pirataria na indústria discográfica

 O Caso de Portugal

     A música, que é uma indústria de 25 biliões de euros, é fortemente abalada com a pirataria. O download ilegal e a cópia de musica protegida por copyright atingem o modelo económico fundamental da indústria; se os artistas não são pagos pela música que produzem então eventualmente eles irão parar de fazê-la, por óbvia falta de financiamento.
    Acontece precisamente que esta terrível verdade é verificada mais em Portugal do que em muitos outros países. Os pequenos artistas iniciam-se a audiências que passam depois a adquirir as músicas ilegalmente, ameaçando a existência de uma indústria de música independente em Portugal. Este é o triste facto de um país onde a música é tão importante na sua cultura; uma tradição que ajudou na resistência ao fascismo, uma tradição que tem as suas raízes na triste musicalidade do Fado.
     As vendas de CD’s em Portugal caíram em 40% nos últimos cinco anos. Claro que parte desta recente queda deve-se ao abandono do formato físico por parte das pessoas que preferem o formato digital, fazendo o download, de forma legal, directamente para os seus telemóveis ou computadores. Veja-se o gráfico seguinte gráfico que ilustra esta situação:

                   

Mas sem dúvida que o maior factor provém dos métodos ilegais.
    Hoje, cada vez mais pessoas ouvem música e, ao mesmo tempo, cada vez menos são as pessoas compram música. É por esta razão que Portugal está a lutar contra este facto, anunciando, pela primeira vez, medidas legais contra partilha de ficheiros em larga escala, o que representa um grande escalamento nas acções contra as pessoas que fazem o upload e a troca de música protegida em redes P2P. Portugal torna-se assim um dos 18 países onde estas pessoas poderão sofrer grandes penalidades financeiras. Mas embora a grande campanha que foi efectuada, o número de infracções não diminuiu o esperado.
     A IFPI (International Federation of the Phonografic Industry) anunciou 2 mil novas acções em 10 países por todo o mundo, com o objectivo de localizar e apreender os uploaders de grande escala, aqueles que sobem centenas, ou mesmo milhares, de músicas em redes P2P. A coima tem sido na ordem dos 2600€. Campanhas têm sido feitas aos pais para que conheçam os erros dos downloads de música na Internet, e para que ajudem os seus filhos a compreender a noção de propriedade intelectual, e porque precisa de ser respeitada. Isto pois poderão ser tomadas medidas contras os pais cujos filhos acedem a conteúdos ilegais.
     Para a IFPI, as pessoas que adquirem música ilegalmente pela Internet não são diferentes daquelas que roubam um CD de uma loja. Pelas apreensões já feitas, prova-se que estas entidades em questão podem ser qualquer tipo de pessoa, desde um carpinteiro finlandês, um IT manager checo, um chef de cozinha francês, um casal alemão já reformado e até mesmo um juiz, entre muitos outros.
     Mas estas medidas legais não são só a arma da IFPI. Um guia para a compreensão do que é ou não ilegal na música digital foi feito especialmente para os pais e traduzido para várias línguas, incluindo o português.
     O software Digital File Check, é também outra ferramenta desenvolvida pela IFPI que apaga ou bloqueia determinados programas de partilha de ficheiros, com o objectivo de evitar que os consumidores infrinjam a lei inconscientemente.
    Mais de 50 milhões de mensagens foram enviadas globalmente aos ditos file-sharers nos últimos anos. Uma combinação de medidas educacionais e legais permitiram espalhar a mensagem ao ponto de virtualmente cerca de sete em dez pessoas em cada país terem consciência de que a partilha não permitida de ficheiros protegidos por copyright é ilegal.
     O objectivo não é que as pessoas parem de obter música, mas sim que o façam através dos diversos meios que se encontram disponíveis hoje em dia, e a preços acessíveis. Mais de 2 milhões de músicas estão disponíveis online em mais de 200 páginas de Internet pela Europa.
     Cerca de um quinto da música disponível nos serviços de música em Portugal é portuguesa, e com os recentes avanços na Internet de banda larga tem sido possível que esses artistas divulguem as suas obras muito mais facilmente, servindo-se assim de uma nova plataforma para alcanças as suas audiências. Mas são estes artistas locais os mais ameaçados pela pirataria, muitos perdendo mesmo a hipótese de crescer no mundo da música. Tomando o caso dos produtores de música que investem nestes artistas, que frequentemente não querem tomar esse risco, receando não vir a reaver o dinheiro investido. E é por isso que os consumidores portugueses devem apoiar os seus artistas, comprando as suas músicas legalmente.
     Siga-se o exemplo do Reino Unido e da Alemanha, os dois maiores mercados da música na Europa, onde as pessoas já preferem comprar música digital ao invés de a roubar em redes P2P.
     Um terço dos que partilham músicas ilegais já está a desistir das suas actividades, receando as consequências penais a que se sujeitam.