pirataria na indústria discográfica
Há Quem Pense Diferente: O Partido Pirata
Tendo a sua origem na Suécia, fundando por Rickard Falkvinge, o
Partido Pirata tem como missão: a
reforma das leis de copyright, a abolição das patentes, assim como a luta contra
a instalação de mais regulamentos, e a remoção da Data Retention Act que ameaça
seriamente a privacidade dos cidadãos. O equilíbrio de poder é o que almejam.
Ganhando estatuto governamental, o Partido espera ganhar representantes no
Parlamento Europeu e Sueco. Os motivos que levaram à sua formação na Suécia
estão presentes por todo o mundo, e desde o julgamento do caso do The Pirate Bay, um
grande número de países começou a ganhar interesse e a aderir ao movimento,
criando cada um o seu Partido Pirata. Na lista de países encontram-se os E.U.A,
o Canadá, vários países da América Central e do Sul, a Austrália, a África do
Sul, a Rússia e a maioria dos países da Europa incluindo
Portugal. Juntos, espera-se definir um
novo percurso para a Europa, e o resto do mundo, que caminha numa direcção
bastante perigosa.
A reforma da lei de copyright
O objectivo oficial do sistema de copyright sempre foi o de
equilibrar a promoção e alargamento de cultura criada. Hoje, de acordo com o
Partido Pirata Sueco, esse balanço foi completamente perdido, chegando mesmo ao
ponto das leis restringirem severamente aquilo que supostamente promovem.
Toda a cópia e uso não comercial deveria ser livre, assim como se
deveria encorajar as redes P2P e a partilha de ficheiros, pois a cultura e o
conhecimento são valores que aumentam quando mais se propagarem. A Internet
podia tornar-se a maior biblioteca pública alguma vez criada. O monopólio que o
proprietário de copyright explora comercialmente deveria estar limitado a um
período de cinco anos depois da publicação do seu trabalho. A vida comercial
destes trabalhos é surpreendentemente curta no mundo de hoje, e se não se
recuperou o investimento nos primeiros um ou dois anos então provavelmente nunca
se recuperará.
O último requisito neste aspecto é a completa abolição das
tecnologias DRM (Digital Rights Management) e das cláusulas contratuais que
procuram limitar os direitos legais dos consumidores. De acordo com o Partido
Pirata Sueco, não faz sentido restaurar o equilíbrio e a razão da legislação, se
ao mesmo tempo se continua a permitir que as grandes companhias mediáticas
escrevam e apliquem as suas próprias leis arbitrárias.
A abolição do sistema de patentes
Merece a pena referir o caso das patentes farmacêuticas que são
responsáveis pela morte de pessoas todos os dias em países de terceiro mundo.
Elas impedem a investigação para uma possível cura forçando cientistas a privar
as suas descobertas pendentes de patente, em vez de as partilharem com o resto
da comunidade científica. Isto aplica-se tanto aqui como em diversas outras
áreas, desde as moralmente repulsivas (patentes em organismos vivos), as
gravemente prejudiciais (patentes em software e métodos de negócio) e as inúteis
(patentes nas antigas indústrias de manufactura). Propõe-se que aumentem o apoio
do governo na I&D para compensar a perda de I&D privada caso não existisse
protecção por patente para a inovação.
O impacto político
O Partido Pirata tem recebido, desde os seus primeiros dias,
bastante atenção dos média assim como uma forte adesão por parte das pessoas. Em
meados de 2009, o Partido já tinha mais de 49 mil membros, tornando-se o
terceiro maior partido na Suécia. No dia em que o tribunal declarou culpado o
Pirate Bay aquando o seu julgamento, e no dia seguinte, o Partido ganhou mais 9
mil membros.
Seguindo esta maré de adesões, o Partido acabou por ganhar 7.1%
dos votos nas eleições de 7 de Junho de 2009, merecendo assim um lugar no
Parlamento Europeu e mais tarde, com a ratificação do
Tratado de Lisboa,
conseguiram ainda um segundo lugar.
A nível nacional, conseguiram mudar a opinião de alguns partidos, ao
ponto de ambos candidatos a primeiro-ministro, em vésperas das eleições em 2006,
terem declarado publicamente que não deveria ser ilegal os jovens partilharem
ficheiros.
Em Janeiro de 2008, membros do parlamento sueco escreveram um
artigo em que pediam a completa descriminalização da partilha não comercial de
ficheiros, forçando a adaptação do mercado, afirmando que essa seria a melhor,
ou mesmo a única, solução, ao contrário de se continuar num controlo cada vez
mais excessivo daquilo que os cidadãos fazem na Internet.
Internacionalmente, já foi relatada a influência do Partido em
cerca de trinta e três países, sendo que em alguns deles, o percurso desses
partidos tem seguido o exemplo da Suécia.
A nível de software, Richard Stallman, o homem por trás da
GNU General Public Licence (GPL), tem mostrado
preocupação face ao objectivo de se reduzir os direitos de copyright para cinco
anos, pois pode prejudicar os produtos de sofware gratuito. Muitas das licenças
deste tipo de software, e principalmente a GPL, baseiam-se em copyrights de
longo prazo.
O Partido Pirata sueco nada tem a ver com o BitTorrent tracker
The Pirate Bay, embora se tenham
desenvolvido paralelamente um ao outro. Mas, para que se veja a importância que ganharam, desde que o processo encerrou o
acesso ao referido tracker, o Partido Pirata decidiu tornar-se o próprio ISP do The Pirate Bay, declarando que era tempo de encarar a situação e erguer-se por aquilo
que acreditam ser uma actividade legítima.