neste ponto, tentando perceber o que lhes garantiu tanto sucesso num mercado onde é tão difícil reinar, e onde tantas empresas, apesar de apresentarem boas soluções técnicas, não conseguem encontrar o seu nicho de negócio, acabando por falhar.
A Polycom foi fundada em 1990 por Brian Hinman e Jeff Rodman (ex-colegas na Picture Tel), já desde o inicio com a motivação de criar soluções de voz, áudio e vídeo que facilitassem a comunicação no meio empresarial, ainda hoje é essa a sua causa. Com cerca de 3200 empregados e uma receita anual de aproximadamente 1,2 biliões de dólares americanos (dados de 2010), a empresa faz muito mais do que aplicações. Também oferecem ao cliente produtos como, monitores, câmaras e sistemas de som, todos de alta-qualidade, com o ojectivo de proporcionar ao cliente a melhor experiência de videoconferência. Começaram pela áudio conferência com o lançamento de speakerphones, e evoluíram para a adição e partilha de ficheiros, videoconferência e depois telepresença. Para além disso, a Polycom foi adquirindo, ao longo dos anos, tecnologias de outras empresas, como por exemplo: Picture Tel (sistemas de comunicação de vídeo para PC), ASPI Digital (sistemas de voz), Destiny Conferencing (telepresença imersiva).

A multinacional dos EUA, fundada em 1984, começou o seu negócio com a venda de routers multi-protocolo (que vieram permitir a comunicação entre computadores, antes, incompatíveis), o que apenas resultou até ao aparecimento do IP (Internet Protocol). Hoje em dia, a Cisco tem uma grande gama de produtos, operando em diferentes mercados, em que oferece soluções de rede (sistemas wireless, routers, sistemas de segurança), de negociação/colaboração (videoconferência, telepresença, etc) e de gestão de dados, entre outros. Assim, conseguem abranger diferentes nichos de mercado, como o das grandes corporações, ou o dos pequenos negócios, ou até mesmo o mais pessoal (com os modems). A Cisco é uma empresa com produtos de confiança, com um apoio ao cliente que excede as expectativas e com um lógica de investir na próxima grande novidade. São 3 características que tornam o negócio da Cisco num verdadeiro caso de sucesso. Aliás, em 2000 já era a empresa mais valiosa do mundo (500 biliões de dólares de capitalização de mercado). Tem mais de 66000 funcionários em todo o mundo e cerca de 46 biliões de dólares de receita anual (dados deste ano).

Lançado em 2003, pelas mesmas pessoas que desenvolveram o Kazaa, tem hoje cerca de 600 milhões de utilizadores, dos quais 100 milhões são activos todos os meses. É uma plataforma que permite ao utilizador fazer videoconferências e videochamadas, trocar mensagens e ficheiros, e efectuar chamadas para telefones e telemóveis. Mas afinal, como é que o Skype se consegue destacar das outras empresas de VoIP (Voice over IP) gratuitas? Como é que consegue ter tanto sucesso?
O segredo do Skype é, não só oferecer uma serviço gratuito que permite aos utilizadores comunicarem entre si, por videoconferência, através da Internet (bem como trocarem mensagens e ficheiros), mas também oferecerem a hipótese de efectuar chamadas para telemóveis e telefones fixos. Estas chamadas, são pagas mas, mesmo assim, são a um preço muito mais apelativo que o das operadoras de telefones/telemóveis .
O Skype tem tido um crescimento anual espantoso, só o ano passado, de acordo com a TeleGeography, cresceu 48% no que diz respeito às chamadas internacionais entre utilizadores do Skype (cerca de 145 mil milhões de minutos). Tal fenómeno acontece, pois as pessoas que não estavam dispostas a pagar chamadas de longa distância, devido ao elevado custo, viram no Skype uma boa oportunidade de fazer videoconferência de uma forma gratuita, e para, praticamente, qualquer sítio do mundo.
Mas se é um serviço maioritariamente gratuito, porque é que a Microsoft comprou o Skype, em Novembro de 2011, pela módica quantia de 8,5 mil milhões de dólares? O skype tem cerca de 8,1 milhões dos seus utilizadores que usufruem dos serviços pagos (chamadas para telemóveis e telefones fixo) e cada um deles paga em média anualmente cerca de $96, o que resulta, por si só, numa quantia simpática. Ainda a juntar a este fenómeno, o Skype tem parcerias com diversas empresas de hardware, que lhe permitem ter acessórios personalizados. Tudo isto resulta numa média anual de cerca de $860 milhões de receitas.
No entanto, se compararmos com os biliões que a Microsoft tem de receitas, esta quantia é quase inignificante. Logo, as razões que levaram a Microsoft a fazer este investimento vão muito além das monetárias. O Skype é um negócio ainda em crescimento (ver Figura.8) e já com centenas de milhões de seguidores por todo mundo, portanto, com esta estratégia, a Microsoft está a assegurar a sua valorização e a dos seus produtos, mantendo os seus clientes satisfeitos.